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Bate-boca com torcedores gera crise interna e abre suspeitas no Corinthians

ALE MEIRELLES/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: ALE MEIRELLES/ESTADÃO CONTEÚDO

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

25/05/2016 16h14

Há profundo descontentamento entre alguns jogadores do Corinthians por conta de episódios recentes que envolvem as torcidas organizadas do clube.

No último sábado, dois dias depois de a direção abrir as portas do CT Joaquim Grava a cinco membros da Gaviões da Fiel, a delegação corintiana foi recepcionada de forma desagradável em Salvador. Um novo grupo com cinco integrantes abordou jogadores corintianos na chegada ao Hotel Mercure Pituba e um bate-boca se instalou no saguão. Esse novo fato, somado ao anterior, desencadeou revolta em alguns atletas.

Três pessoas que trabalham com jogadores do Corinthians relataram desconfianças à reportagem por conta dos episódios que revoltaram funcionários do clube e, principalmente, o treinador Tite.

Entre os questionamentos desses atletas está o fato de corintianos estarem desprotegidos na chegada, sem seguranças por perto, e torcedores saberem inclusive o hotel onde a delegação estaria hospedada. Eles aguardavam pelos jogadores no bar. Ao menos parte do elenco se questionou se havia intenção de pressionar o time, que já não vence há cinco jogos, ou mesmo desviar o foco.

Alguns desses jogadores também relataram a seus estafes que a equipe de segurança do Corinthians em Salvador era inferior ao que normalmente acompanha a delegação em viagens para partidas fora de casa. A assessoria de imprensa do clube, até a publicação da reportagem, não deu sua versão para essa informação. Segundo quem estava por lá, coube a membros do elenco e outros funcionários a missão de esfriar os ânimos na hora H. Também houve reclamação pelo acesso ao conselheiro Mané da Carne, investigado por desvios na base.

Indignados pelo tom da abordagem dos torcedores no Hotel Mercure Pituba, estafes de jogadores levantaram informações a respeito dos corintianos que participaram do bate-boca. Segundo esses relatos, o grupo pertencia à Rua São Jorge, como é conhecida uma ala mais radical da Gaviões da Fiel. O elenco corintiano tem fotos e vídeos com os rostos de quem esteve na recepção do hotel e também se preocupou com eventuais represálias futuras.

Os episódios com torcedores organizados causaram profundo incômodo no treinador Tite. Há a sensação por parte dele de que todo o grupo de trabalho, em especial jogadores, foi exposto ao se abrirem as portas do CT Joaquim Grava para membros de torcidas organizadas. Nesta quarta, ele fez desabafos em relação ao comportamento de corintianos.

Na última segunda-feira, o diretor de futebol Eduardo Ferreira contemporizou. "Acho mais válido ser dessa forma do que eles virem à porta do CT para ficar gritando, tentando invadir, quebrando carro de jogador. Não tem problema algum recebê-los aqui. Certo ou errado, essa é uma cultura do clube, que existe há 30, 40 anos", afirmou.