Corinthians usa base em vez da carteira e "dá aula" de mercado ao Palmeiras
Palmeiras e Corinthians iniciaram a temporada com estratégias diferentes em relação aos elencos montados pelas respectivas diretorias. De um lado, o clube alviverde procurou reforçar o time campeão brasileiro com grandes contratações. Do outro, os alvinegros apostaram em jogadores da base para buscar resultados.
Até aqui, depois de seis meses, o trabalho do Corinthians mostra-se mais efetivo. O time, que conta com duas revelações (Guilherme Arana e Maycon) entre os titulares, conquistou o Campeonato Paulista e é líder do Brasileirão com nove pontos de vantagem sobre o segundo colocado.
O Palmeiras, por sua vez, foi eliminado pela Ponte Preta na semifinal do Paulistão e ocupa o quinto lugar no Campeonato Brasileiro, 13 pontos atrás do rival. Na Libertadores, o time precisa reverter a vantagem do Barcelona-EQU, que abriu 1 a 0 no jogo de ida das oitavas.
Um levantamento realizado pelo Footstats aponta que o Palmeiras é o time que menos recorreu à base no Brasileirão: apenas dois entraram em campo, o volante Gabriel Furtado e atacante Matheus, num total de 59 minutos em campo. Já o Corinthians é o quarto clube que mais usa a base, com mais de 4 mil minutos.
Sem dinheiro, restou a base e contratações certeiras
O Corinthians terminou 2016 sem a vaga na Libertadores. Na ocasião, o clube já sofria com a crise financeira, acentuada nos últimos meses depois do fim do contrato com a Caixa para o espaço do patrocinador master - vale lembrar que a receita com a bilheteria da Arena é destinada a um fundo usado para pagar o financiamento da construção.
A contratação mais cara do Corinthians foi o volante Gabriel. A diretoria alvinegra aceitou pagar R$ 6,7 milhões por 50% dos direitos econômicos. Luidy e Kazim fizeram o clube desembolsar a mesma quantia: R$ 1,2 milhão. Por Jadson, os corintianos toparam pagar luvas de R$ 3 milhões. Clayson, que chegou para o Brasileirão, custou R$ 3,5 milhões.
Já Clayton desembarcou no Parque São Jorge após uma troca com Marlone, que ficará no Atlético-MG até o fim do ano, assim como prevê o contrato do atacante. O Corinthians não gastou para ter Pablo, Jô, Fellipe Bastos e Paulo Roberto.
Sem outras grandes contratações, o Corinthians utilizou os jovens da base, como Maycon e Guilherme Arana, titulares absolutos do time de Fábio Carille, que os colocou para jogar depois do retorno dos jogadores da seleção sub-20 - com eles em campo, o Corinthians ainda não foi derrotado em 2017.
A linha de trabalho adotada e colocada em prática por Carille fez o Corinthians chegar a entrar em campo com seis jovens jogadores na partida contra o Red Bull, pelo Paulistão. Na ocasião, a média de idade da equipe que atuou era de 22 anos.
Além de Arana e Maycon, o treinador utilizou os zagueiros Léo Santos e Pedro Henrique, o lateral Léo Príncipe, o meia-atacante Pedrinho e o atacante Léo Jabá, que deixou o clube rumo ao futebol russo.
No Brasileirão, Pedro Henrique mostrou-se importante nos primeiros jogos após uma lesão muscular do titular Pablo. Léo Príncipe atuou na vaga de Fagner na vitória sobre a Ponte no último sábado. Pedrinho brilhou na partida contra o Botafogo ao construir a jogada do gol marcado por Jô.
O Corinthians ainda contra com outros jogadores da base no elenco profissional, como o atacante Carlinhos, visto como grande aposta - o jogador foi relacionado para o jogo diante do Bahia em Itaquera. Completam a lista o volante Mantuan e o meia Rodrigo Figueiredo.
Crefisa sobrepõe planejamento para a base
O Palmeiras orgulha-se de aumentar o investimento nas categorias de base. Somente no ano passado foram investidos R$ 16 milhões, segundo estudo do Itau-BBA. O crescimento em estrutura e nomes, entretanto, recai a um segundo plano em virtude do alto investimento da Crefisa em contratações, o que limita até os próprios planos do clube.
Para 2017, o Palmeiras traçou a meta de utilizar pelo menos quatro atletas oriundos da base por pelo menos 45 minutos em dez partidas. A conta traçada no início do ano significa o acréscimo de um atleta a mais em relação ao ano passado, quando atingiu a meta com Gabriel Jesus, Thiago Martins, Matheus Sales e João Pedro.
Neste ano, Vitinho surgia como o principal candidato a alcançar o número estipulado. O meia de 19 anos, no entanto, já veste outra camisa - defenderá o time B do Barcelona. A jovem revelação, inclusive, foi apresentada na última terça-feira na Catalunha.
Vitinho deixou o Palmeiras após atuar em quatro partidas neste ano, duas com Eduardo Baptista e outras duas com Cuca. Além dele, apenas o volante Gabriel Furtado, chamado ao time principal por necessidade (Thiago Santos e Felipe Melo se encontravam lesionados), e o atacante Matheus Iacovelli entraram em campo na temporada.
Em contrapartida, o investimento em reforços cresceu. Somente neste ano, o atual campeão brasileiro ultrapassou a casa dos R$ 100 milhões nos novos nomes. Boa parte deste valor é oriundo de um aporte extra da Crefisa, patrocinadora do clube.
A empresa de Leila Pereira e José Roberto Lamacchia, hoje conselheiros do clube, custearam as vindas de Bruno Henrique (R$ 11 milhões), Miguel Borja (R$ 35 mi), Alejandro Guerra (R$ 11,7 milhões), Luan (R$ 10 mi), Fabiano (R$ 6,7 mi) e a compra de 50% dos direitos econômicos do capitão Dudu (R$ 12,5 mi).
A empresa ainda ajudou ao permitir que o Palmeiras investisse parte do dinheiro da venda de Vitor Hugo (R$ 27 mi), jogador adquirido pela patrocinadora ainda em 2015, para trazer Juninho, do Coritiba. Foram R$ 5 milhões (50% do valor total) de contribuição indireta.
Milhões investidos em atletas preteridos
Depois de vetar o retorno do meia à Chapecoense, que consultou o jogador para participar da reconstrução do time, o Palmeiras praticamente não deu uma oportunidade de sequência para o meia de 24 anos. Hyoran soma apenas quatro jogos nesta temporada.
O caso dos dois meias traz uma lembrança recente ao torcedor. Também valorizado depois de se destacar com a camisa do Goiás no Campeonato Brasileiro de 2014, o meio-campista Rodrigo optou por defender o Palmeiras em vez do São Paulo, que o procurara na época.
Em dois anos, contudo, o agora atleta do Sport atuou em uma mera partida: a última rodada do Brasileiro do ano passado contra o Vitória, em Salvador, quando o Palmeiras já se sagrara campeão e utilizara uma formação quase que completamente reserva para se despedir da competição.
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS x CORINTHIANS
Data: 12 de julho de 2017, quarta-feira
Horário: 21h45 (de Brasília)
Local: Allianz Parque, em São Paulo (SP)
Competição: Campeonato Brasileiro (13ª rodada)
Árbitro: Leandro Vuaden (CBF-RS)
Auxiliares: Jose Eduardo Calza e Mauricio Coelho Silva Penna (ambos RS)
PALMEIRAS: Fernando Prass; Mayke (Bruno Henrique), Yerry Mina, Luan e Egídio (Juninho); Thiago Santos, Tchê Tchê e Alejandro Guerra; Roger Guedes, Willian e Dudu. Treinador: Cuca.
CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Balbuena, Pablo e Guilherme Arana; Gabriel e Maycon, Jadson, Rodriguinho e Romero; Jô. Treinador: Fábio Carille
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