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Antes de 'anular' Dudu, Sidcley virou realidade graças à escola de Autuori

Sidcley superou desconfiança e tem bom rendimento na lateral do Corinthians - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Sidcley superou desconfiança e tem bom rendimento na lateral do Corinthians Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

15/04/2018 04h00

"Sobre o Autuori...nem tem como dizer muita coisa. Ele foi um pai. Agradeço muito a ele porque me deu muita força. Pelo jeito que o Corinthians joga, o trabalho com ele no Atlético-PR me ajudou muito". 

A declaração do corintiano Sidcley, 24 anos, é representativa. Depois de atuações convincentes nas finais do Campeonato Paulista, e principalmente em duelos contra o palmeirense Dudu na finalíssima, o novo lateral esquerdo estreia com o Corinthians, neste domingo, pelo Campeonato Brasileiro. O duelo diante do Fluminense, em Itaquera às 16h (de Brasília), o reaproxima daquele que é praticamente um professor.

Diretor executivo do Flu, Paulo Autuori fala com propriedade sobre o lateral que ajudou a lapidar. Titular no Brasileirão 2016, Sidcley fez parte da melhor defesa da competição com o Atlético. Foi com o então treinador, segundo costuma reconhecer, que ele absorveu conceitos defensivos que hoje coloca em prática no exigente sistema do Corinthians de Fábio Carille. 

"Sidcley era um jogador com característica ofensiva forte, mas tinha a situação de que não sabia defender. Saber defender é saber se posicionar, dominar os conceitos defensivos todos", recorda Autuori, em entrevista ao UOL Esporte. "Conversei muito com ele nisso. Em termos gerais, ele cresceu muito em ações defensivas. No último terço [ataque] é forte, é criativo, tem um bom um contra um e muito boa qualidade técnica, um repertório amplo, então é equilibrar", diz o hoje diretor do Flu e que se lembra de Marcos Rocha, Jonathan e Léo [hoje no Flu] como jogadores com quem fez trabalho parecido.  

Autuori também cita que Sidcley se mostrou aberto ao aprendizado, um aspecto fundamental para evoluir na posição, até porque ele nem sempre foi lateral nas divisões de base. "Não foi difícil de convencer. Se você tem uma ideia clara e o coletivo funciona, ele tem que se convencer. De forma natural, os jogadores são obrigados pelos companheiros, porque desarruma o coletivo. É estar consciente das fases do jogo. Você tem que ter os conceitos claros para quem jogar entender. Aí fica mais fácil, porque o atleta faz consciente e não de forma aleatória".

Paulo cita ainda alguns conceitos de jogo assimilados por Sidcley: posicionamento defensivo no lado oposto da bola, a distância entre os componentes da linha de quatro da defesa e o momento exato do lateral sair dessa linha, avançar e refazer o posicionamento. 

De volta à lateral, Sidcley ajuda a estabilizar o Corinthians

Sidcley Atlético - Cleber Yamaguchi/AGIF - Cleber Yamaguchi/AGIF
Sidcley anotou seis gols no último Brasileiro
Imagem: Cleber Yamaguchi/AGIF

Há exatamente dois meses, portanto no dia 15 de fevereiro, Sidcley ganhou força no Corinthians. Depois de um jogo-treino com o Atlético, Fernando Diniz manifestou o interesse em adquirir Camacho. Já Carille, que buscava um novo lateral capaz de rivalizar com Juninho Capixaba, ouviu elogios para aquele que se tornaria seu reforço. Entre aqueles que aconselharam o negócio, estava Paulo André, campeão mundial com a camisa corintiana e hoje defensor atleticano.

A chegada de Diniz ao Atlético ajudou Sidcley a retornar para a posição de lateral, mas no banco de reservas. Depois de um ótimo 2016, ele tinha sido recolocado como meio-campista por Fabiano Soares. Aberto pela ponta, não decepcionou e terminou o Brasileiro como artilheiro da equipe com seis gols marcados. Mas, com a possibilidade de deixar o banco de Carleto em Curitiba e ser titular no Corinthians, não hesitou e foi trocado por Camacho até dezembro.  

Apresentado no dia 5 de março, ele já estreou dois dias depois e não saiu mais do time: são nove partidas consecutivas como titular, um gol diante do Bragantino nas quartas de final do Paulista e, o mais importante, poucas falhas defensivas. Sinal que as lições com Autuori valeram a pena, inclusive fora das quatro linhas. 

"Determinados jogadores você tem que trabalhar não só em campo. A preocupação com todos é fazer com que entendam que a exigência profissional é grande, e não adianta só ser bom dentro de campo. Fora também conta. Estive sempre próximo dele, mostrando que com a qualidade técnica que tem não podia desperdiçar de nenhuma maneira", recorda o ex-treinador de Sidcley.  

Para assegurar a permanência do jogador em definitivo, é melhor correr. Como mostrou o UOL Esporte, não há cláusula de compra estabelecida no acordo com o Atlético. 

FICHA TÉCNICA

CORINTHIANS x FLUMINENSE

Data: 15 de abril de 2018, domingo
Horário: 16h (de Brasília)
Competição: Campeonato Brasileiro (1ª rodada)
Local: Arena Corinthians, em São Paulo (SP)
Árbitro: Anderson Daronco (RS-FIFA)
Assistentes: Rafael da Silva Alves e Elio Nepomuceno de Andrade (ambos do RS)

CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Balbuena, Henrique e Sidcley; Ralf e Renê Júnior; Romero, Rodriguinho, Mateus Vital e Clayson. Treinador: Fábio Carille.

FLUMINENSE: Júlio César; Renato Chaves, Gum e Ibañez; Gilberto, Jadson, Richard, Ayrton Lucas e Sornoza; Marcos Júnior e Pedro. Treinador: Abel Braga.