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Substituto de Fábio deixou interior aos 13 anos para morar no Cruzeiro

Rafael é o substituto de Fábio no gol do Cruzeiro - Washington Alves/Light Press/Cruzeiro
Rafael é o substituto de Fábio no gol do Cruzeiro Imagem: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

03/09/2016 06h00

A contusão de Fábio no joelho obrigou Mano Menezes a encontrar um substituto para o goleiro. No elenco profissional desde 2008, Rafael foi o escolhido para assumir a meta do Cruzeiro. O atleta teve que percorrer um extenso caminho até alcançar a condição atual.

O percurso não se restringiu aos 201 quilômetros da sinuosa BR-381 entre Coronel Fabriciano, sua cidade natal, e Belo Horizonte. Ao ser contratado pelo clube, o então adolescente de 13 anos teve que se despedir dos pais Luiz e Denise e deixar a vida no interior para residir na Toca da Raposa, centro de treinamentos das categorias de base.

E a mudança só ocorreu um ano depois da primeira tentativa, aos 12, a pedido da mãe do jogador. À época, ele já despertava o interesse dos olheiros do time mineiro. Mas a idade foi um empecilho. O “sim” da família só veio em 2002 e a mudança é comentada pela familiar:

“Ele teve educação, estudou dentro do Cruzeiro. Era a nossa maior preocupação. Um filho sair de casa aos 13 anos não é fácil. Não tínhamos só o Rafael para acompanhar, ele tem irmãos. Foi bem complicado”, disse Denise Pires Monteiro à Rádio Itatiaia.

“Mas ele foi premiado pela dedicação que sempre teve. Ele vem de uma contusão difícil. Quando ele se machucou, me ligou depois do jogo e falou: "mãe, eu me machuquei". Mãe sente a dor pelo filho, né? Mas a gente vê que a determinação e a raça dele valem a pena”, acrescentou.

A espera de um ano entre a primeira e a segunda chance de defender as cores do Cruzeiro nas categorias base não foi nada perto do período que ele teve que aguardar para alcançar uma sequência de jogos entre os profissionais. Promovido à equipe principal em 2008, Rafael alcança a primeira série de compromissos apenas nesta temporada.

“Eu sempre falei com ele: "a oportunidade, uma hora chega". Você tem que estar bem preparado para aproveitá-la”, disse Luiz Monteiro, pai do jogador.

Embora os elogios e celebrações dos pais sejam praticamente ensaiados, durante as partidas, eles anseiam por acontecimentos distintos. Enquanto a mãe torce para que o filho não seja acionado, o pai tem um desejo bem diferente.

“O pessoal pergunta se quero que chegue muita bola no gol. Lá em casa, tenho um problema. Minha mãe (Denise) assiste ao jogo e torce para não chegar muita bola. Meu pai (Luiz) torce para chegar”, comentou Rafael.

“Eles brigam mesmo, ficam discutindo. Um quer que eu trabalhe muito, o outro quer que a bola não chegue, que eu não tome gol. Fica nisso, eu não entro na discussão. Mas, se a bola chegar, vou estar preparado para fazer o meu papel. E se não chegar, ficarei feliz também, pela força do time”, acrescentou.