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Inter esquece risco de queda e sofre junto com 'clube amigo'

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

30/11/2016 06h00

O Internacional terminou a segunda-feira com muitos motivos para se preocupar. Depois do triunfo do Vitória em cima do Coritiba, fora de casa, o cenário na luta contra o rebaixamento piorou. Só que as contas e os planos para escapar da Série B ficaram em segundo plano durante a terça-feira.

A ligação de dirigentes, comissão técnica e jogadores com a Chapecoense tomou o lugar das projeções. Além da proximidade geográfica entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a Chapecoense é filha de uma região com enorme imigração gaúcha.

Não bastasse isso, as histórias se cruzaram entre vários dos personagens que se foram e os que seguem vivos no Beira-Rio.

Quatro vítimas da tragédia em solo colombiano estão na história do Inter: Josimar e Filipe Machado foram revelados pelas categorias de base do clube. Anderson Paixão trabalhou como auxiliar da preparação física e Mario Sérgio foi jogador e técnico da equipe.

Filipe Machado não chegou a jogar no elenco principal do clube, mas Josimar sim. O volante atuou pelo Inter em 2010, foi para a Ponte Preta e voltou em 2012. Permaneceu no Beira-Rio até 2014.

Fernando Carvalho, ex-presidente do Inter e atual vice de futebol, era amigo de Sandro Pallaoro, presidente da Chapecoense, e toda diretoria do clube catarinense. Em 2013, Carvalho chegou a palestrar ao grupo de jogadores que lutava pelo acesso à Série A do Campeonato Brasileiro. E nos anos seguintes seguiu de perto a evolução administrativa e esportiva do clube.

Lisca, sucessor de Celso Roth no cargo de treinador do Internacional, trabalhou com cinco jogadores que estavam na delegação. Ele, aliás, é o padrinho de casamento do lateral esquerdo Alan Ruschel, que sobreviveu à tragédia e marcaria a data da cerimônia na volta do primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana.

“Eu falei com a Marina (namorada de Alan Ruschel), ela me contou do casamento. E me derrubou ao falar que eu vou ser padrinho. Me derrubou. Eu trabalhei com o Alan no Juventude, vi o relacionamento deles nasceram também”, conta Lisca. "A Chapecoense é um clube quase gaúcho, é mais gaúcho que catarinense. É um clube amigo. O campeonato a gente vai ver depois", completou.

O treinador do Inter quase parou na Chapecoense. Após a saída de Guto Ferreira para o Bahia, o nome de Lisca foi centro de debate na alta cúpula do time catarinense. À época, a diretoria preferiu buscar Caio Júnior pelo perfil mais ponderado.

Contas só depois

À tarde, o Internacional reuniu jogadores no CT do Parque Gigante e informou ao elenco que daria folga por conta da tragédia. Os trabalhos serão retomados nesta quarta-feira pela manhã. O time tem 42 pontos e luta contra Vitória e Sport para ficar na elite.

Internamente, o clube decidiu apenas atualizar a logística e deixar as projeções e conjecturas a cerca de 38ª rodada do Brasileirão para depois. A primeira definição, em reflexo do adiamento da partida com o Fluminense, foi cancelar a viagem antecipada ao Rio de Janeiro.

Originalmente, a delegação do Internacional embarcaria na sexta-feira à tarde. Agora, a programação deve reservar folga geral no sábado e domingo.