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Diniz contesta críticas, mas números demonstram deficiências do Atlético-PR

Equipe de Fernando Diniz parou de render e engatou sequência de derrotas - Reprodução/TV CAP
Equipe de Fernando Diniz parou de render e engatou sequência de derrotas Imagem: Reprodução/TV CAP

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

21/05/2018 12h30

“Comentar resultado é sempre muito fácil, não é muito a minha praia”, afirmou o técnico do Atlético Paranaense, Fernando Diniz, após a quinta derrota consecutiva – desta vez, para o Fluminense no Brasileirão, 2 a 0. Mas, ao serem analisados os índices do time na temporada (considerando somente Brasileirão, Copa do Brasil e Copa Sul-Americana), as deficiências do time aparecem, especialmente no setor defensivo.

Considerando apenas a Série A, o Atlético é o time que mais permite finalizações corretas contra si: 41 em seis jogos, número maior que os das piores defesa do Brasileirão, Vitória (2º no item, com 37) e Paraná (15º, com 22 finalizações contrárias). O Furacão levou 8 gols, enquanto Vitória e Paraná levaram 11. Os índices são do Footstats.

A fidelidade ao modelo de jogo também é contestada pelos números. Diniz defende a convicção nas ideias, mas a equipe troca 48% menos passes quando consegue sair na frente do placar, diminuindo a posse de bola. Na temporada, o time levou duas viradas, contra Atlético-MG e Cruzeiro, sem sustentar a vantagem no placar.

"Convicções, as pessoas acham que você muda com facilidade. A gente aponta erros, por que a convicção está errada, e a gente muda. Mas não é o caso. A convicção me trouxe aqui até hoje", respondeu Diniz em coletiva no Maracanã, "Um time que há 15 dias estava sendo super badalado. Agora teve uma sequência de resultados negativos que a gente tem que corrigir. Eu tenho certeza absoluta da minha opinião, daquilo que eu acredito como futebol, que é a melhor ideia de se jogar futebol que eu consigo. A gente tem que fazer ajustes, melhorar as coisas que não sejam óbvias."

Números apontam mudança de padrão conforme o placar  

Quando sai atrás do placar (como foi contra Newell’s, Palmeiras e Fluminense), o Atlético aumenta em 53% o número de passes trocados, mas diminui em 77% o volume de desarme. Os índices acompanham a posse de bola maior que o adversário em todos os jogos – média de 59,2%, somente atrás do Grêmio entre os times da Série A. Entretanto, a posse não se torna necessariamente oportunidade de gol. O time é o oitavo em finalizações certas no Brasileirão.

No duelo com o Fluminense, o time carioca finalizou mais vezes ao gol atleticano (6 a 3), mesmo com apenas 34,4% de posse. O técnico Abel Braga disse ter orientado seus jogadores a “darem a bola ao Atlético”. Contra o Atlético-MG, quadro parecido: 13 finalizações mineiras contra 9 dos paranaenses. "É uma coisa que a gente tinha treinado, o jogo por dentro era congestionado. Tomamos um contra-ataque. A gente até fez uma recomposição rápida, mas acabamos numa infelicidade... o Santos rebateu e o Thiago Heleno bateu para dentro", comentou Diniz sobre a derrota recente, para analisar também o segundo gol sofrido: "Um lance bastante inocente até, tomamos um gol de tiro de meta. A linha defensiva era para correr para trás, andou para frente e o Marcos Júnior entrou sozinho."

Equipe cria pouco e arrisca muito de longe

Outro dado que contesta a construção das jogadas do Furacão é o número de finalizações à distância. A maior parte delas (25 de 44) são feitas a uma distância acima de 26 metros do gol adversário, o que demonstra dificuldade de aproximação da área adversária. São 11 chutes numa distância de até 10 metros da meta rival, com 4 gols marcados nessa circunstância – os índices incluem as bolas paradas.

"A posse pela posse não tem muito sentido, mas é uma característica do time, em todos os jogos são assim. Quase todas as equipes que jogamos, 90%, são equipes que jogam contra a gente em contra-ataque. Ser mais agressivo e finalizar as jogadas já é uma maneira de inibir o contra-ataque. A gente tem que melhorar", reconheceu Diniz, "Da maneira em que a nossa equipe joga, se a gente errar no início da construção, a gente vai sofrer. A gente treina muito para não ter erros no início. Se erra mais a frente, não sofre muito."

A sequência de cinco derrotas e oito jogos sem vitória ainda aponta 6 gols marcados e 13 sofridos no período. Dos gols marcados, três nasceram de bola parada, em cobrança de pênalti contra o São Paulo, de escanteio contra o Atlético-MG e de falta, contra o Cruzeiro. Dos outros três, dois foram em contra-ataques, contra Newell’s e Palmeiras. E um em jogada construída, contra o São Paulo, no primeiro jogo desta série sem vitórias.