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Inter encerra sua década de ouro passando do Mundial à Série B

Inter venceu muito em 10 anos e fecha era com queda para a segunda divisão - Buda Mendes/Getty Images
Inter venceu muito em 10 anos e fecha era com queda para a segunda divisão Imagem: Buda Mendes/Getty Images

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

12/12/2016 06h00

De Yokohama a Mesquita, na baixada fluminense, em 10 anos. O empate na 38ª rodada do Campeonato Brasileiro confirmou que o Internacional perdeu seu maior título material: jamais ter jogado a segunda divisão. E a ironia do destino é que as maiores glórias e a maior tristeza do clube cabem em uma década.

Para ir do topo do mundo a Série B, o Inter cumpriu uma lista de pré-requisitos que envolve contratar medalhões em série, relegar as categorias de base a segundo plano e depois radicalizar e apostar tudo nos jovens.

Entre 2006 e 2016, o Internacional conquistou cinco títulos continentais. Copa Libertadores (2006 e 2010), Copa Sul-Americana (2008) e mais a Recopa (2007 e 2011). Em nenhum outro momento o clube ganhou tanto e teve tamanho destaque. Ainda venceu o Barcelona, na histórica final do Mundial de Clubes no Japão, jogou torneios amistosos contra Inter de Milão, Bayern de Munique e foi apontado como exemplo de administração.

Em 10 anos, o Colorado conseguiu reformar o seu estádio e ter um orçamento beirando R$ 300 milhões. Formou dezenas de jogadores e agregou valor a sua marca. A marca de um clube com expertise em revelar atletas. Mas nos últimos anos a estratégia de captar, lapidar e lançar ficou de lado. Com Bolatti, Cavenaghi, Juan, Dida, Rafael Moura, Diego Forlán, Scocco e Anderson o clube preferiu investir em reforços badalados e caros.

Além dos erros do futebol, o clube como um todo mudou. Em 2010 a aliança política que deu estabilidade desde 2002 ruiu. O racha gerou instabilidade e disputa de poder. Enfraqueceu o grande grupo que dirige o clube desde então e expôs fraquezas.

A partir de 2011, o clube procurou incessantemente no passado a solução para o futuro. Contratou Paulo Roberto Falcão para ser treinador e demitiu o ‘Rei de Roma’ após 99 dias. Apostou em Fernandão, recém aposentado, para o cargo de diretor técnico. Depois, transformou o capitão em treinador.

Em 2013, o Inter chegou até a última rodada com risco matemático de queda. Eliminou qualquer chance com resultados paralelos e o empate diante da Ponte Preta. Amenizou a temporada ruim sob o argumento de ter jogado fora do Beira-Rio, fechado para reformas.

Em 2014 contratou Nilmar novamente e reforçou a teoria do eterno retorno, defendida por Friedrich Nietzsche, filósofo alemão. Por muito tempo, o Inter sempre repetia a ele mesmo. Tinga, Daniel Carvalho, Nilmar, Alex. Celso Roth, Fernando Carvalho, Vitorio Piffero.

“Restam quatro clubes no Brasil que nunca caíram. Todos os demais caíram. Os grandes clubes, onde o Internacional se insere, não diminuem de tamanho. E sempre que estes caíram, buscaram forças e voltaram. Eu, como colorado, não gostaria de passar. Mas eu, como presidente, tenho responsabilidade. Gostaria de ajudar o Internacional a sair disso, mas é a hora do novo presidente recentemente eleito”, disse Vitorio Piffero.

Dez anos depois, o Inter vive um dezembro completamente diferente. Autor de míseros 35 gols no Campeonato Brasileiro, o Colorado encerrou sua década de ouro da pior maneira possível. A partir de agora, o clube parte para um cenário inédito - tal qual em 2005 e 2006.