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Inter vê brecha para acionar tapetão por atleta irregular do Vitória

Victor Ramos está emprestado pelo Monterrey ao Vitória - AFP PHOTO / Heuler Andrey
Victor Ramos está emprestado pelo Monterrey ao Vitória Imagem: AFP PHOTO / Heuler Andrey

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/11/2016 12h16

O Brasileirão 2016 pode acabar no tapetão. O Internacional estuda apresentar nos próximos dias uma denúncia contra possível irregularidade do zagueiro Victor Ramos, do Vitória. Os dois clubes disputam diretamente uma vaga na elite para 2017, na briga contra o rebaixamento. Os baianos têm três pontos de vantagem sobre os gaúchos, que podem ser rebaixados já na próxima rodada, com um triunfo do Vitória sobre o Coritiba no Paraná, somado a qualquer resultado que não seja vitória do Inter sobre o Cruzeiro no Beira-Rio.

Victor Ramos estaria irregular por conta de sua transferência para o Vitória logo após o final de seu empréstimo ao Palmeiras, pelo qual jogou o Brasileirão 2015. Ramos tem seus direitos ligados ao Monterrey, do México, e, quando de sua transferência do Palmeiras para o Vitória, o rito na negociação não seguiu as recomendações do sistema TMS – Transfer Market System, ou Sistema de Mercado de Transferências, em tradução livre. Na ocasião, de acordo com o sistema, a transferência partiu direto do clube paulista para o baiano, quando o procedimento padrão deveria ser feito pelos mexicanos.

Legalmente, o contrato de Victor Ramos com o Palmeiras se encerou em 31 de dezembro de 2015, com o contrato com o Vitória se iniciando em 1º de fevereiro de 2016. Durante o mês de janeiro, Ramos não teve seu registro voltando ao México. A presença do Palmeiras nos sistemas da Fifa caracteriza a transferência direta entre os brasileiros.

Não há qualquer risco de irregularidade em relação ao Palmeiras, que teve vínculo encerrado com o atleta e desde então não está envolvido ativamente em nenhum trâmite.  O trâmite sem passar de volta pelo clube mexicano e diretamente pelo Brasil tem como objetivo evitar custos operacionais.

Oficialmente, o Inter não comenta o caso. “Departamento jurídico mais age do que fala”, respondeu o vice-presidente jurídico do Colorado, Giovani Gazen, que deve esperar a próxima rodada para qualquer providência. Ele não negou a intenção. “Estamos sempre estudando qualquer alternativa na defesa intransigente do Inter”, disfarçou.

O caso, porém, já interessa a outros clubes, apesar de no Brasileirão a briga estar restrita a Inter, Vitória e, matematicamente, ao Sport. O Bahia já entrou com uma denúncia sobre esse mesmo caso em abril desse ano, durante o campeonato baiano, vencido pelo Vitória na final em dois Ba-Vis. “Nós ainda estamos à espera desse resultado. Desde o começo do ano estamos no pé do STJD para julgar, avisando que podia dar problema”, comentou o advogado do Bahia no caso, Alessandro Kishino.

Ofício da CBF à Federação Bahiana de Futebol sobre o caso Victor Ramos - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
O Vitória diz não estar nem um pouco preocupado com a possível denúncia e que na contestação anterior, do Bahia, já fora avisado de que não teria problema nenhum. "O Vitória já comprovou, mostrou e fez tudo que deveria ser feito", disse Anderson Barros, diretor executivo do Vitória.

Durante o Campeonato Baiano, o Vitória precisou se defender da mesma acusação. Na ocasião, o procurador geral do TJD-BA decidiu arquivar o caso alegando que o TJD da Bahia não poderia julgar "atos ou omissões de dirigentes ou administradores da CBF". Isso porque um documento (imagem ao lado) do diretor de registro da CBF, Reynaldo Buzzoni, reafirmou que a transferência de Victor Ramos era de caráter nacional, uma vez que o clube detentor dos direitos do atleta, o Monterrey, do México, não solicitou o retorno do empréstimo do jogador no TMS.

Caso acatada, a denúncia prevê perda de 3 pontos por partida em que o atleta jogou, violando o artigo 214 do CBJD. Victor Ramos atuou em 24 jogos pelo Vitória até a 36ª rodada, o que daria um total de 72 pontos a serem perdidos pela equipe baiana. 

O STJD não se pronuncia sobre casos ainda não denunciados oficialmente.

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