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'Bom moço'? Dourado cresce em clássico e se consolida como capitão do Inter

Rodrigo Dourado, volante do Inter, cresceu em clássico contra o Grêmio - Ricardo Duarte/Inter
Rodrigo Dourado, volante do Inter, cresceu em clássico contra o Grêmio Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

12/09/2018 04h00

Não é novidade que Rodrigo Dourado seja um dos destaques técnicos do Internacional. Titular desde 2015, o volante de 24 anos sempre esteve entre os mais regulares do grupo, até mesmo no ano do rebaixamento. Mas lhe faltava algo. A liderança interna junto aos companheiros não era saliente o suficiente para ser evidente aos torcedores. Porém, sem D'Alessandro ou Danilo Fernandes, a capitania da equipe e o último Gre-Nal o fizeram transpor esta barreira.

Dourado era visto como um jogador de qualidade, mas sem o poder de indignação necessário para um líder. Não batia de frente com adversários em momentos ríspidos e preferia a liderança técnica do que a discussão com adversários.

No Gre-Nal de outubro de 2016, por exemplo, se envolveu em uma confusão com o lateral Edílson, do Grêmio. Mas acabou levando dois socos e sendo expulso.

Mesmo no perfil "bom moço", Rodrigo sempre foi citado pelos companheiros como uma das lideranças do elenco. Era o terceiro na hierarquia de capitães do Inter, atrás de D'Alessandro e Danilo Fernandes, dois jogadores mais "sanguíneos" que ele.

Na ausência de ambos (Danilo lesionado e D'Ale na reserva), a braçadeira '"contaminou" o "bom moço" natural de Pelotas-RS. A responsabilidade na arrancada do time transformou o marcador em tudo que o torcedor espera de um capitão.

No último Gre-Nal, foi Dourado que chamou um a um dos jogadores do Inter para uma reunião no centro de campo antes da partida. Ali, ele aplaudia, gesticulava, apontava para as cadeiras do estádio como quem pedia esforço para contemplar os mais de 44 mil presentes. Com punhos cerrados, movia os braços com batidas fortes nas mãos exigindo dos colegas força, entrega, luta para que o Inter se fortalecesse também na disputa regional. Como se lembrasse toda provocação que o time ouviu nas conquistas recentes do Grêmio.

Em campo, Dourado manteve o nível de atuação. Foi preciso em desarmes, participou do início da criação de jogadas. Em todo foco de confusão, correu para interferir. Seja tirando companheiros do "bolo" ou trocando empurrões com gremistas.

Após a partida e a vitória, ele foi um dos que puxou os cânticos às portas do vestiário enquanto no corredor de acesso se formava uma confusão com o técnico Renato Gaúcho, seguranças e profissionais dos dois clubes. Na zona, mista provocou Maicon, que aos gritos, mesmo sem jogar, tinha perturbado o ambiente minutos antes. 

"O Maicon jogou? Eu nem vi ele em campo... Primeiro tem que jogar pra depois falar gracinha. Hoje eu não estava 100%, tomei duas injeções para jogar... Eu não fujo do Gre-Nal", disse o capitão do Inter.

O Inter não perde com Rodrigo Dourado em campo desde 6 de maio. Na única derrota dentro destes três meses, o marcador estava suspenso. Neste período, são 13 vitórias e cinco empates, aproveitamento de 81%.

Tantos atributos geraram proposta para transferência na última janela, rejeitada pelo Internacional. O Al-Hilal, da Arábia Saudita, queria levar o marcador. E também chamam a atenção de Tite, que reforça o radar no atleta para futuras convocações da seleção brasileira.

O Internacional volta a campo na segunda-feira para encarar a Chapecoense. O jogo será na Arena Condá, às 20h (de Brasília).