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Próximo do São Paulo, Ricardo Gomes se esquiva de coletiva no Botafogo

Ricardo Gomes costuma dar coletiva às sextas, mas nesta manhã não compareceu - Vitor Silva/SSPress/Botafogo.
Ricardo Gomes costuma dar coletiva às sextas, mas nesta manhã não compareceu Imagem: Vitor Silva/SSPress/Botafogo.

Bernardo Gentile e Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

12/08/2016 13h20

Tradicionalmente, como na maioria dos clubes, a sexta-feira é dedicada à entrevista coletiva do treinador. Nesta manhã no Botafogo, porém, Ricardo Gomes quebrou o protocolo. Com uma proposta do São Paulo e inclinado a aceitar, ele não se fez presente na sala de imprensa em General Severiano. Em seu lugar foi selecionado o meia Rodrigo Lindoso.

Gomes, no entanto, comandou normalmente a atividade dos atletas para a partida deste domingo que será justamente contra o Tricolor, às 16h15, no Morumbi (SP).

De acordo com a programação alvinegra, ainda ocorrerá mais um treino neste sábado no clube antes da viagem para a capital paulista. A princípio, o treinador embarcará com a delegação.

Na "fogueira" por ter sido o substituto de Ricardo na coletiva, Rodrigo Lindoso dimensionou a importância do comandante para o grupo:

"Falar dessa maneira é até meio estranho. Mas se acontecer, tudo bem. Essas coisas acontecem. Ele tem a opção dele. Mas espero que ele fique. Ele me ajudou bastante e é querido por todo o grupo. Se ele sair, prejudica tudo, porque o trabalho será interrompido no meio. Mas esse é o nosso futebol. Se chegar outro, ele terá as escolhas dele”.

Clima ruim

A proposta do São Paulo escancarou um clima ruim entre o técnico e o Botafogo, com quem tem contrato até o fim de 2017. Isso porque em maio, quando foi procurado para assumir o Cruzeiro, o treinador ganhou um aumento e não viu o Alvinegro cumprir a promessa de um novo contrato – apenas viu o vencimento crescer.

Essa situação deixou o treinador chateado, já que ficava sem segurança para trabalhar no Botafogo, que poderia manda-lo embora sem pagar a multa acordada de R$ 1 milhão. Como nada disso foi para o papel, Ricardo Gomes, por outro lado, pode trocar de clube sem qualquer problema.

O Botafogo já avisou o treinador de que não concederá novo aumento, já que acredita que o salário acordado em maio seja justo o suficiente para seguir no comando. O problema é que a oferta do São Paulo é praticamente o dobro do que ele recebe no Alvinegro – R$ 250 mil para R$ 400 mil.

Vale lembrar que Ricardo Gomes já recusou oferta maior do Cruzeiro para ficar no Botafogo. Mesmo com o aumento salarial que recebeu, a quantia dos mineiros ainda seria maior. O que pesa para a saída do treinador é justamente a chateação com promessas não cumpridas.

Internamente, o Botafogo vê a situação como muito complicada. A situação está realmente nas mãos de Ricardo Gomes e o treinador parece inclinado a aceitar a proposta do São Paulo. O presidente do Alvinegro, Carlos Eduardo Pereira, disse que não considera ninguém insubstituível.

"Eu não tenho nenhum temor nisso. O Botafogo não depende de uma pessoa, nem eu, nem ninguém da diretoria, da comissão técnica acaba sendo considerado insubstituível. O contrato dele tem prazo determinado [fim de 2017] e é permitido tanto ao Botafogo, como ele [Ricardo Gomes], a rescisão de forma amigável", disse o presidente do clube de General Severiano.
"No futebol, tem que ter um plano B, C, D. A gente está sempre acompanhando essa dinâmica, estudando e pensando essas situações. Mas eu prefiro não antecipar nada. O que se vê é uma situação dentro da normalidade do mercado e se vier a ocorrer alguma negociação, será analisado por nós", finalizou Carlos Eduardo Pereira.