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Três razões explicam a queda vertiginosa do Coritiba no Brasileirão

Coxa comemora: cena rara no Brasileirão, sem Kléber e o Trivote - Divulgação/Coritiba
Coxa comemora: cena rara no Brasileirão, sem Kléber e o Trivote Imagem: Divulgação/Coritiba

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

02/08/2017 15h00

Com o time dentro da zona de rebaixamento na semana da data em que comemora 32 anos do título brasileiro de 1985, o torcedor do Coritiba viu o Brasileirão 2017 lhe dar um balde de água fria – e ainda tenta entender as razões. Afinal, o time que venceu com autoridade o rival Atlético-PR nas finais do Estadual e largou no nacional disputando a liderança, parecia dar sinais de que 2017 seria uma temporada menos sofrida. O duelo contra o São Paulo, nesta quinta-feira 19h30 no Morumbi, tinha tudo para ser na ponta da tabela, mas vai opor duas equipes com a corda no pescoço.

Até mesmo o presidente Rogério Portugal Bacellar demonstrou empolgação com as possibilidades, ao cravar que o elenco era “um dos melhores do Brasil”. E é justamente o elenco um dos calos do Coxa na queda vertiginosa do terceiro para o 17º lugar desde o empate com o Corinthians na oitava rodada. O UOL Esporte reviu jogos e mapeou a crise do Coxa em três tópicos.

A culpa de Kléber

Kléber  - Joka Madruga/Futura Press/Estadão Conteúdo - Joka Madruga/Futura Press/Estadão Conteúdo
A cusparada de Kléber, elemento em uma série sem vitórias
Imagem: Joka Madruga/Futura Press/Estadão Conteúdo

Não há dúvidas: a maior razão para a crise do Coritiba no Brasileirão é a ausência de seu principal jogador e goleador na temporada, Kléber. Suspenso pelo STJD por 15 partidas por se envolver em confusões no jogo contra o Bahia, Kléber estava em campo em 14 das 15 vitórias do Coxa na temporada. Sem ele, o time desabou na produção ofensiva.

No Brasileirão, são 8 partidas sem o Gladiador. Sete delas terminaram com derrota e apenas uma, justamente a primeira em que cumpriu suspensão automática, terminou em empate. Nesse intervalo, o Coxa deixou de ter o ataque que mais finalizava a gol para ser uma equipe que marcou apenas 2 gols, ambos de Henrique Almeida, contra Fluminense e Flamengo.

Kléber ainda conseguiu atuar em duas partidas desde a expulsão contra o Bahia, as duas últimas em que o time pontuou, contra Avaí (4 a 1) e Vasco (2 a 2). Fez três gols nos dois jogos e o time finalizou melhor que em todos os demais confrontos. Contra os catarinenses, 8 finalizações a gol corretas, o melhor índice do time no campeonato. Sem Kléber, o Coxa perde referência não só ofensiva, mas também de liderança. Não à toa o clube ainda tentou nos bastidores converter o restante da pena em multa. Kléber só estará livre para atuar contra o mesmo Bahia, em 27 de setembro.

O fim do “Trivote”

Galdezani Coxa - Daniel Castellano/Framephoto/Estadão Conteúdo - Daniel Castellano/Framephoto/Estadão Conteúdo
Galdezani comemora contra o Palmeiras: Trivote desfeito
Imagem: Daniel Castellano/Framephoto/Estadão Conteúdo

O termo surgiu na internet após os 3 a 0 sobre o Atlético-PR na Arena da Baixada, no primeiro jogo da final do Campeonato Paranaense, inspirado na atuação do conjunto de meio campo com Alan Santos, Matheus Galdazani e Anderson. “Pivote” é como os espanhóis chamam jogadores como Busquets, do Barcelona, volante que marca e sai pro jogo com qualidade de passe e finalização; “Trivote” é, portanto, a soma de três deles.

Com os três que empolgaram a torcida, o Coxa só fez uma única partida no Brasileirão: a vitória por 4 a 1 sobre o Atlético-GO logo na estreia. Anderson machucou e saiu, tendo jogado apenas cinco partidas no campeonato – no momento, recupera-se de nova lesão. Alan Santos também não atuou em muitos jogos, tendo ficado de fora de 8 das 17 partidas até aqui. Galdezani foi o mais regular, só desfalcando o time no empate contra o Botafogo (2 a 2) por suspensão. Muitos jogadores rodaram pelo meio, mas nenhum encaixe foi tão bom quanto aquele. Jonas, Tiago Real, Tomas Bastos e Edinho foram as principais opções.

Há ainda um agravante, ao se somar a ausência de Kléber a de Anderson, os dois jogadores de maior projeção no clube, que só atuaram juntos em dois jogos no campeonato. Não por coincidência, 4 a 1 em Atlético-GO e Avaí.

Porta escancarada

Sem Kléber, sem o Trivote, sem Juninho e depois Werley, o Coxa ruiu. Juninho foi campeão estadual e pegou o rumo do Allianz Parque, para defender o Palmeiras. Márcio ocupou a vaga e teve destaque, marcando até o gol da vitória sobre o Atlético-PR no clássico do Brasileirão. Mas quando Werley saiu, o time passou a levar gols em série.

Werley voltaria contra o Atlético-MG, mas sentiu uma lesão no aquecimento. Completou assim o sexto jogo ausente, desde o 2 a 2 com o Vasco. Nestes seis jogos a equipe levou 14 gols, média superior a dois por partida, muito maior que os 10 que tomou nos outros 11 jogos. Nem Luizão, nem Wallisson Maia conseguiram repor a ausência do xerife alviverde. O próximo a tentar será Thalisson Kelven, de apenas 19 anos, que será titular na ausência de três titulares.

Sem criar e falhando na marcação no meio, sem marcar com a saída de Kléber e levando gols em todos os jogos desde aquele 0 a 0 com o líder Corinthians, o Coxa acabou desmentindo seu próprio presidente ao falhar na reposição de peças em seu elenco.

SÃO PAULO X CORITIBA

Data: 03 de agosto de 2017, quinta-feira
Horário: 19h30 (de Brasília)
Motivo: 17ª rodada do Campeonato Brasileiro
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)

Árbitro: Pericles Bassols Pegado Cortez (CBF/PE)
Assistentes: Clovis Amaral da Silva e Cleberson do Nascimento Leite (PE)

SÃO PAULO:

Renan Ribeiro; Bruno, Rodrigo Caio, Arboleda e Edimar; Jucilei e Petros; Marcinho, Hernanes e Cueva; Lucas Pratto.
Técnico: Dorival Júnior.

CORITIBA:

Wilson; Léo, Marcio, Thalisson Kelven e William Matheus (Carleto); Jonas, Matheus Galdezani, Tomas Bastos e Tiago Real; Rildo e Alecsandro.
Técnico: Marcelo Oliveira.