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Atlético-PR apresenta técnico Fabiano Soares como "ponte para a Europa"

Apresentado no Atlético, Soares trabalhava com jovens brasileiros no Estoril, entrada da Europa - Reprodução/Twitter Atlético Paranaense
Apresentado no Atlético, Soares trabalhava com jovens brasileiros no Estoril, entrada da Europa Imagem: Reprodução/Twitter Atlético Paranaense

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

11/07/2017 14h31Atualizada em 11/07/2017 15h02

Fabiano Soares, ex-Estoril Praia, foi apresentado como novo técnico do Atlético Paranaense nesta terça-feira. O brasileiro naturalizado espanhol fez parte da comissão técnica que dirigiu o Estoril nas últimas 5 temporadas, conquistando um quarto e um quinto lugares na Liga Portuguesa, ao lado de Marco Silva, hoje no Watford. Foi oitavo na temporada passada.

Soares ainda não definiu se comanda o time contra o Cruzeiro nesta quarta (12), na Arena da Baixada. Ele depende da aparição de seu nome no BID. O ex-meia atleticano Kelly, ídolo do clube nos anos 90 e parte do corpo auxiliar de técnicos, poderá estar a frente da equipe.

O novo técnico fechou contrato com o Atlético ainda no domingo, quando, segundo a imprensa de Portugal, anunciou seu desligamento do Estoril. A demissão de Baptista e o pedido de saída de Autuori vieram na segunda, já com o elenco em Curitiba, após o empate em Chapecó, 1 a 1 com a Chapecoense. A decisão foi do presidente do Conselho Deliberativo, Mario Celso Petraglia.

Na apresentação de Soares, feita pelo presidente Luiz Sallim Emed, o novo técnico explicou o que o trouxe ao Furacão: "Eu sou um treinador de ideias muito claras, estou treinando uma equipe de ponta, muito grande. Em casa e fora teremos a mesma maneira de jogar, buscando o controle do jogo. É o que você vão ver, é um Atlético que vai jogar como a nossa torcida quer, com o controle do jogo, a posse de bola."

Fabiano Soares Atlético-PR coletiva - Reprodução/Portal Banda B - Reprodução/Portal Banda B
Fabiano Soares ao lado de Luiz Sallim Emed, na apresentação no Atlético
Imagem: Reprodução/Portal Banda B

Gerido pelo grupo Traffic, o Estoril tinha em Fabiano Soares o homem que tocava o futebol do clube usando principalmente revelações do futebol brasileiro. Foi lá, na temporada passada, que o filho de Bebeto, Mattheus, se destacou e foi contratado pelo Sporting. O atual elenco do Estoril tem nada menos que 12 brasileiros. Foi de lá que o ex-atleticano Evandro Goebel partiu para o Hull City, da Inglaterra. O braço-direito de Petraglia, Mauro Holzmann, trabalhou na Traffic por três anos, durante o período em que o Atlético foi presidido por Marcos Malucelli, desafeto do atual presidente do Conselho Deliberativo.

Soares terá a missão de conduzir o time profissional do Atlético, mas também herdará algumas funções que estavam nas mãos de Paulo Autuori. O homem que pediu demissão após a saída de Eduardo Baptista do comando técnico à sua revelia tinha a missão de mudar diretrizes no futebol atleticano a pedido da diretoria do clube. Tanto que Mario Celso Petraglia ainda tem o desejo de convencer Autuori a voltar atrás em sua decisão. Soares encara a missão sem ressalvas - talvez 10%:

"A conversa que eu tive com eles bateu, é um casamento perfeito. As ideias batem, não digo 100%, mas 90%. Eles me contrataram por que sabem do meu potencial e eu sei do potencial do Atlético e dos jogadores", declarou o brasileiro, que como jogador defendeu o Compostela, da Espanha, estando em campo no antológico gol de Ronaldo pelo Barcelona há 20 anos, quando o Fenômeno driblou todo o time rival.

Antes de sair do Atlético, Autuori comentou ao UOL Esporte sobre o projeto que faz do clube uma ponte para a Europa, o mesmo que agora será tocado por Soares até que se ache uma peça que possa estar acima dele no organograma do clube. Conheça:

O Atlético está mudando seu estilo de jogo

A ideia é se aproximar do que se pratica na Europa, principalmente com posse de bola. Historicamente as equipes de futebol do Atlético praticaram um futebol de transição, “Defendendo bem e atacando com velocidade, foram assim os melhores momentos”, definiu Autuori, que relatou que o clube pretende fazer com que seus times possam propor o jogo.

Autuori relatou que o processo é “uma mudança radical em relação a atitude de primeiro esperar para depois sair.” Então no cargo, o ex-gerente defendia que um processo tem fases, para atingir de forma mais rápida a evolução e de forma mais palpável e previsível. Mesmo sem Autuori, a ideia seguirá viva em Curitiba, muito por conta do mercado europeu. Emed ressaltou na apresentação de Soares: "Ele vai chegar aqui e ter toda essa estrutura a sua disposição."

A fábrica de jogadores e a influência do mercado europeu na mudança do Atlético

O grande objetivo do Atlético é formar bons jogadores com duas ideias muito claras, a desportiva e a de mercado. “Desportiva é quando você vai aproveita-lo na própria equipe, que ele possa ajudar o clube a galgar novos postos. E mais tarde quiçá ser vendido. Mas há aqueles que não chegam a jogar na equipe e que por serem bem formados podem ir para outras equipes, principalmente as de fora”, contou o ex-gerente do Atlético Paranaense.

É exatamente o perfil de jogadores que Fabiano Soares comandava no Estoril. Com essa aproximação, o Atlético espera que os europeus saibam que o que se faz no clube já é muito próximo do que se faz lá.

O Barcelona e a posse de bola, estilos que tomaram conta do gosto da maior parte do público europeu, é o guia da mudança. Autuori fazia a integração entre todas as categorias do clube, do Sub-15 ao profissional, também nas comissões técnicas. Soares chega, a princípio, para tocar o profissional, mas com a obrigação de utilizar a base atleticana.

O processo de contratação: Departamento de Inteligência do Futebol CAP

Autuori não contratava, Soares não contratará. Um dos pontos de ruptura de Eduardo Baptista com Petraglia – relatado na nota oficial de sua saída como “desacordo com as ideias do clube” – foi pedir reforços em público.

Autuori montou uma equipe de trabalho psicológico para avaliar e dar suporte às escolhas do DIF, o polêmico departamento de contratações do Atlético. O DIF monitora o mercado, monitora jogadores, especialmente tem uma ideia clara do modelo de jogo que o clube quer implementar. E tenta encaixar o perfil, o monitoramento que se faz é no Brasil e exterior de jogadores que já desenvolvem seu jogo dentro dessa ideia.

Nas palavras do ex-gerente, “São analistas que estão a par do nosso modelo de jogo. O grande problema na contratação é esse, você entender: o jogador interessa, tem características que estão dentro da ideia de jogo do clube, mas você não sabe qual o ser humano que vem. O processo frágil se torna uma contratação errada.” Como pretende fabricar jogadores, mas reconhece que é impossível ter uma equipe de nível sem buscar reforços fora, o clube manterá essa equipe transdisciplinar implementada por Autuori, para trabalhar as peças que chegarem.

Walter, hoje no Atlético-GO, foi um dos que não se adaptou ao sistema de trabalho do Atlético; Felipe Gedoz, que recentemente esteve afastado, ganhou uma segunda chance após passar pela avaliação desta equipe do clube.