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Bate-boca, racha na direção e dois pedidos: os bastidores da saída de Roger

Presidente do Grêmio explica demissão de Roger

UOL Esporte

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

15/09/2016 06h00

Roger Machado pediu demissão após ver o Grêmio perder por 3 a 0 da Ponte Preta nesta quarta-feira (14), pelo Brasileirão. Mas sua saída começou ao menos uma semana antes. Bate-boca entre os jogadores, direção em rota de choque e dois pedidos para sair marcaram os bastidores da queda. 

Depois de ver o Grêmio levar 4 a 0 do Coritiba, na quarta (7), Roger Machado viu um vestiário que não era comum ao time, com discussão entre os jogadores. O capitão Maicon era um dos mais exaltados. Cortado do jogo por lesão, o jogador reclamou muito da conduta do time. 
 
O elenco reagiu de forma diferente a tamanha pressão. Enquanto o lateral direito Edílson, elogiado desde sua chegada pela postura de liderança que havia assumido no clube, abraçou o treinador dizendo que ele 'fazia milagres', outros assumiram a culpa pelo infortúnio, concordando com a cobrança da direção sobre empenho. Caso do volante Walace. 
 
Roger percebeu que algo precisaria acontecer. Chamou os responsáveis pelo futebol do clube e disse que todos deveriam avaliar seu trabalho. Era de se pensar se sua demissão não poderia ter efeito positivo no grupo. Argumentou que as alternativas buscadas não estavam dando certo. 
 
Uma reunião foi marcada para a última sexta-feira. Depois do pedido de avaliação, o presidente Romildo Bolzan Júnior precisava determinar as coisas. E, na Arena, o mandatário venceu a primeira batalha e manteve o técnico. No domingo, um bom jogo contra o Palmeiras mostrou que o caminho poderia estar certo. 
 
Só que, em meio a isso, uma crise no departamento de futebol tomou conta dos bastidores do Grêmio. Uma conversa vazada do diretor de futebol Antonio Dutra Júnior a outros conselheiros falando mal do vice Alberto Guerra foi o suficiente para rachar também a gestão. Afastados, os dirigentes não mantinham o mesmo discurso, algo que também desagradava a parte técnica no processo. 
 
Para contribuir para o problema interno, as eleições passaram a tomar mais tempo dos responsáveis pelo clube. O próprio presidente Romildo Bolzan Júnior é acusado de utilizar a 'máquina' para conseguir votos a seus apoiadores na renovação do Conselho Deliberativo. E isso afetou o andamento do processo. 
 
Vendo o time perder novamente e apresentar os mesmos erros, a quarta-feira foi o ápice da frustração de Roger. O técnico foi o primeiro a sair do campo após o resultado. Sem sequer pensar em se manifestar, procurou os diretores e avisou: estava fora. A decisão foi contundente, nada poderia alterar. Entregou o cargo pela segunda vez. Mas desta vez não para avaliação, mas de saída imediata. 
 
Roger não irá se manifestar oficialmente, não concederá entrevista coletiva e pretende ficar alheio aos holofotes por enquanto. Caberá ao presidente Romildo Bolzan Júnior definir o substituto e oficializar as trocas também no departamento de futebol. Apenas o executivo Júnior Chávare deve continuar. Por enquanto, nem mesmo o técnico para o jogo do próximo domingo está definido. A tendência aponta para o auxiliar James Freitas.