Topo

Ceni vê São Paulo como favorito ao título e Sidão "entre os melhores"

Sidão recebe críticas da torcida, mas tem o respaldo do ídolo Rogério Ceni - Marcello Zambrana/AGIF
Sidão recebe críticas da torcida, mas tem o respaldo do ídolo Rogério Ceni Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Do UOL, em São Paulo (SP)

13/08/2018 00h14

Na noite deste domingo, Rogério Ceni, atual técnico do Fortaleza, líder da Série B do Campeonato Brasileiro, participou do programa "Resenha" da ESPN Brasil. O ex-goleiro falou sobre a experiência no time cearense, mas também deixou seu palpite sobre a elite do Brasileirão. Para ele, o São Paulo é o grande favorito ao título e o goleiro Sidão, mesmo criticado pela torcida tricolor, está entre os melhores da competição.

"Sidão vem jogando muito bem. Melhor do que ano passado, quando eu o levei ao São Paulo. O time toma poucos gols (menos de um por partida na Série A), então ele é um dos melhores do campeonato. E usar a faixa de capitão como ele usou não é para qualquer um. O Sidão pode ser o goleiro de um novo título, isso é importante. E o São Paulo, para mim, é o favorito, porque os outros times estão divididos. O Internacional, sim, pode incomodar por ter só o Brasileirão. A qualidade de Flamengo e Grêmio está dividida em três competições", analisou.

Ceni ainda comparou o elenco atual, comandado por Diego Aguirre, com o grupo que conquistou o tricampeonato consecutivo do Brasileirão entre 2006 e 2008: "Nosso time não era espetacular, mas eram caras fortes, tinha linha de três muito boa, um meio de campo forte, sempre um velocista e um centroavante na frente. Hoje também tem isso, com os dois meninos abertos pelos lados, forte na bola aérea e jogando bonito".

Por coincidência, enquanto o São Paulo comemora a liderança da Série A, Ceni desfruta a primeira colocação da Segunda Divisão. O Fortaleza tem excelente campanha, com seis pontos à frente do vice-líder e dez do quinto colocado. Isso tudo sem ter um investimento alto como de concorrentes como Coritiba e Goiás, mas com o que o Mito chama vê como diferencial: o Castelão e a torcida.

"O que nos tira da realidade da Série B é nosso estádio, é nossa torcida. Foram 37 mil pessoas no jogo contra o Coritiba, foi espetacular. Não deve nada a Allianz parque, Morumbi, estádio do Corinthians. O gramado que caiu na semana passada, por ter muito jogo por lá (o Ceará manda as partidas lá também), mas agora está melhorando. Esse estadio cheio arrepia. Nossa media é acima de 20 mil", valorizou.

Balanço da carreira como treinador

"Você vai aprendendo com as experiências, a cada gol no final, a cada partida, a cada vitória, derrota. Mas o mais importante é compreender o que sai de cada jogo. A razão de ter ganhado, de ter perdido. Eu tento ser o mais próximo do jogador. Cumprimento um a um todo dia. Eles precisam me respeitar, mas não podem ter medo. Tento fazer de tudo para ajudá-los. Eu concentrei muito tempo e tudo o que eu queria no fim da carreira era sair do hotel nas cidades. Eu falo pra saírem, concentramos o mínimo possível e tento ter uma relação mais próxima de amizade do que de treinador para jogador. Trabalho para eles a semana inteira, desenho treinos diferentes, quase nunca repito, invento, mas nos 90 minutos eles precisam jogar pra mim. A troca tem que ser essa. Eles precisam ser o que fui como atleta".

Montagem do elenco do Fortaleza

"A gente é um grande vendedor de sonho. Quando começo uma campanha assim, já vendi um sonho para o torcedor. Para cada torcedor, seu time é o melhor do mundo. E depois que vende, tem que entregar. Tivemos a saída do Osvaldo, a venda do Edinho e as lesões de Gustavo e Marcinho. Tudo num curto período. Perdemos todo o ataque. Quando assumi o time, olhei mais de 150 jogadores, com horas e horas de vídeo. E tem dois analistas que também trabalham nisso. Tem a palavra da diretoria e minha analise. Depois entra a parte do dinheiro.

Contratamos quem a gente acha que se encaixa no time e no bolso. São atletas em fim de contrato, que podem vir livres. O time não tem condição de comprar. Só o Marlon, que custou R$ 200 mil, vindo do Sampaio Correa. Não dá para comparar com a região sudeste pela estrutura, mas o grupo é muito bacana de se trabalhar. Todos tratam a gente muito bem no clube e nunca tivemos um atraso de atleta. Isso já fala muito o interesse e a vontade deles. Eles estão acreditando que é possível atingir coisas que nunca imaginaram".

Ceni aponta problema no investimento na base dos clubes

Se investe muito na estrutura dos centros de treinamento, em campos, mas muito pouco no profissional da base. O preparador físico, o técnico, o preparador de goleiros. O cara precisa lapidar o jogador para chegar no profissional sem que a comissão precise treinar fundamentos básicos. Mas normalmente esses caras são mal pagos. No curso da CBF (de treinador) conheci os caras com ideias muito mais modernas do que caras consagrados. E é preciso valorizá-los. Tem que ter bom campo e estrutura, mas não pode ter tanta mordomia, senão o garoto não diferencia a base do profissional. Esses caras precisam ser mais remunerados, investir em cursos para eles.