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Com passado tricolor e ídolo corintiano, Sheik se despede de clássicos

O atacante Emerson Sheik, do Corinthians, disputa a sua última temporada como jogador profissional - Marcello Zambrana/AGIF
O atacante Emerson Sheik, do Corinthians, disputa a sua última temporada como jogador profissional Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Diego Salgado e José Eduardo Martins

Do UOL, em São Paulo

09/11/2018 04h00

Emerson Sheik é um jogador de decisão. Figura fundamental na conquista do título da Copa Libertadores de 2012, ele escolheu o Corinthians para encerrar a carreira. Quis o destino que o seu último clássico fosse justamente contra o time que o revelou para o futebol, o São Paulo. Neste sábado, às 17h, muito provavelmente do banco de reservas, o atacante vai tentar ajudar o Alvinegro a manter o tabu de nunca ter perdido para o arquirrival na Arena - são oito partidas (seis vitórias e dois empates).

No entanto, o veterano, de 40 anos, sabe que dificilmente teria se tornado profissional não fosse a oportunidade que teve no Tricolor. Indicado pelo ex-lateral-direito Cláudio Guadagno, Emerson chegou ao São Paulo para tentar a sorte nas categorias de base. Habilidoso e mais velho do que os colegas pois ele havia adulterado a sua documentação antes de entrar no clube - Marcio Passos de Albuquerque, nascido em 6 de dezembro de 1978, virou Marcio Emerson Passos, registrado em 6 de setembro de 1981 -, ele chamou a atenção de todos mesmo com a concorrência de outros jovens talentos da base.

"Aprovei ele de primeira. Era diferente. Tinha muita força, inteligência, arrastava os caras. Falei que ele ficaria comigo. Era a época do Kaká, Júlio Baptista e Juan na base. Ele subiu para o profissional. O técnico do time principal, Carpegiani, gostava muito dele. Mas depois o Emerson foi para o Japão", contou o então auxiliar técnico do São Paulo, Milton Cruz.

Na época, Sheik já fazia sucesso também por ser uma das figuras mais queridas do elenco. Era conhecido como o carioca. "Sempre foi um cara muito bom, despojado. Todo mundo gostava dele", completou Milton Cruz. Até ser negociado com o Consadole Sapporo, do Japão, em 2000, ele disputou 19 jogos (sete vitórias, três empates e nove derrotas) pelo Tricolor e marcou dois gols.

No Japão no Oriente Médio e até na França, a carreira do jogador seguiu com altos em campo e baixos, como a descoberta dos documentos falsificados. Depois de brilhar no Oriente Médio e no futebol carioca - o atacante se sagrou campeão brasileiro com o Flamengo em 2009 e repetiu a dose no ano seguinte com o Fluminense após marcar o gol do título, ele chegou ao Corinthians em 2011.

No Alvinegro, Sheik demorou a engrenar e teve papel secundário na conquista do Brasileirão 2011. Apesar disso, o atacante foi destaque na vitória por 5 a 0 sobre o São Paulo, no primeiro turno do campeonato. Na ocasião, ele deu duas "canetas" no hoje zagueiro Rodrigo Caio.

No ano seguinte, o jogador explodiu de vez e foi o maior nome da conquista inédita da Libertadores, com uma assistência na primeira final contra o Boca Juniors e dois gols na decisão. Um ano depois, Sheik deixou o clube para atuar pelo Botafogo.

Após uma passagem de cinco meses de duração pelo Corinthians, o atleta voltou ao Flamengo e ainda passou pela Ponte Preta, onde chegou a provocar o São Paulo ao dizer que estava "acostumado a vencer" o time. Em 2013, depois de vencer a Recopa na final contra a equipe tricolor, Sheik já havia feito algo parecido ao chamar o clube de 'formiguinha' e dizer que sentia pena do time.

De forma inesperada, Sheik voltou ao clube alvinegro para encerrar a carreira neste ano. Apesar de não ter o mesmo fôlego de quando atuava na base do Tricolor, Sheik foi titular nas duas semifinais diante do São Paulo, pelo Paulistão. Após o encerramento do Brasileirão, será realizado amistoso na Arena, no dia 7 de dezembro, para celebrar a aposentadoria do atacante, que começou a vida no futebol como o Emerson "Carioca" do Tricolor e terminou como o Emerson Sheik do Corinthians.