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Ricardo Gomes chega e cobra entrega: "Quem não entender estará fora"

Ricardo Gomes dá entrevista ao lado de Leco, presidente do São Paulo - MARCOS BEZERRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Ricardo Gomes dá entrevista ao lado de Leco, presidente do São Paulo Imagem: MARCOS BEZERRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

16/08/2016 17h55

Contratado na última sexta-feira (12), Ricardo Gomes foi apresentado no São Paulo nesta terça (16). O técnico, que trocou o Botafogo pelo clube paulista dias antes do confronto entre as duas equipes pelo Brasileirão, explicou a mudança, e se mostrou contente com o princípio de trabalho no Morumbi.

“Foi um ano e um mês no Botafogo, foi muito importante na recuperação, voltar a trabalhar. Tive uma proposta no inicio do Brasileiro, achei que não era caso.  Quando veio a proposta do São Paulo veio toda a memória de minha história no clube (trabalhou entre 2009 e 2010), desde a época de seleção brasileira, sempre gostei. Achei que seria melhor para mim, e em uma conversa e um almoço com o presidente do Botafogo foi resolvido”, disse.

Esse trabalho (de base) é muito bem feito aqui, e vamos valorizá-lo. Agora, se o presidente quiser reforçar, nós não vamos reclamar também (risos)"

O treinador ficou quatro anos afastado do futebol após sofrer um acidente vascular cerebral  em 2011 – voltou a trabalhar em 2015, no Botafogo. Na apresentação, mostrou estar com a saúde em dia e garantiu estar preparado para a pressão.

“Tenho pequenas sequelas, vocês já notaram. Uma pequena parte de sensibilidade, precisa estar sempre estimulando para recuperar. Fora isso, nenhuma restrição, qualquer pressão que vocês colocam, estou livre, sem contra-indicação. Sei que aqui há pressão, conheço bem”.

Chego com um trabalho bem resolvido, mas que precisa de uma mexida gradativa. Em um mês consigo falar qual será o objetivo do São Paulo."

Ricardo chegou ao São Paulo cauteloso, mas já deixando claro: nada menos do que uma vaga na Libertadores é considerado satisfatório. O novo técnico garantiu que cobrará postura dos atletas no trabalho diário, e pediu um mês para responder sobre a possibilidade de entrar na briga pelo título brasileiro.

"Se eu volto para o São Paulo, não é por acaso. Conhecem meu trabalho e certamente fiz coisas boas, e não tão boas, mas uma conduta de São Paulo. Isso é que posso exigir, um comportamento de São Paulo, com muito profissionalismo e entrega. Quem não entender estará fora. Estamos em 12º? Não pode. Libertadores, titulo, tem que ser um dos dois. São Paulo não pode ser diferente disso, mas hoje ainda não dá para traçar previsão", explicou.

Preciso primeiro de informações do dia a dia. Não posso chegar e mudar tudo."

Gomes assinou um contrato por tempo indeterminado com o São Paulo - ele pode ser rescindido por ambas as partes, mas não possui uma data para terminar. Confira outras respostas da entrevista:

Considera superação ter voltado a trabalhar e voltar ao São Paulo?

Isso de superação é história. Tive um acidente. E aí ou você aceita e fica em casa ou se recupera. Sou exemplo para quem sofreu algo do tipo e quer voltar a trabalhar. Exemplo de superação no esporte não sou de forma alguma. Só não queria ficar em casa com 50 anos, não é superação nenhuma. Alguém com 50 anos quer ficar em casa? Não, né.

Uso das categorias de base
Tenho excelentes memórias daqui, de utilização de jogadores da base. Esse trabalho é muito bem feito aqui, e vamos valorizá-lo. Agora, se o presidente quiser reforçar, nós não vamos reclamar também (risos).

O que deve mudar no time do São Paulo
Quando cheguei da primeira vez, a prioridade era a Libertadores. Tinham saído para o Cruzeiro na época. O clube vive a Libertadores de forma diferente, como foi em 2010 e agora. Temos que encontrar uma forma diferente de trabalhar. As dificuldades do Brasileirão são outras, então os meios têm de ser outros para subir na tabela, mexer com moral dos jogadores. Penso nisso todo dia. Ver o jogo pela televisão é uma coisa, quando conversa com quem está no estádio, a visão é outra. Chego com um trabalho bem resolvido, mas que precisa de uma mexida gradativa. Em um mês consigo falar qual será o objetivo do São Paulo. É o dia a dia, com as informações do Gustavo, do René Weber e do Pintado, que ajudará

Legado de Bauza e Jardine
Preciso primeiro de informações do dia a dia. Não posso chegar e mudar tudo. Tenho que pegar o método do Bauza e do Jardine até encontrar minha ideia que possa levar a vitórias consecutivas. Não vem do dia para a noite. Daqui um mês posso falar se será possível brigar por título. Gostaria muito, mas promessa hoje não dá para fazer

Diferença entre reação de 2009 (pegou na 16ª colocação, terminou na 3ª) e 2016
Título e Libertadores sempre precisam ser prioridades, mas é diferente de você chegar no começo de um ano ou de um campeonato. Eu pego um trabalho em andamento, então a recuperação precisa ser mais curta. São menos rodadas, precisa ser mais rápido do que em 2009.