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Atlético-MG tira lições de dois vices em quatro anos para vencer Brasileiro

Time titular do Atlético-MG é considerado um dos mais fortes do Brasil e apontado como candidato ao título nacional - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Time titular do Atlético-MG é considerado um dos mais fortes do Brasil e apontado como candidato ao título nacional Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

13/05/2016 06h00

Entre os grandes clubes do Brasil, o Atlético-MG é o que está há mais tempo sem conquistar o Campeonato Brasileiro, já são mais de 44 anos. Voltar a ser campeão nacional é uma obsessão entre os jogadores alvinegros, que estiveram bem perto da conquista nos últimos anos. Nas quatro edições anteriores da competição, o Atlético foi vice-campeão em duas oportunidades, perdendo para Fluminense, em 2012, e Corinthians, em 2015.

Sem conquistar o Brasileirão desde 1971, o Atlético tenta evitar que o jejum complete 45 anos, no dia 19 de dezembro, data em que o time comandado por Telê Santana venceu o Botafogo por 1 a 0, no Maracanã, com gol de Dadá Maravilha, e se tornou o primeiro campeão brasileiro. As recentes boas campanhas no Brasileirão servem de inspiração para que o time de 2016 alcance o tão esperado primeiro lugar.

O que deu errado e o que deu certo no passado? São exemplos que o técnico Diego Aguirre pode pegar para copiar ou melhorar. Em 2012, um dos pontos fracos da equipe treinada por Cuca era o desempenho longe do Independência. Se em casa o Atlético fechou aquela edição do Brasileiro sem perder um jogo sequer, fora de BH fez uma campanha apenas razoável, com apenas um triunfo como visitante durante o segundo turno.

Algo que já melhorou com Levir Culpi, em 2015. No ano passado foram 28 pontos conquistados como visitante, somente três pontos atrás do campeão Corinthians, dono da melhor campanha como visitante. Em 2012, como comparação, o Atlético somou 14 pontos menos em jogos fora de casa em relação ao Fluminense, o campeão daquele ano.

Como as duas campanhas que terminaram com o vice-campeonato do Atlético apresentam números e detalhes semelhantes, o UOL Esporte aponta cindo pontos que o clube deve melhorar em 2016, para tentar, enfim, ser campeão brasileiro na era dos pontos corridos.

Pontuação contra times em má fase

Perder pontos para equipes que lutam contra o rebaixamento é um trauma nas campanhas recentes do Atlético. Foi assim em 2012, quando empatou duas vezes com o rebaixado Atlético-GO, por exemplo. E também em 2015, quando tropeçou diante do lanterna Joinville, mesmo estando duas vezes em vantagem no placar, assim como os dois empates com o rebaixado Goiás.

Não perder os chamados “pontos bobos” fazem toda a diferença no final da competição, já que o Brasileirão tem um considerável número de clássicos. Confrontos que fazem os líderes deixarem de pontuar, mesmo dentro de casa.

Defesa mais sólida

Certamente um dos grandes problemas da última campanha do Atlético no Brasileirão foi o número de gols sofridos. Foram 47, desempenho pior do que os de Chapecoense e Coritiba, que lutaram contra a queda, e somente com um gol sofrido a menos do que o lanterna Joinville. Algo que não tinha sido problema na temporada 2012. Naquele ano, a equipe de Cuca teve a terceira defesa menos vazada, com 37 gols sofridos.

Elenco mais farto

Perder jogadores importantes em momento decisivos é algo comum no futebol. Seja por lesão ou suspensão, na reta final de um campeonato de pontos corridos o treinador pode esperar, ele vai ficar sem alguns titulares em determinados momentos. Ter um elenco com muitas opções e capaz de suprir as carências faz muita diferença. No caso do Atlético, principalmente em 2015, ficou a sensação que faltou mais poder ofensivo. Pratto não tinha um reserva e Levir não tinha opções variadas para mudar o estilo de jogo do Atlético. Situação que parece não se repetir em 2016, tamanha a quantidade e variedade de jogadores que estão à disposição de Diego Aguirre.

Manter o ritmo no segundo turno

Arrancar bem, assumir a liderança, não manter o rendimento e ser superado por um adversário na classificação. Isso aconteceu nos dois anos em que o Atlético foi vice-campeão brasileiro na era dos pontos corridos. E ficou mais evidenciado em 2012. Foram impressionantes 43 pontos conquistados no turno, mesmo com um jogo a menos, e somente 29 no returno. Campeão do primeiro turno e apenas o 7º colocado no segundo. Mais regular, o Fluminense não venceu nenhuma das partes, mas foi o campeão.

Em 2015, a queda de rendimento foi menor, até porque o Atlético perdeu pontos importantes já no final do primeiro turno, quando acabou ultrapassado pelo Corinthians. Foram 36 e 33 pontos conquistados no primeiro e segundo turnos, respectivamente. Desempenhos que fizeram do Atlético o segundo melhor do turno e o quarto melhor do returno.

Preocupar menos com o apito

Tanto o vice-campeonato de 2012 quanto o segundo lugar de 2015 deixou a torcida do Atlético na bronca. Não com jogadores, treinadores ou diretoria. Mas com a arbitragem. É verdade que alguns erros aconteceram, mais contra do que a favor, mas a importância dada pelo clube foi muito grande. “O campeonato está manchado”, chegou a declarar o técnico Levir Culpi, no começo do segundo turno.

Também é fato que o lado emocional pode prejudicar o time nestes momentos, mas é preciso ter tranquilidade para não criar um problema ainda maior. Jogadores irritados em campo e torcida enfurecida nas cadeiras podem deixar a atmosfera propícia para o adversário surpreender o Atlético em Belo Horizonte, como fez o Atlético-PR no ano passado. Deixar que as questões extracampo sejam resolvidas pela diretoria é um bom começo para uma menor interferência externa durante as partidas.