Topo

A "obrigação" do Atlético-MG em ir à Libertadores vale muito dinheiro

Atlético-MG precisa de pelo menos mais 30 pontos no Brasileiro para sonhar com G-6 - Araceli Souza/Sigmapress/Estadão Conteúdo
Atlético-MG precisa de pelo menos mais 30 pontos no Brasileiro para sonhar com G-6 Imagem: Araceli Souza/Sigmapress/Estadão Conteúdo

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

17/08/2017 04h00

Para a diretoria do Atlético-MG, conquistar uma vaga na próxima Copa Libertadores, via Campeonato Brasileiro, é uma obrigação. Para os jogadores, estar na próxima edição é a meta possível de ser alcançada neste segundo semestre de 2017. Mais do que participar do torneio pela sexta vez consecutiva, o Atlético sabe muito bem a importância financeira que tem em participar da principal competição de clubes da América do Sul.

A quantia exata que deixaria de entrar na conta do clube numa eventual não classificação é impossível de ser calculada. No entanto, é possível medir o peso da Libertadores no crescimento do faturamento atleticano nos últimos anos.

Uma vez fora da Libertadores, de imediato, o clube mineiro ficaria sem a premiação paga pela Conmebol e as rendas das partidas, que ficam entre as maiores durante a temporada. Considerando os números de 2017, somente com premiação e bilheteria, dos quatro jogos que disputou em Belo Horizonte, o Atlético faturou R$ 12,5 milhões. Quantia que foi maior em 2013 e 2016, anos em que o time foi além das oitavas de final.

Portanto, ficar fora da Libertadores pode significar uma queda no faturamento alvinegro ainda superior, já que existem outras fontes de renda ligadas à disputa do torneio internacional. A valorização da marca é um ótimo exemplo. Em 2012, última temporada em que o Galo não jogou a grande competição das Américas, o faturamento com patrocínios foi R$ 21,8 milhões, como divulgado no balanço financeiro.

Esse valor corrigido pelo IGP-M vai para pouco mais de R$ 28 milhões. Menos do que os R$ 31,6 milhões de 2016, como está no balanço do Atlético. Certamente esse aumento de receita através da exploração marca tem ligação com a sequência de participações do time na Libertadores.

Outro número que está diretamente ligado aos bons momentos da equipe dentro de campo é o de sócio torcedores. Em 2012, o Atlético lançou o Galo na Veia, com o limite de 5,4 mil vagas. Capacidade máxima atingida dois meses depois, com a chegada de Ronaldinho Gaúcho e a briga pelo título brasileiro daquele ano. Mesmo com poucos sócios, o Galo faturou R$ 3,8 milhões com o programa.

A partir de 2013, no retorno à Libertadores, após 13 anos, o Atlético lançou uma nova modalidade, ampliando a participação da torcida. Desde então, mais de cinco anos depois, o Galo na Veia saltou de 5,4 mil para mais de 97 mil sócios. A receita disparou, saiu de R$ 3,8 milhões (R$ 5 milhões corrigidos pelo IGP-M) para R$ 18,6 milhões, como mostrado no balanço financeiro de 2016.

O reflexo de disputar a Libertadores e aumentar o orçamento é tornar o time competitivo. Foi assim que o Atlético conseguiu nos últimos anos manter elencos caros e recheados de grandes nomes. Não foi diferente em 2017, embora os resultados em campo, neste momento, estejam inferiores ao desempenho do time num passado bastante recente. Por isso, para seguir com equipes fortes, nem que sejam apenas no papel, a diretoria atleticana sabe muito bem a importância de disputar a Libertadores e o presidente do clube, Daniel Nepomuceno, trata um lugar no G-6 como obrigação.

Faturamento do Atlético-MG disparou a partir de 2013

A última Copa Libertadores sem a presença do Atlético aconteceu há cinco anos e foi vencida pelo Corinthians. Em 2012, o ano da virada, como aponta a própria diretoria do clube, o time treinado por Cuca foi campeão mineiro invicto e vice-campeão brasileiro. Naquela temporada, o faturamento total do Galo foi de R$ 162,9 milhões, de acordo com o balanço financeiro.

Quatro anos depois e com quatro participações consecutivas na Libertadores, ainda sem computar os números de 2017, o faturamento do Atlético praticamente dobrou. Em 2016 a arrecadação total do clube foi de R$ R$ 316,3 milhões. Um aumento de 94% sem a correção do IGP-M. O valor de 2012 corrigido vai para R$ 212,7 milhões. Então, em 2016 o faturamento do Atlético aumentou 48% em comparação com quatro anos antes. O orçamento de 2017, aprovado em novembro do ano passado pelo conselho deliberativo, prevê uma arrecadação de R$ 328 milhões.

Embora a negociação dos direitos de transmissão sejam o principal fator no faturamento dos clubes brasileiros, o que mais fez a receita do Galo disparar nos últimos anos foi a transferência de jogadores, seja por empréstimos e, principalmente, por vendas. Embora não esteja diretamente ligado, disputar a Libertadores é uma forma de valorizar os atletas. Em 2012 o Atlético fez pouco mais de R$ 11,7 milhões (R$ 15,2 milhões corrigidos) em negociações, contra mais de R$ 78 milhões no ano passado. O valor total de negociações do Galo, entre 2013 e 2016, supera a barreira dos R$ 180 milhões.