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No São Paulo, Dorival tenta repetir campanha que fez pelo Santos em 2015

O treinador Dorival Júnior, que comandava o Santos até o último mês -  Marcello Zambrana/AGIF
O treinador Dorival Júnior, que comandava o Santos até o último mês Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

José Eduardo Martins e Samir Carvalho

Do UOL, em São Paulo e Santos

09/07/2017 04h00

Exatamente há dois anos, Dorival Júnior era apresentado como o novo técnico do Santos. A missão não era das mais simples: após 12 rodadas do Campeonato Brasileiro, a equipe abria a zona do rebaixamento, na 17ª posição, com apenas 10 pontos. Nesta temporada, o técnico aguarda o clássico deste domingo, às 19h, na Vila Belmiro, justamente contra o Santos, para assumir o São Paulo, que depois de 11 partidas está entre os últimos colocados do nacional e também ameaçado pela queda para a Série B.

O roteiro inicial é muito parecido e a expectativa do treinador é que o desfecho da história também seja semelhante. Na ocasião, o Santos conseguiu se afastar da zona da degola em três rodadas. Já na 29ª jornada, entrou no G4 e depois chegou a brigar pelas primeiras colocações. Bem entrosado, o time só não foi mais longe porque focou sua atenção na disputa da Copa do Brasil, onde ficou com o vice-campeonato. Por isso, acabou o nacional em sétimo. 

No ano seguinte, Dorival levou o Santos ao título do Campeonato Paulista e disputou a liderança do Brasileiro com o Palmeiras até a penúltima rodada. Por isso, não é de se estranhar que até mesmo o discurso do treinador seja parecido na hora de fazer o anúncio de sua chegada ao clube. Nas duas ocasiões, ele pediu o apoio da torcida.

"Vamos fazer o melhor possível dentro das nossas condições, tentando nos doar ao máximo ao clube. Volto com a melhor das intenções. Voltaremos a ter um grande trabalho e contamos com a participação de cada um de vocês. Estejam ao lado da equipe em um momento difícil e complicado, mas buscaremos uma recuperação bem rápida", afirmou Dorival, ao ser apresentado pelo Santos, em 2015.

"Quero agradecer o apoio e o carinho que tenho recebido nos últimos dias. E dizer que conto com todos vocês para que possamos colocar o São Paulo novamente no caminho das vitórias e de conquistas. Um grande abraço a todos. Fiquem com Deus", disse Dorival, ao assumir o São Paulo nesta semana, que soma apenas 11 pontos em 11 partidas.

No São Paulo, Dorival tem contrato até dezembro de 2018, sendo a multa rescisória o pagamento de dois salários. O seu antecessor, Rogério Ceni, tinha vínculo também até o fim da próxima temporada, mas com multa de R$ 5 milhões em 2017 e R$ 2,5 milhões no ano seguinte.

Exemplo negativo

Coincidentemente, em 2014, Dorival também foi contratado com a tarefa de afastar um grande clube de São Paulo da zona do rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Na época, acertou com o Palmeiras, que havia demitido o argentino Gareca e ocupava a 16ª posição na tabela - com 17 pontos conquistados e apenas 31,5% de aproveitamento.

O Palmeiras até conseguiu se livrar o rebaixamento. Porém, a campanha com Dorival ficou abaixo do esperado e ele foi demitido logo depois do término do Brasileiro. Em pouco mais de três meses de trabalho, ele acumulou seis vitórias, cinco empates e nove derrotas, com aproveitamento de 38,3%.


Presença na Vila Belmiro

Por conta de um problema particular, Dorival Júnior será apresentado oficialmente no São Paulo nesta segunda-feira e não comanda o time neste domingo, na Vila Belmiro. Mesmo assim, o treinador já vai ajudar o Tricolor a tentar vencer o clássico. Nos últimos dias, ele ligou para o auxiliar Pintado, que dirige interinamente  o time, para passar informações do Santos.

O curioso é que Dorival enfrentará o seu próprio esquema tático, incluindo jogadas ensaiadas, na equipe adversária. Com dois jogos por semana, Levir Culpi ainda não teve tempo de realizar treinos-táticos no Santos. Por conta disso, o treinador utiliza o mesmo esquema de Dorival Júnior. Não há novidades sequer na escalação. Jean Mota improvisado na lateral-esquerda foi invenção de Dorival. Bruno Henrique atuando do lado direito do ataque também já havia sido testado pelo agora técnico do São Paulo.

Taticamente, a equipe santista repete uma série de cacoetes e características do esquema de Dorival Júnior. Os principais são os deslocamentos de Lucas Lima da função centralizada em que atua para a faixa direita do campo de ataque para construir jogadas com Victor Ferraz e Bruno Henrique - a conhecida triangulação.

Além disso, existe a constante presença dos laterais atacando pelo meio de campo [por dentro], movimentação característica no esquema de Dorival Júnior. Certamente o torcedor são-paulino verá essa estratégia em seu time daqui para frente.

Na última quarta-feira, diante do Atlético-PR, pela Copa Libertadores, Victor Ferraz apareceu pelo meio e finalizou para falha de Weverton que provocou o segundo gol santista na partida. No clássico contra o Palmeiras, na estreia de Levir Culpi, foi a vez de Jean Mota, lateral improvisado, aparecer pelo meio e dar assistência para o gol de Kayke.

Ficha técnica

Santos x São Paulo

Campeonato Brasileiro - 12ª rodada
Data:
9 de julho de 2017
Local: Vila Belmiro, em Santos (SP)
Horário: 19h (de Brasília)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (SC)
Auxiliares: Emerson Augusto de Carvalho (SP) e Marcelo Carvalho Van Gasse (SP)

Santos: Vanderlei, Victor Ferraz, Lucas Veríssimo, David Braz, Jean Mota; Thiago Maia, Renato, Lucas Lima; Copete, Kayke e Bruno Henrique. Técnico: Levir Culpi.
São Paulo: Renan Ribeiro; Bruno (Araruna), Arboleda, Rodrigo Caio e Júnior Tavares; Jucilei, Petros e Jonathan Gómez (Wesley); Cueva, Marcinho e Pratto. Técnico: Pintado (interino)