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Vetado até arbitral, gramado sintético tem aprovação maciça entre jogadores

Gramado sintético da Arena da Baixada está vetado para 2018: clube espera reverter quadro - Napoleão de Almeida
Gramado sintético da Arena da Baixada está vetado para 2018: clube espera reverter quadro Imagem: Napoleão de Almeida

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

04/02/2018 04h00Atualizada em 05/02/2018 11h23

A CBF convocou os clubes da Série A do Brasileiro para o arbitral da competição 2018 nesta segunda-feira (05), no Rio de Janeiro. Entre as deliberações que devem ocorrer na reunião dos cartolas, estará a retirada do veto ao gramado sintético da Arena da Baixada, do Atlético Paranaense. Até segunda ordem, o gramado está proibido para o Brasileirão 2018 em deliberação tomada em 2017, a partir de uma demanda do ex-presidente do Vasco e atual presidente do conselho benemérito do clube, Eurico Miranda.

O Atlético pretende levantar a discussão entre os 20 participantes da elite e conta com uma costura feita nos bastidores durante todo o ano passado para não se ver obrigado a tirar a grama. Se a decisão coubesse aos jogadores, não teria tantas preocupações. Entre os atletas, a aprovação é maciça e com algumas restrições. Já os dirigentes são mais reticentes quanto a manutenção e em maioria optaram por não darem nenhum posicionamento.

O UOL Esporte procurou atletas e dirigentes de 19 dos 20 clubes da Série A e mais o Coritiba, histórico rival atleticano e que irá jogar a Série B em 2018, mas que é um dos clubes que mais atuou no campo da Arena da Baixada. De maneira resumida, os atletas aprovam a qualidade do material sintético, cotado até como superior a grande maioria dos gramados nos estádios brasileiros, mas fazem ressalvas quanto a dois temas: o jogo é realmente mais rápido na Baixada e os times gostariam de mais tempo de treino no campo – há um acordo de que o Atlético ceda o estádio um dia antes dos jogos para um treino de reconhecimento.

O que dizem os números?

Em um comparativo com a média do Brasileirão 2017, os números obtidos pelo Footstats em parceria com o UOL Esporte apontam que os jogos na Arena da Baixada tem maior quantidade de passes certos, de acertos em cruzamentos, de finalizações e de gols. Os números também mostram uma menor quantidade de faltas nas partidas no sintético, assim como menos interceptações e menos perda de posse de bola:

Sintético - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Qual a opinião de atletas e dirigentes?

Detalhe sintético - Napoleão de Almeida - Napoleão de Almeida
Gramado sintético da Arena é fiel ao natural e muito diferente do trivial de quadras sintéticas pelo país
Imagem: Napoleão de Almeida

Bahia: “Um dos melhores gramados do País, muitos podem reclamar, mas eu estive lá desde a inauguração da grama sintética e posso afirmar que não tem tanta diferença. O jogo fica um pouco mais rápido, mas não é nada demais, já no aquecimento você se adapta”, disse Vinícius, meia do Bahia, que atuou uma vez no sintético e perdeu por 4 a 1.

Ceará: De volta à Série A após sete anos, o Ceará ainda não atuou na Arena da Baixada com gramado sintético, mas conta em seu elenco com Douglas Coutinho, atacante que jogou pelo Atlético-PR: “Eu não vejo muita diferença, o gramado é bem parecido com o que o sintético que o pessoal usa na Europa. Acaba sendo meio que uma grama natural. Apesar de a bola correr mais, mas muitos amigos que eu conversei disseram que gostaram de jogar por que ali a bola corre perfeitamente, não tem buracos que infelizmente tem em muitos campos no Brasil. Aqui no Nordeste os campos são mais secos, no Sul são mais úmidos, cada um usa como pode.”

Chapecoense: “Eu particularmente não gosto da grama sintética. Eu acredito que pra eles é uma vantagem, por que já estão acostumados a jogar ali. Eu tive a experiência de jogar ali, e já tive cirurgia de joelho e acho pior jogar ali, por que tem mais impacto”, disse o zagueiro Douglas. A Chape atuou três vezes no sintético da Arena, com dois empates em 0 a 0 e uma derrota por 3 a 1.

Coritiba: O maior rival do Atlético-PR é também um dos clubes que mais atuou na Arena da Baixada. Dois de seus principais jogadores aprovam o sintético. “Eu não vejo diferença. É uma grama boa, um campo rápido, mas parecido com bons campos que já jogamos que também deixam o jogo rápido”, disse o goleiro Wilson; “Eu nunca senti muita diferença. Já joguei em outros gramados que realmente pareciam artificiais. Acho uma grama boa para jogar. Talvez atrapalhe um pouco em relação a adaptação, e a rotina de treinos, mas particularmente nunca senti tanto diferença”, afirmou o atacante Kléber. O Coxa venceu duas, perdeu duas e empatou uma vez atuando no sintético.

Fluminense: Ex-diretor do próprio Atlético e atualmente na diretoria esportiva do Fluminense, Paulo Autuori é um dos maiores defensores da manutenção do sintético: “Quero perguntar àqueles que se opõem a isso se eles gostam de jogar em estádio que para acessar o vestiário com o túnel alagado, se gostam de jogar em um campo completamente irregular. Os que diziam que o Atlético teve o aproveitamento que teve em 2016 pelo gramado artificial. No ano passado, essas mesmas vozes calaram-se, não só de dirigentes, analistas de futebol Brasil afora, quando o Atlético teve um rendimento abaixo do que era esperado jogando como mandante, e teve aproveitamento maior jogando fora. Qual o argumento que eles têm para explicar isso? Minha posição é completamente favorável. Vamos deixar de jogo político para o bem do futebol brasileiro e pensar em coisas que realmente são diferenciais competitivos.” O Flu perdeu os dois jogos que fez no sintético: 1 a 0 e 3 a 1.

Grêmio: O Grêmio é a equipe que mais venceu atuando no sintético atleticano, com três vitórias e uma derrota, somando os jogos por Brasileirão e Copa do Brasil. “Eu fui no do Atlético-PR, é um tapete. Se todos os campos fossem daquele jeito, estava bom. O do Atlético é de muita qualidade, se joga sem problema, todo mundo gosta e ninguém reclama”, disse o meia Maicon.

Internacional: O Inter atuou no sintético da Arena contra dois adversários diferentes: o Atlético-PR pela Série A 2016 e o Paraná Clube pela Série B 2017. Perdeu ambos. Seu atual técnico, Odair Hellmann, manifestou rejeição ao piso pela falta de padronização no Brasileirão: “Sou contra. O futebol em grama sintética é outro esporte. Prefiro o natural, o jogo anda mais. Só que se somente um clube tem um gramado diferente dos outros, a igualdade técnica acabou ali. Independente de bom ou ruim. É que nem quando tinha um estádio em Goiás (Serra Dourada) que tinha 115 por 80. Era desigualdade técnica. Quando ocorre isso, a competição não é uniforme. O campo do Atlético-PR se diz que é bom, que é próximo do natural, não se tem relato de lesões, mas ainda tem isso. Não gosto da grama sintética. Para mim, é lugar para o futebol da comissão técnica contra vocês da imprensa.”

Paraná: O Paraná atuou três vezes na Arena da Baixada e foi também o único clube que atuou como mandante no estádio além do Atlético. Perdeu as duas como visitantes e venceu o Internacional como mandante. O clube foi procurado, mas os jogadores tiveram a recomendação de não falarem sobre o assunto.

Sport: Para Marlone, meia do Sport, o gramado é bom, mas deixa o jogo mais rápido. “Já joguei algumas vezes na Arena e, realmente, a bola corre um pouco mais. Ela pega mais velocidade. Prefiro jogar em campos com grama natural. Mas jogo onde for. Depois da bola rolando você termina se acostumando”. Foram duas partidas e duas derrotas do Leão atuando em Curitiba já com a grama sintética instalada na Arena da Baixada.

Vitória: O atacante Denilson, do Vitória, elogiou o gramado atleticano: "Gostei muito. Melhor que alguns campos de grama natural. Não tive problema algum". Os baianos jogaram duas vezes no sintético da Arena, com um empate e uma derrota.

América (MG): O América atuou na Arena da Baixada uma vez desde a implementação do gramado sintético. Perdeu por 1 a 0 no Brasileirão de 2016. O UOL Esporte não obteve respostas dos profissionais do clube.

Atlético-MG: O Galo nunca perdeu no gramado sintético da Arena. Em 2016 deixou Curitiba com um empate em 1 a 1 e na temporada passada venceu por 2 a 0. O UOL Esporte não conseguiu contato com seus profissionais.

Botafogo: O Botafogo perdeu um (1 a 0) e empatou outro (0 a 0) nos dois jogos em que jogou no gramado sintético da Arena da Baixada. O UOL Esporte não conseguiu contato com seus profissionais.

Corinthians: O Corinthians tem uma vitória e uma derrota (1 a 0 e 0 a 2) no sintético da Arena da Baixada. O UOL Esporte não conseguiu contato com seus profissionais.

Cruzeiro: O Cruzeiro tem uma vitória e uma derrota (2 a 0 e 0 a 1) na Arena da Baixada. O UOL Esporte não conseguiu contato com seus profissionais.

Flamengo: O Flamengo atuou três vezes no sintético da Arena, com dois empates e uma derrota. O UOL Esporte não conseguiu contato com seus profissionais.

Palmeiras: O Palmeiras venceu uma (1 a 0) e perdeu outra (0 a 3) atuando na Arena da Baixada com o gramado sintético. O UOL Esporte não conseguiu contato com seus profissionais.

Santos: O Santos tem uma vitória e uma derrota (2 a 0 e 0 a 1) no sintético da Arena da Baixada. O UOL Esporte não conseguiu contato com seus profissionais.

São Paulo: O São Paulo tem duas derrotas por 1 a 0 atuando no sintético da Arena da Baixada. O UOL Esporte não conseguiu contato com seus profissionais.

Vasco: O Vasco só atuou uma vez na Arena da Baixada com gramado sintético, e saiu derrotado por 3 a 1. O UOL Esporte não conseguiu contato com seus profissionais.