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"Suicídio" em campo e auto-sabotagem fora: a queda do Atlético-PR no BR

Fabiano Soares no banco: comunicação difícil no Pacaembu - Ale Cabral/AGIF
Fabiano Soares no banco: comunicação difícil no Pacaembu Imagem: Ale Cabral/AGIF

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

16/10/2017 17h25

Derrotado de virada pelo São Paulo e perigosamente perto da zona de rebaixamento, o Atlético Paranaense de Fabiano Soares comete “suicídio” não só em campo, como o próprio treinador avaliou ainda no Pacaembu; problemas entre a diretoria e a torcida também acentuam o quadro da equipe que, em 8 jogos, venceu apenas um, e assim passou de candidato a uma vaga na Libertadores para um risco real de descenso.

O quadro é preocupante para os atleticanos, que terão que mudar a voltagem para os duelos da semana contra dois adversários diretos na luta contra a queda: Vitória, na quinta em Salvador, e Sport, domingo em Curitiba.

“Suicídio” assistido

O técnico Fabiano Soares definiu a derrota para o São Paulo da seguinte maneira: “Não soubemos competir. Sinceramente, jogando fora de casa, ganhando, dar transições ao São Paulo, com os grandes jogadores que têm, é suicídio”. Para o treinador, o Atlético abriu mão da vitória por desorganização: “Facilitamos a vida deles.”

Fabiano disse que não conseguiu fazer com que o time aproveitasse a vantagem no placar e o desespero dos paulistas. “As instruções do banco, é difícil, com a torcida gritando. A gente tinha a vantagem, era só juntar-se, como nós pedimos e depois fazer as transiçies que a gente arrebentava com o São Paulo. O problema é que nós seguimos para frente, para frente, para frente, parecíamos índios. É culpa minha, temos que corrigir lá”, assumiu.

Com aproveitamento de 39% em, 17 jogos, Fabiano Soares já tem um índice inferior ao do antecessor, Eduardo Baptista, que deixou o Atlético com 46% de aproveitamento em 13 jogos. À época, a diretoria afirmou que a troca não se deu em função de resultados, mas sim por conta da filosofia de escalação do clube (entenda). Soares não gostou de ser questionado sobre por que os dois artilheiros do time, Felipe Gedoz e Nikão, começaram no banco no Brasileirão.

“Eles estavam no campo e a equipe perdeu. Não jogou (o primeiro tempo) por algum motivo, lembrando que o Nikão e o Gedoz jogaram na segunda parte e a equipe perdeu”, declarou.

Racha com a torcida e auto-sabotagem

Se em campo o Atlético não tem se encontrado, fora dele vive às turras com seu torcedor desde o aluguel da Arena da Baixada ao Paraná Clube, quando a diretoria facilitou o acesso dos tricolores com concessões que não são dadas aos atleticanos (saiba mais). Protestos, boicote e um pedido de assembleia de sócios estão na pauta política do clube, que só se manifestou por meio de notas até aqui.

Torcida CAP - Os Fanáticos - Os Fanáticos
Atleticanos na praça: protestos contra a diretoria
Imagem: Os Fanáticos

Desde a majoração do preço dos ingressos, a obrigatoriedade da biometria para acesso ao estádio e a proibição do uso de adereços pela torcida organizada, a média de público do clube despencou: de cerca de 15 mil pagantes para 10 mil arredondados após o último jogo, quando parte da torcida ficou fora do estádio e o público foi o segundo pior da temporada: 5864 pessoas pagaram ingressos no 2 a 2 com o Atlético-GO.

Sem aparições públicas, o atual presidente do conselho deliberativo Aguinaldo Coelho de Farias convocou uma reunião extraordinária para o sábado (21) para “demonstração da execução e ratificação do Planejamento Estratégico do Clube Atlético Paranaense do período de 2015 a 2024.” Apesar de estar no cargo, Farias tem aparecido menos publicamente do que Mario Celso Petraglia, a quem substitui por licença, que esteve em eventos com políticos e gestores públicos debatendo as dívidas da Arena da Baixada e até a volta da cerveja aos estádios do Paraná.