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A retranca que não funcionou: Dorival fecha Santos, perde e é criticado

Do UOL, em São Paulo

02/06/2016 06h00

Dorival Jr., vindo de derrota para o Internacional na Vila Belmiro, resolveu fechar o time para encarar o Corinthians na casa do adversário, na última quarta-feira (1). Já de início, surpreendeu com escalação sem atacantes. Em campo, o Santos se posicionou ainda mais recuado do que se previra - uma retranca, no jargão do futebol. 

Foram três alterações táticas especialmente para o jogo. Rafael Longuine deu lugar a Serginho em uma mudança natural, de um meio-campista por outro. Mas os atacantes Paulinho e Joel também saíram do time titular para as entradas dos meias Léo Cittadini e Elano. O alvinegro do litoral estava armado no 4-6-0. 

O Santos se segurou, pouco agressivo, até os 36 minutos do segundo tempo. Perdeu, no entanto: gol de Giovanni Augusto. E a derrota, terceira em cinco rodadas, despertou as críticas. Comentarista do UOL Esporte, Paulo Vinícius Coelho, o PVC, classificou a equipe como "irreconhecível". 

"A equipe da posse de bola, dos 40% a mais de troca de passes do Campeonato Paulista, morre sem Ricardo Oliveira, Lucas Lima e Gabriel. A seleção pode levar o Santos ao rebaixamento", avaliou, enfático. 

Outro blogueiro, Mauro Beting foi ainda mais crítico: "O treinador do visitante resolveu inovar ao não escalar atacante algum. Inovar ou 'medrar'", disse, antes de ressaltar que o medo não é característica de Dorival Jr. "Santos pensou pequeno, jogou pequeno, e sairia feliz de Itaquera com um empate. Pequeno pensamento". 

Se o objetivo do comandante santista era simplesmente surpreender Tite e barrar a ofensiva adversária, teve certo efeito. Na entrevista depois da partida, o corintiano assumiu que precisou remanejar peças no setor de frente nos minutos que antecederam o duelo para furar a retranca do rival. No fim, balanço positivo para os donos da casa: "Tivemos quase 600 passes, um aproveitamento alto de 16 finalizações com oito no gol e o Vanderlei em noite muito feliz". 

Os números do Corinthians no clássico, no entanto, não foram superiores só em finalizações (o Santos bateu duas vezes a gol) e troca de passes. A posse de bola ficou em 60%, e chegou a 70%, para o time anfitrião. O número de desarmes bateu 28 contra 20.

Dorival Jr. rechaçou as críticas na entrevista após o duelo. Segundo ele, armou o time para o contragolpe, justamente por ser um clássico fora de casa, mas não acha que exagerou defensivamente. "Vim para ganhar e tomamos gol no final. A estratégia era segurar [o rival] para que jogássemos por bolas em que, fatalmente, teríamos o contra-ataque para explorarmos. Tivemos essas possibilidades, mas erramos muito na saída de bola e transição”, declarou.

Com a derrota, o Santos ficou estacionado nos mesmos quatro pontos que têm os primeiros times na zona de rebaixamento. Sem o trio de estrelas - Gabigol e Lucas Lima na seleção, Ricardo Oliveira lesionado -, o treinador cobra reforços para lidar com a situação. O time terá o centroavante Rodrigão, recém-contratado, à disposição para a próxima rodada. Por outro lado, Jonathan Copete, Emiliano Vecchio e Fabián Noguera só poderão estrear quando a janela de transferências para jogadores do exterior for aberta, em 20 dias.

"Não existe planejamento sem condições de investimento. Nosso nível de investimento esse ano foi até o início do Brasileiro de R$ 2 milhões, não investimos mais que isso. Como planejar sem ter que investir?", disparou Dorival.