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Como a final que nunca aconteceu no Couto Pereira salvou vida de jornalista

O técnico Caio Júnior, que morreu no acidente da Chape, e o jornalista Adriano Rattmann - Arquivo pessoal
O técnico Caio Júnior, que morreu no acidente da Chape, e o jornalista Adriano Rattmann Imagem: Arquivo pessoal

Daniel Fasolin e Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

06/08/2017 10h08

Coritiba e Chapecoense irão duelar pela 19ª rodada do Brasileirão neste domingo no Couto Pereira, às 16h. Lá se irão oito meses do jogo que nunca aconteceu entre Chape e Atlético Nacional, pela final da Copa Sul-Americana, e que seria realizado no mesmo Couto Pereira, após a insistência do falecido técnico Caio Júnior, naquele dia 7 de dezembro de 2016.

A dor e a frustração tomaram conta do Brasil após o acidente de 28 de novembro passado. Em Curitiba, o luto foi ainda maior: morreram o técnico Caio Júnior, ídolo do Paraná Clube, os ex-volantes coxas-brancas Gil e Sérgio Manoel e o lateral Dener, o ex-meia do Atlético-PR Cléber Santana e o analista de desempenho curitibano Pipe Grohs. O que era para ser uma grande festa se tornou um velório em um culto no estádio do Coritiba na ocasião.

Mas foi justamente a escolha do Couto que impediu que Adriano Rattmann, jornalista assessor de imprensa e amigo próximo de Caio Júnior, viajasse no voo com a delegação da Chapecoense para a Colômbia. "Eu não fui justamente por conta do jogo ser no Couto. Tive que antecipar férias em um outro emprego e, para ir para a Colômbia, me tomaria mais uma semana", relembra.

Rattmann foi diretor de comunicação do Coritiba entre 2000 e 2015 e, pela proximidade com Caio, foi um dos principais articuladores da ida do jogo para Curitiba e para o Couto Pereira.

"Eu estava em Chapecó na semana daquele jogo com o San Lorenzo. O Atlético-PR ligou para o presidente da Chapecoense oferecendo a Arena. A diretoria, a maioria pelo menos, queria ir para o Rio Grande do Sul. Mas o Caio preferia o Couto Pereira", conta.

A moderna Arena da Baixada – bem como os não menos modernos Beira-Rio e Arena do Grêmio – acabou ficando para trás na escolha. "Havia uma restrição pela Baixada por conta do gramado. O time do Nacional era muito técnico, e o gramado da Arena (sintético) favorece esse tipo de jogo. O Caio ficou conversando para a diretoria mudar para o Couto. Só que o Coritiba não tinha sequer oferecido o estádio. Então eu entrei em contato com um amigo conselheiro do clube para sugerir que o presidente (Rogério) Bacellar ligasse em Chapecó para oferecer o estádio, disse: 'ligar pelo menos para dar parabéns'. Então o Caio convenceu os caras de fazer no Couto. Ele me disse: 'agora você está f..., vai ter que lotar o estádio'". E Rattmann ficou no Brasil organizado o jogo de volta, que nunca aconteceu.

O contrato não chegou a ser assinado, sequer redigido. Não houve tempo. A proposta de aluguel era também a mais em conta: não haveria lucro ao Coritiba, apenas a cobertura de custos, estimados em R$ 90 mil. O Coxa queria o prestígio de receber em seu estádio uma final internacional, ao contrário do que aconteceu em 2005, quando o Atlético-PR teve de decidir a Libertadores com o São Paulo em Porto Alegre.

No entanto, a conexão entre as duas equipes não nasceu somente em 2016. Um dos fundadores da Chapecoense, Alvadir Pelisser, relatou que a Chapecoense nasceu inspirada no Coritiba, que vivia seu auge no certame estadual na década de 1970. Após uma reunião embaixo de uma árvore no centro da cidade de Chapecó, Alvadir e outros companheiros decidiram fundar a Chapecoense.

"Lembro bem que estávamos sentados embaixo de uma árvore quando decidimos fundar a Chapecoense. Víamos o sucesso de outros times do sul, como o Coritiba, e sabíamos que poderíamos fazer futebol profissional aqui", conta o senhor de 81 anos.

A inspiração das cores do uniforme e também o modelo de gestão a ser seguido também foram baseadas no clube de Curitiba. "Eu torcia para vários clubes de cor verde no Brasil, inclusive o Coxa, por isso fui a favor das cores verde e branca. Mas nós gostávamos do modelo que as pessoas faziam no futebol de lá. Seriedade e muito amor, e tentamos trazer isso para cá", explicou Alvadir.

CORITIBA X CHAPECOENSE

Data: 06 de agosto de 2017, domingo
Horário: 16h (de Brasília)
Motivo: 19ª rodada do Campeonato Brasileiro
Local: Estádio Couto Pereira, em Curitiba (PR)

Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO)
Assistentes: Bruno Raphael Pires e Leone Carvalho Rocha (GO)

CORITIBA:

Wilson; Léo, Márcio, Luizão e Thiago Carleto; Jonas, Alan Santos, Matheus Galdezani e Tiago Real (Yan Sasse); Rildo e Henrique Almeida
Técnico: Marcelo Oliveira.

CHAPECOENSE:

Jandrei; Zeballos, Douglas Grolli, Fabrício Bruno e Diego Renan; Andrei Girotto, Lucas Marques e Seijas; Moisés Ribeiro, Arthur e Túlio de Melo.
Técnico: Vinícius Eutrópio.