Como um papo com Roger acabou com 'autossabotagem' de atacante do Grêmio
Roger Machado estava cansado de ver Everton entrar, ir bem e não conseguir dar sequência. Parecia que a titularidade fazia mal ao atacante de 20 anos que é monitorado pelo Manchester City, da Inglaterra. Até uma conversa olho no olho. Foi o diálogo sincero com o treinador - definido por ele como praticamente um monólogo - que gerou tamanho crescimento do jogador, visto nas últimas rodadas.
"O Everton é jovem, teve uma ascensão muito grande. E todo jogador jovem, ainda mais com um concorrente por posição como o Miller (Bolaños), às vezes fica com a condição de ser sempre expectativa. Ele pensa: entro 30 minutos, se resolver, ótimo, se não, volto para a sombra do mais experiente. Jogo um jogo, sei que depois vou sair, então entro leve, contribuo e saio. Então, quando ele criava as chances e perdia, eu chamei ele (Everton) para conversar. Falei que eram lances que ele normalmente não errava, pois é um dos nossos melhores finalizadores. Olhei para ele e disse: aceita que dói menos, tu és meu titular. Inconscientemente tu estás querendo se sabotar. Tu não vais sair do time. É titular, aceita porque errando, você vai seguir no time, errando ou não. Aceita virar realidade, que dói menos", contou o treinador.
Everton cresceu muito. Nos últimos jogos, o rápido atacante está contribuindo muito para os gols do Tricolor. No clássico Gre-Nal, por exemplo, foi responsável por desestabilizar a zaga rival e ainda provocar a falha de Muriel que culminou no gol de Douglas.
"O atleta dificilmente fala quando se tem uma conversa assim. É quase um monólogo. Tem que tirar a resposta pelo comportamento no treinamento, ver se foi bem aceito, se gostou, se não gostou. A resposta não é verbal. Ele me disse: É isso? Eu respondi: É, então aceita que dói menos", completou Roger.
Pelo comportamento do jogador, as palavras foram bem recebidas. Tanto que Miller Bolaños - que custou R$ 20 milhões ao clube - começou no banco na vitória por 2 a 1 contra o Figueirense. E só deve voltar ao time quando Luan sair para disputar a Olimpíada pela seleção brasileira.
"Hoje ele (Everton) faz o que sabe, livre, leve, solto, sem as amarras que acabaram o atrapalhando. É natural do jovem. Quando comecei minha carreira, passei por isso também", opinou o técnico gremista. "Ele tem um crescimento muito grande. Ainda não atingiu a maturidade física ou psicológica. Quando isso acontecer, vai atingir um nível bastante alto no futebol mundial", completou.
O Grêmio concedeu folga a seus jogadores nesta segunda-feira. Com a vitória diante do Figueirense, o Tricolor ocupa a terceira posição no Brasileiro.
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