Corintianos sem ingresso vão à Arena e se espremem para ver jogo de celular
Natacha Gonçalves, 25 anos, fez muitos amigos na noite de quarta-feira. Ela era uma das várias pessoas que queriam estar no lugar do heptacampeonato brasileiro e foram a Arena Corinthians mesmo sem ingresso. Mas, diferente da maioria, a garota tinha um celular que transmitia a partida contra o Fluminense.
“Fiquei apoiada num cavalete vendo o jogo com meu irmão, uma prima e um amigo. Apareceram umas pessoas e levantei para que conseguissem ver. Quando olhei de novo tinha um monte de gente”.
Eram cerca de 30 amigos de ocasião que se revezavam atrás dela e também eram exigentes. “Uma hora meu braço começou a doer e eu mexia para aliviar. As pessoas reclamaram que era para de balançar”, ri ao contar.
Natacha foi uma das pessoas que se tornou o centro das atenções porque tinham um celular fazendo as vezes de televisão. Cerca de 200 corintianos foram ao estádio sem ingresso. Os poucos que tinham um telefone com o aplicativo do canal pago Premiere viraram celebridades. Grupos iam se formavam ao redor de uma tela para lá de pequena.
A torcedora afirmou que se preparou para a noite. Tratou de carregar o celular, conferir o plano 4G e chegar com tempo. Sorte do irmão, que tem 15 anos e só poderia ir ao estádio se estivesse acompanhado. “Sou uma irmã muito legal”. Natacha estava tão certa que o time seria hepta que antes mesmo da partida havia marcado horário no tatuador. Vai gravar o símbolo do Corinthians na panturrilha direita.
Aqui é Corinthians
Havia cerca de 200 pessoas sem ingresso ao redor da Arena Corinthians. Elas usavam todas as frases típicas de torcedores do time para explicar porque escolheram o local mesmo sem ter televisão e precisando sentar na calçado ou ficar em pé.
Aqui é Corinthians era a resposta mais repetida. Time do povo, bando de loucos, sangue alvinegro, torcida fiel foram outras justificativas. Funcionário de uma empresa de remoção de remoção de entulhos, Reginaldo Edmundo da Silva, 37 anos, falou que "o Corinthians é tudo".
Também houve casos em que estar no estádio envolveu negociação. José Carlos da Silva, 37 anos, teve de se entender com a mulher. Empregado de uma obra em São Paulo, ele gastou lábia para fazer a mulher compreender porque não estaria em Itu, onde mora, no feriado. Viu a partida do celular de outro torcedor que nunca encontrara antes, mas cumpriu sua vontade.
“Queria ver a emoção do título no lugar em que foi conquistado. Não tem palavras estar ao lado do estádio, escutar o grito que vem de lá de dentro. Muito diferente e muito melhor que assistir de casa”.
Patrick Timóteo, 16 anos, xavecou o pai, mas não deu certo. “Conversei com meu irmão e a gente chamou os moleques. Vi que tomei a decisão certa na hora que saí do metro. Da estação já vê o estádio, as pessoas gritando timão. Fiquei arrepiado.”
A diferença é que nenhum dos moleques tinha celular com televisão. Foi no rádio que os quatro acompanharam o sétimo título do clube. A vontade era ficar até o final da festa, mas o combinado com os pais foi chegar em casa logo depois da meia-noite. O Corinthians vai ter que continuar conquistando campeonatos nos próximos anos para Patrick e os amigos poderem curtir o tanto que gostariam.
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