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Na era dos pontos corridos, só Muricy começou e terminou ano pelo São Paulo

Reinaldo Canato/UOL
Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Ana Carolina Silva

Do UOL, em São Paulo

13/11/2018 12h00

No São Paulo, dificilmente há quem sobreviva de um réveillon ao outro. Desde que o Campeonato Brasileiro adotou o formato de pontos corridos, em 2003, somente um treinador começou e terminou um ano no comando do time do Morumbi: Muricy Ramalho. E por quatro vezes.

Não havia como ser diferente com o tri brasileiro em 2006, 2007 e 2008, já que o Tricolor fechou os três anos em festa. Em 2013, ele voltou para substituir Paulo Autuori e disse ter encontrado um cenário em que atletas fingiam lesões, o que indicava possíveis problemas de insubordinação nas gestões anteriores.

Consciente das limitações do elenco, tirou o time da briga contra o rebaixamento e ainda foi vice brasileiro no ano seguinte, comandando um quarteto com Ganso, Kaká, Alexandre Pato e Alan Kardec, além da sombra de Luis Fabiano. Respeitado pela torcida, Muricy decidiu sair em 2015 para cuidar da saúde.

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Imagem: AFP PHOTO/MARTIN BERNETTI

A única vez que ele começou e não terminou um ano no clube foi em 2009, quando foi eliminado da Copa Libertadores nas quartas e substituído por Ricardo Gomes - que iniciou 2010 no São Paulo, mas não aguentou o ano inteiro.

Nem mesmo Ney Franco, último a ganhar um título pelo Tricolor, conseguiu este feito. O treinador ficou no cargo por exatamente um ano, já que foi contratado em 5 de julho de 2012 e demitido em 5 de julho de 2013. Nenhum dia a mais.

Apesar da conquista da Copa Sul-Americana, Ney Franco teve atritos com Rogério Ceni, que questionou substituições e, em troca, foi acusado pelo técnico de reclamar "nos corredores" sobre contratações que não o agradavam.

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Imagem: Leandro Moraes/UOL

Um problema parecido pode ter marcado a queda de Diego Aguirre neste domingo (11); parte da torcida acredita que o uruguaio teria perdido o controle do vestiário. O camisa 10 Nenê, por exemplo, se mostrou insatisfeito com substituições; Raí nega que isso tenha relação com a saída do técnico.

Entretanto, o aproveitamento de 55,8% de Aguirre no comando do time foi o melhor desde a última passagem de Muricy (2013-2015), que obteve 59.9% dos pontos disputados. A equipe está na quinta posição do Brasileiro após a 33ª rodada, com chances matemáticas de disputar a próxima Libertadores.

Mas mesmo se não tivesse caído, o uruguaio só quebraria uma marca específica de Muricy se começasse e terminasse 2019 no clube. Afinal, Aguirre não esteve na pré-temporada de 2018 e só assumiu o São Paulo em março, após a saída de Dorival Júnior - que, por sua vez, substituiu Ceni no ano anterior.

Veja a lista de técnicos do São Paulo desde 2003:

2003 - Oswaldo de Oliveira e Roberto Rojas
2004 - Cuca e Emerson Leão
2005 - Emerson Leão, Milton Cruz* e Paulo Autuori
2006 - Muricy Ramalho (campeão brasileiro)
2007 - Muricy Ramalho (campeão brasileiro)
2008 - Muricy Ramalho (campeão brasileiro)
2009 - Muricy Ramalho, Milton Cruz* e Ricardo Gomes
2010 - Ricardo Gomes, Milton Cruz*, Sergio Baresi e Paulo César Carpegiani
2011 - Paulo César Carpegiani, Adílson Batista, Milton Cruz* e Emerson Leão
2012 - Emerson Leão, Milton Cruz* e Ney Franco
2013 - Ney Franco, Milton Cruz*, Paulo Autuori e Muricy Ramalho
2014 - Muricy Ramalho (vice-campeão brasileiro)
2015 - Muricy Ramalho, Milton Cruz*, Juan Carlos Osorio, Doriva e Milton Cruz*
2016 - Edgardo Bauza, André Jardine*, Ricardo Gomes e Pintado*
2017 - Rogério Ceni, Pintado* e Dorival Júnior
2018 - Dorival Júnior, André Jardine*, Diego Aguirre e Jardine (até o fim do ano)

*assumiu o time interinamente