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Diretor do São Paulo pede demissão por divergência em renovação de Maicon

Érico Leonan/saopaulofc.net
Imagem: Érico Leonan/saopaulofc.net

Guilherme Palenzuela e Ricardo Perrone

Do UOL, em Orlando (EUA) e São Paulo

07/06/2016 11h23

O diretor de futebol do São Paulo, Luiz Cunha, pediu demissão nesta terça-feira após apenas três meses no cargo. Entre os motivos está uma divergência em relação ao plano do clube para acertar a permanência do zagueiro Maicon.

Em entrevista ao blog do Perrone, Luiz Cunha disse que pediu para o executivo de futebol Gustavo Vieira não tocar contratações até conseguir fechar a permanência do zagueiro, que está emprestado pelo Porto até o final de junho. Porém, o São Paulo anunciou na última semana a chegada do peruano Cueva.

“O problema é que acredito que não podemos gastar antes de resolver a situação do Maicon e saber quanto dinheiro teremos disponível. Ninguém me consultou sobre contratação. Procurei o Gustavo, perguntei se estávamos contratando alguém, e ele me disse que tinha negociação em andamento, no valor de US$ 2 milhões (cerca de R$ 7 milhões). Falei para parar imediatamente. Para não fazer nada até resolver com o Maicon. Quinze dias depois ele me informou que tinha feito a contratação”, disse.

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Ainda sem acerto, o São Paulo corre contra o tempo para ter Maicon pelo menos na reta final da Copa Libertadores. Em caso de insucesso, o zagueiro se despedirá ao final do mês em uma perda que seria muito sentida pelo clube na semifinal contra o Atlético Nacional. No São Paulo desde o começo do ano, o jogador ganhou a torcida e é considerado fundamental para a evolução do time nos últimos meses.

Luiz Cunha ainda alegou outras divergências para explicar a saída. "Não é só isso. As questões são estruturais. Como você pode gerir o futebol sem estar em compasso com a gestão financeira do clube? Como pode contratar, sem consultar o diretor, gastar o que o diretor acredita que o clube não pode gastar? Tem a questão da integração com a base. Fui chamado pelo presidente para fazer essa integração. Mas ela não estava acontecendo como deveria. Não existe conversa entre os treinadores. Temos uma estrutura arcaica que espero ajudar a mudar com minha decisão", explicou. 

Em nota, o São Paulo agradeceu os trabalhos de Luiz Cunha e confirmou a saída. Porém, deu como justificativa compromissos pessoais alegados pelo dirigente. 

Veja o comunicado na íntegra

O São Paulo Futebol Clube comunica que Luiz Antonio da Cunha solicitou seu desligamento da diretoria de futebol profissional, em reunião nesta segunda-feira no Morumbi, acertando os termos de sua saída para que possa se dedicar a compromissos pessoais.

"Tive uma conversa franca com o Presidente, expliquei que meu desligamento se dá por razões particulares, e que optava por sair agora porque assim o São Paulo poderá se preparar com tranquilidade para a reta final da Libertadores. Estou muito orgulhoso em ter ajudado o time a chegar nessa fase e desde já fica minha torcida para que alcancemos o tão sonhado tetracampeonato", afirmou Cunha.

Para o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, Cunha foi uma peça fundamental da engrenagem que recolocou o Tricolor na rota das vitórias. "O Luiz foi de enorme valia nessa reconstrução que estamos realizando desde que assumimos a Presidência, e somos todos muito gratos a ele por isso. Desejo que ele siga tendo muito sucesso em seus desafios, porque sucesso é uma palavra que já está incorporada à sua biografia", agradeceu Leco.

O Presidente ressaltou que o processo de reestruturação do futebol do São Paulo, iniciado no começo do ano, continua intacto. "Pilares dessa gestão, tais como o aproveitamento e a integração das categorias de base, o novo sistema de análise de desempenho para avaliação e contratação de jogadores e o apoio da estatística para acompanhar a performance da equipe, foram enormes conquistas do clube que já começam a render os primeiros frutos e certamente serão levadas adiante".