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Julio Cesar se despede dos gramados e agradece Flamengo: "É indescritível"

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

21/04/2018 23h03

Julio Cesar fez, neste sábado (21), a última partida dele como jogador profissional de futebol. No Maracanã, o goleiro foi titular na vitória do Flamengo por 2 a 0 contra o América-MG, pelo Campeonato Brasileiro, e agradeceu o carinho dos mais de 50 mil torcedores que compareceram ao estádio.

“Eu não consigo mensurar na minha cabeça o carinho que a torcida do Flamengo tem pelo Julio Cesar. É indescritível. Só tenho a agradecer a todos que estiveram presente, mas gosto de colocar o Flamengo acima de todos. A instituição é o mais importante, e o objetivo era reencontrar a vitória, porque traz um ambiente leve para trabalhar. Mas claro que coincidiu com a despedida, e eu tive participação importante, com defesas importantes”, disse.

“A ficha ainda não caiu, está muito recente. Pode ser que, daqui um, dois dias, eu acorde, olhe para o céu e fale: ‘e agora, o que vou fazer?’. Eu não sei. Quero encontrar minha família, dar um beijo na minha mãe e agradecer por tudo, encontrar meu pai e alguns amigos que estão presentes”, afirmou.

Julio foi revelado nas categorias de base do clube em 1997, depois saiu da equipe em 2005 e retornou no início da atual temporada justamente para se aposentar com a camisa do time que o fez surgir no futebol. Aos 38 anos, ele se despede dos gramados depois de também atuar por Inter de Milão, Queens Park Rangers, Toronto FC e Benfica.

“Hoje, foi um misto de emoções. Dizer que não pensei e que não voltei no passado seria hipocrisia da minha parte. Encerrar no Maracanã, esse símbolo do nosso futebol, onde tudo começou para mim, é motivo de muito orgulho. Em relação a imaginar o quanto sou querido, não passa pela minha cabeça. A gente não faz a mínima ideia, é complicado. Às vezes, eu falo que não mereço tanto. Só posso agradecer a torcida que veio prestigiar. Foi uma aventura incrível, sensacional e fechei meu livro escrevendo um capítulo importante com essa última partida no Maracanã”, acrescentou.

Apesar da despedida, o torcedor no Maracanã chegou a vaiar alguns jogadores do Flamengo e também xingou o técnico Maurício Barbieri. A torcida vem cobrando o time após a eliminação no Campeonato Carioca e pela instabilidade nas últimas partidas. Julio falou sobre a situação.

“Nós, jogadores, entendemos bem a torcida do Flamengo, o quanto ela cobra, é normal. Na cabeça do torcedor, ele acha que fazendo isso ele vai fazer o time reagir. Nesse momento, estão fazendo tempestade em copo d’água. Não vejo o Flamengo em momento ruim. São quatro pontos em dois jogos no Brasileiro, onde fomos prejudicados no primeiro jogo, e, na Libertadores, todos sabiam que a nossa chave não seria fácil. Obviamente que a torcida vai cobrar depois de fazer dois jogos em casa e não vencer, mas somos líderes da nossa chave faltando três jogos. Tem que cobrar, mas não se desesperando, porque o momento não é de desespero. Tenho certeza que vamos nos classificar”, declarou.

Veja outros assuntos comentados por Julio Cesar na entrevista coletiva:

Sobre a possibilidade de ter retornado ao Flamengo antes: “Já falei outras vezes que o Flamengo nunca me procurou, porque nunca precisou, essa é a verdade. O Flamengo está bem servido nessa posição com o Diego Alves, um goleiraço. O Cesar também surgiu bem, o Thiago, o Gabriel... E agradeço mais uma vez à diretoria, que aceitou o projeto da minha vinda para encerrar minha carreira no clube que eu amo”.

Sobre preleção antes do jogo: “Independentemente de ter sido despedida ou não, eu tinha que encarar esse jogo com a maior seriedade. Conversei com os companheiros antes do jogo e falei que era uma partida normal e importante. Falei para o Réver que eu não queria ser capitão. Eu quis passar para eles que, apesar de coincidir com minha despedida, o mais importante era a vitória. Foi um risco que corremos, porque imagina se tivesse um resultado negativo hoje? Iam falar que misturaram as coisas, que era um jogo importante, mas o Flamengo conquistou a vitória e recuperou o bom ambiente”.

Sobre o que Zico disse para ele: “O Zico me falou que eu ia morrer agora e que depois ia morrer mais para frente. É um sentimento de tristeza, sim, porque vou deixar de fazer aquilo que mais amo na minha vida, que é jogar futebol. Sou extrovertido, gosto de brincar com todo mundo, e vou sentir falta disso, mas, ao mesmo tempo, fico feliz porque foi o último jogo em um palco que me deu tanto e hoje me deu de novo. Fiz uma grande partida e não poderia ter terminado melhor do que terminou”.