Topo

Marcelo reencontra Galo um ano após queda e alerta: "elenco desequilibrado"

Marcelo Oliveira perdeu para o Atlético-MG por 2 a 0, na reestreia pelo Coritiba - Cleber Yamaguchi/AGIF
Marcelo Oliveira perdeu para o Atlético-MG por 2 a 0, na reestreia pelo Coritiba Imagem: Cleber Yamaguchi/AGIF

Napoleão de Almeida e Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

19/11/2017 04h00

Três vitórias em três rodadas. É o que o Atlético-MG precisa fazer, além de contar com outros resultados, para disputar a próxima Copa Libertadores. O primeiro desafio é contra o Coritiba, do técnico Marcelo Oliveira, que na temporada passada foi o responsável por classificar o time alvinegro para o torneio continental. Mas Marcelo Oliveira foi demitido, antes mesmo do jogo da volta na final da Copa do Brasil.

Após a queda, o treinador fez um alerta à diretoria atleticana. Marcelo Oliveira admitiu que o trabalho realizado em 2016 não foi bom, mas deixou claro que houve falhas também na montagem do elenco.

“Voltei ao Atlético com objetivo de conquistar títulos, vitórias, fazer com que o time produzisse bem. Não somos infalíveis, pode ser que tenha tomado decisões que não deram certo, mas não sou incompetente. Trabalhamos com muita entrega e o futebol é assim. Em alguns momentos pecamos por detalhes e pode ter mudado essa história. Acho que Atlético tem bom elenco, comprometido, mas um pouco desequilibrado, e isso está sendo cuidado por todos”, alertou Marcelo Oliveira, após ser demitido um dia depois de perder par ao Grêmio, por 3 a 1, no Mineirão, no primeiro jogo da decisão da Copa do Brasil.

No entanto, o aviso do treinador parece que não foi o suficiente para a diretoria do Atlético. E, assim como no ano passado, o elenco de 2017 foi montado baseado em grandes nomes, deixando um pouco a defesa de lado. E a média de idade ficou ainda mais elevada. Apesar de contar com muitos jogadores talentosos, o Atlético não conseguiu atingir os principais objetivos da temporada.

Não foi bem nas Copas Libertadores e do Brasil. A campanha no Campeonato Brasileiro não passou nem perto do que desejava os torcedores, ao ponto de o clube mineiro chegar nas rodadas finais dependendo de resultados de terceiros para disputar a Libertadores pelo sexto ano consecutivo. O único ponto positivo de 2017 foi o título estadual, conquistado diante do Cruzeiro.

Coritiba bancou Marcelo e colhe os frutos

Curiosamente, foi contra o Galo que Marcelo Oliveira reestreou no Coxa, há 19 rodadas. Perdeu em casa, 2 a 0, mas venceu os dois jogos seguintes contra Chapecoense e São Paulo e deu a pinta que engrenaria a equipe. Ilusão: levou tempo para acertar o time. Bastante tempo. Foi apenas contra outro “inimigo íntimo”, o Cruzeiro, depois de nove rodadas sem vencer, que voltou a sentir o gosto do triunfo.

No período, muitas cobranças. Marcelo voltou ao Coritiba atendendo um chamado pessoal de Ernesto Pedroso, dirigente que não ocupa cargo oficial no clube, mas é influente nas decisões do futebol, tido como um “diretor institucional”. A saída do Galo deixou Marcelo desgostoso. A ideia era um ano sabático. Não conseguiu recusar um pedido do clube que o projetou para o futebol nacional como técnico, na melhor fase recente do Coxa, com um tetra estadual (Oliveira foi bi) e dois vice-campeonatos da Copa do Brasil.

O investimento foi alto. Marcelo e a comissão romperam o teto salarial do clube, com remuneração próxima a R$ 400 mil mensais. Os resultados não vinham, mas, ao contrário da saída traumática no Atlético-MG, o técnico ganhou apoio da diretoria, que foi a público diversas vezes dar apoio e garantir o treinador. Passada a tempestade, nos últimos sete jogos, 15 pontos somados em 21 e a saída da penúltima posição.

O duelo contra o Galo marca a chance da volta por cima por Oliveira a uma semana de se completar um ano de sua demissão após o primeiro jogo da final da Copa do Brasil 2016. Se vencer, o Coxa estará livre do rebaixamento. Nos bastidores, Marcelo e a comissão técnica não escondem a decepção com a diretoria atleticana, por mais carinho que siga demonstrando para com o clube que defendeu e brilhou como um meia de classe entre os anos 70 e 80.

“Nenhuma mágoa, eu fiquei surpreso. Demissão de técnico no Brasil é uma coisa banal, corriqueira. Talvez só a forma como foi. Talvez pudesse ter uma consideração maior, esperar pelo menos o outro jogo. Esse ano, mesmo com reforços, o Atlético não conseguiu. Mas não tenho problema, pelo contrário, tenho muito respeito, um local em que passei muitos anos”, disse em coletiva.

FICHA TÉCNICA
ATLÉTICO-MG X CORITIBA

Data: 19 de novembro de 2017, domingo
Horário: 19h (de Brasília)
Motivo: 36ª rodada do Campeonato Brasileiro
Local: Independência, em Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (FIFA/SC)
Assistentes Emerson Augusto de Carvalho (FIFA/SP) e Marcelo Carvalho Van Gasse (FIFA/SP)

ATLÉTICO-MG
Victor, Marcos Rocha, Leonardo Silva, Gabriel e Fábio Santos; Adilson, Elias, Otero e Cazares; Robinho e Fred.
Técnico: Oswaldo de Oliveira.

CORITIBA
Wilson; Léo, Werley, Márcio e William Matheus; Jonas, Alan Santos, Tiago Real e Yan Sasse (Dodô); Henrique Almeida e Kléber (Getterson).
Técnico: Marcelo Oliveira.