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Dia de maldade: palmeirenses provocam Lucas Lima e corintianos em festa

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

28/11/2016 07h45

Os jogadores do Palmeiras jogaram o politicamente correto para longe na festa do título brasileiro e não economizaram nas provocações aos adversários. As alfinetadas nos rivais partiram de discursos de cima de um trio elétrico estacionado na Avenida Paulista, em São Paulo. Quase todos os atletas foram chamados para discursar ao microfone e o ‘cheirinho’ do Flamengo foi mencionado em tom de deboche várias vezes. 

Dudu exibiu um cachecol com a frase ‘chupa gambazada”. Antes de Mina mostrar sua dancinha, foi improvisada a narração do gol do colombiano na partida contra o Corinthians.

O Santos também foi vítima dos palmeirenses. Eles lembraram que o time perdeu a Copa do Brasil ano passado e a história se repetiu agora. O locutor que chamava os jogadores para discursar não esqueceu de cutucar Lucas Lima. No momento em que Matheus Salles foi falar, ele ressaltou que o santista tem dois Paulistas, enquanto o palmeirense conquistou uma Copa do Brasil e um Campeonato Brasileiro.

O presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, entrou na onda e cutucou os rivais em diversas ocasiões. Não era somente as falas do presidente que davam um tom institucional às provocações. O trio elétrico onde os jogadores estavam exibia a frase ‘sem choro nem cheiro’.

As provocações fizeram a alegria dos torcedores que se esbaldaram. Gritaram coros contra adversários com a mesma vibração que cantavam o hino do clube ou gritaram ‘é campeão’. Resumindo, domingo foi dia de maldade para os palmeirenses.

Dudu patrão

Um dos jogadores mais aguardados pelo público era Dudu. Capitão desde a lesão de Fernando Prass, o atacante tomou conta da festa. Era o mais animado e ficou na frente dos companheiros no trio elétrico nas primeiras músicas, que se revezavam entre sertanejos e pagodes.

Nesta altura, ele cantou a plenos pulmões Wesley Safadão e Revelação. Quando o DJ colocou o primeiro axé, tirou a camisa, começou a girar e pediu que a torcida acompanhasse. Claro que foi atendido. Na hora de Lepo Lepo, fazia a coreografia junto com o público.

A posição de destaque era tão grande que foi o jogador a ficar mais tempo com o microfone na mão. Outro sinal de que estava no comando é que o chefe, Paulo Nobre, permaneceu mais tempo ao lado dele do que de qualquer outro atleta.

Até quando rolou briga entre torcedores, Dudu se sobressaiu. Pegou o microfone e avisou que se a atitude se repetisse, mandaria desligar tudo e a festa estaria encerrada. Ganhou aplausos do público. Mais do que isso, foi atendido e não houve mais princípio de confusão.

Torcida eufórica por proximidade com jogadores

O trio elétrico partiu da Avenida Paulista em direção ao estádio do Palmeiras, percurso de quase 10 quilômetros. Os torcedores jogavam bonés, bandeiras e camisas para os jogadores assinarem. Dudu e Mina eram os mais procurados. O público comemorava a proximidade com os ídolos e a possibilidade de poder cantar a mesma música.

Ao invés de estarem fechados em uma boate que permitisse acesso apenas a amigos, os jogadores estavam onde era possível a interação com o torcedor. Cuca, por exemplo, segurava um bandeirão em cima do trio e a torcida corria para passar a mão no tecido onde estava escrito 'coração verde'.

Em seu discurso, o treinador falou que nunca escondeu que sempre foi palmeirense. O público explodiu e emendou o coro de 'fica, fica, fica'. 

Motorista some e atrasa início do desfile

Perto das 23h o locutor anunciou que o trio elétrico iria iniciar o desfile. Dudu, sempre ele, pegou o microfone e falou para o motorista “tocar para a rua Palestra”. Mas nada de caminhão se mexer. O motor só funcionou quase uma hora mais tarde. Um motorista do comboio, formado por outro trio elétrico e alguns ônibus, havia sumido. O locutor chegou a pedir para que ele aparecesse.

O começo da festa foi bastante animado, com os jogadores em total sintonia com a torcida. Parecia um bloco de carnaval em que os foliões usavam abadá verde. Um dos pontos altos foi a música País Tropical, de Jorge Ben Jor.

O DJ ainda teve a sacada de trocar a canção no trecho ‘sou Flamengo e tenho uma nega chamada Teresa’. Ninguém queria qualquer citação que lembrasse o cheirinho.

Mas estava tarde e o cansaço diminuiu a animação até o ponto em que os atletas sentaram. A torcida, que gritava direto, também passou a apenas caminhar ao lado do trio. Quando o veículo estava na Avenida Sumaré, o locutor agradeceu o público e pediu que o motorista acelerasse. O relógio marcava 1h41 e ele justificou que “os guerreiros tão mortos.”

Era o fim de uma noite que ficará guardada na memória do palmeirense, estivesse ele no trio elétrio ou no chão.