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Reunião, proximidade, calendário e geração. Base ganha espaço no Atlético

Atlético-MG quer mesclar experientes e jovens jogadores para fortalecer o time - Thomás Santos/AGIF
Atlético-MG quer mesclar experientes e jovens jogadores para fortalecer o time Imagem: Thomás Santos/AGIF

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

08/07/2017 04h00

No dia 21 de maio o Atlético-MG empatou com o Sport, em 2 a 2, no Independência, pela 9ª rodada do Campeonato Brasileiro. Foi quarta partida em cinco como mandante que a equipe alvinegra não conseguiu vencer. O novo tropeço em Belo Horizonte, o início ruim de competição e a proximidade com a zona do rebaixamento fizeram a diretoria se reunir após o jogo, ainda no vestiário do estádio.

Foi um momento para avaliar o trabalho, tentar diagnosticar o que estava certo e o que não estava funcionando, afinal de contas o Atlético começou o Brasileirão como um dos candidatos ao título. Foi mais de uma hora de conversa no vestiário, inclusive com o técnico Roger Machado, que não participou de toda a reunião. Mas durante o período em que o treinador esteve presente, uma das constatações feitas pela diretoria, incluindo o presidente Daniel Nepomuceno, é de que a média de idade do time estava elevada para encarar um calendário tão apertado como é no Brasil.

Com frequência o time titular do Atlético tem sete titulares com 30 anos ou mais. Era preciso abaixar a média de idade do time para suportar a sequência de jogos. Com esse diagnóstico feito e com uma equipe sub-20 que poucos dias antes havia conquistado a Copa do Brasil sub-20, o técnico Roger Machado não teve dúvidas em preservar os titulares diante da Chapecoense, visando os importantes confrontos com Botafogo, pela Copa do Brasil, Cruzeiro, pelo Brasileirão, e Jorger Wilstermann, pela Copa Libertadores.

“Estou procurando alternativas para um momento de instabilidade, para algumas peças que, em alguns momentos, rendem menos do que a gente sabe que podem render, procuro e tenho o dever de encontrar soluções. Além de um jogo importante pelo Campeonato Brasileiro, é a oportunidade daqueles que jogam menos de se colocar à disposição para ser a solução imediata dos problemas que tivemos nos últimos jogos”, disse Roger Machado antes do jogo com a Chapecoense, revelando que era uma decisão tomada com o respaldo da diretoria.

“Todas as decisões são tomadas por ordem técnica e administrativa, no que diz respeito ao presidente. É 100% de respaldo na decisão técnica, que a gente entende que é a mais apropriada no momento”.

Estratégia que funcionou muito bem. O Atlético venceu três dos últimos quatro jogos. E o principal foi que Roger Machado ganhou mais opções no elenco. O melhor exemplo é o zagueiro Bremer, que até a metade do mês passado estava no time sub-20 e nessa quarta-feira foi titular do Atlético nas oitavas de final da Copa Libertadores. Outro jogador que aproveitou bem a chance e segue como titular é o volante Yago. Lateral direito contra a Chapecoense e contra o Botafogo, Yago jogou na posição dele contra o Cruzeiro e contra o Jorge Wilstermann.

“O Atlético faz um investimento muito grande na base. O campeão da Copa do Brasil está nos oferecendo um grande talento (Bremer) e tem mais lá embaixo. Nós que temos de esperar o momento certo para ir lançando esses meninos. Assim a gente vai construindo, no meio do caminho, no meio da turbulência, assim que se faz grupos fortes. Os jogadores mais experientes são importantes, digo que eles são o guarda-chuva desses meninos”, completou Roger Machado.

Time B para preparar melhor os garotos

Caio Zanardi foi contratado para ser o técnico do time B do Atlético-MG - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Caio Zanardi foi contratado para ser o técnico do time B do Atlético-MG
Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Nessa sexta-feira o Atlético apresentou o técnico Caio Zanardi, que chega para comandar o time B na disputa da Segundona do Campeonato Mineiro, equivalente à terceira divisão. O treinador chega para trabalhar no projeto de maturação de atletas. A diretoria alvinegra viu a necessidade de criar uma nova equipe, para que os jogadores que aos 20 anos não estejam preparados para o time principal, tenham um tempo maior de preparação.

Esse trabalho vai ser observado bem de perto por Roger Machado, que é um dos entusiastas da iniciativa. Além dos jogadores revelados pelo Atlético, o time B também vai contar com atletas que têm vínculo com o clube e não são aproveitados. Destaques de clubes menores também vão ser contratados para serem observados nessa equipe, que vai ter uma comissão técnica independente.

Coragem para mesclar jovens e veteranos

O grande desafio de Roger Machado é conseguir mesclar o time com jogadores experientes, que ele tem aos montes, e o jovens atletas oriundos da categoria de base. Desde que chegou ao Atlético, em janeiro, o treinador tem trabalho com muitos jogadores da base. Atletas que ganharam mais espaço com a maratona de jogos do Atlético, que começou em maio e vai até outubro.

Cansaço dos titulares, suspensões e lesões ajudam nesse processo de colocar no time os jogadores mais novos. Coragem para colocar em campo. É assim que Roger define o trabalho do treinador neste momento, para lançar os jovens e manter os veteranos.

“Quando eu tinha 18 anos, um corajoso me colocou para jogar. E com 34 anos, outro corajoso me manteve jogando. Então eu não posso ter preconceito para lado nenhum. O casamento das duas variáveis é importante e determinante”.

Atlético tem profissional e sub-20 muito próximos

“O Bremer não é uma surpresa para mim”, assim Roger Machado começou a resposta quando perguntado sobre o fato de colocar um jovem zagueiro de 20 anos no clássico com o Cruzeiro.

E o treinador do Atlético tem bons motivos para conhecer muito bem as categorias de base do clube e confiar nos jogadores formados na Cidade do Galo. Um dos auxiliares de Roger é Diogo Giacomini, que até o ano passado era o treinador da equipe sub-20. Agora o superintendente de futebol do Atlético, André Figueiredo era diretor da base até poucas semanas atrás.

Outro fator que ajuda bastante na integração entre profissional e base é a proximidade física. Todas as categorias do clube treinam na Cidade do Galo. Tanto que é comum ver treinos com muitos garotos formados pelo Atlético.

“Uma das vantagens de o clube ter toda a sua estrutura junta, de ter suas categorias inferiores no mesmo espaço, permite observar de muito perto os jogadores. A relação com o Ricardo (Resende, técnico do time sub-20) nos faz ficar muito atento com o que acontece”.