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Bruno Henrique quer jogar para erguer taça e ri de "exorcismo corintiano"

Bruno festeja gol sobre o Paraná; volante foi um dos artilheiros do Palmeiras no ano - Ale Cabral/AGIF
Bruno festeja gol sobre o Paraná; volante foi um dos artilheiros do Palmeiras no ano Imagem: Ale Cabral/AGIF

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

01/12/2018 04h00

Bruno Henrique vive grande momento no Palmeiras. Um dos artilheiros da equipe no Campeonato Brasileiro, o volante foi o capitão escolhido por Luiz Felipe Scolari nas últimas partidas e, agora, vive a dúvida se será escalado pelo técnico para levantar o troféu do deca.

Em entrevista ao UOL Esporte, o meio-campista disse que a partida contra o Vitória, no domingo (2), apesar de não valer nada para a tabela de classificação, é de extrema importância para os jogadores para a celebração da conquista. 

Bruno Henrique ainda falou de seu início difícil no clube e brincou com o meme usado por torcedores para falar que ele teve a sua alma corintiana exorcizada. O tema, aliás, foi representado no especial do UOL Esporte que conta alguns bastidores do título.

Confira a entrevista completa de Bruno Henrique ao UOL:

UOL Esporte: Antes de pensar em título, você teve um início difícil no Palmeiras, especialmente por sua história no Corinthians. Como foi para você esse começo?
Bruno Henrique:
Eu sabia que talvez eu fosse ter um pouco de rejeição por parte da torcida, por ter jogado no rival. É natural. No ano passado, eu cheguei em um momento com uma sequência grande de jogos, de temporada, sem descanso, sem pré-temporada, e isso acabou dificultando a minha performance e foi ruim. Recebi bastante crítica da torcida, mas sabia que eu resolveria isso dentro de campo, jogando, demonstrando meu futebol. E agora eu tive uma pré-temporada, trabalhei muito para fazer a temporada em alto nível. Isso foi fundamental para ter a sequência. Sabia que dentro de campo eu reverteria essa situação que estava no clube. Fazendo o que eu vim para fazer. Sempre foquei muito nisso, em dar a resposta para o torcedor dentro de campo. Mostrar que tinha capacidade de ser titular e ganhar título. Tudo o que eu trabalhei, pensei para fazer aqui no Palmeiras eu estou conseguindo fazer este ano.

UOL Esporte: O que a passagem pelo Palermo, da Itália, agregou para a sua carreira?
Bruno Henrique:
A passagem na Itália ajudou em alguns aspectos, especialmente no aspecto tático. Mesmo só em um ano, eu aprendi muito disso, especialmente na parte defensiva. Eles prezam muito por esse tipo de jogo. Foi fundamental. A minha intenção não era voltar ao Brasil, tive alguns problemas, e o Palermo trocou de treinador cinco vezes. Por conta disso, não foi o que eu imaginei que seria. Eu não estava feliz. Quando eu estava lá, tive a proposta do Palmeiras, meu empresário trouxe o planejamento e tudo como seria, e aceitei na hora. Foi uma negociação bem rápida, e fiquei muito feliz de ter voltado.

UOL Esporte: O torcedor brinca muito com o exorcismo da sua alma corintiana após aquela voadora que você tomou em um jogo da Libertadores. Você viu? Gostou da brincadeira?
Bruno Henrique:
(Risos). Isso veio da torcida, eu vi e acho engraçado esse meme. Eu me divirto vendo, acho engraçado. Mas não é que foi isso que eu voltei a jogar bola, não (risos). Foi muito trabalho mental, busquei ajuda psicológica para fazer um trabalho e tirar coisas da cabeça que estavam me atrapalhando para eu focar no futebol. Coincidentemente, aquele dia, tomei uma voadora, e foi o primeiro jogo onde fui titular. Foi muito trabalho fora do Palmeiras, psicológico, terapia, o trabalho de pré-temporada... Fiz tudo isso porque queria que tudo desse certo.

Bruno Henrique comemora o segundo gol do Palmeiras contra o Atlético-MG - Marcello Zambrana/AGIF - Marcello Zambrana/AGIF
Bruno Henrique é o capitão de Felipão
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

UOL Esporte: O que te fez buscar a terapia? Muita gente trata isso como um tabu.
Bruno Henrique:
É verdade o que você falou. Muita gente trata como um tabu. Quando fiz, algumas pessoas me perguntaram: 'mas você está bem?'. Claro que estou. Todo mundo precisa de terapia. Eu passei um momento particular não muito legal e conheci a minha terapeuta, a Fátima. Comecei um trabalho bacana, de autoconhecimento. É um trabalho bom para todo mundo. A partir deste momento, as coisas ao meu redor melhoraram muito. Até na performance dentro de campo melhora bastante. O jogador de futebol, assim como qualquer profissão, precisa disso. É que a gente tem coisas particulares, amigos, pressão, imprensa, trabalho, de como lidar com o banco de reservas e com a crítica pública, de ser xingado e tudo mais. Mas a verdade é que se sua cabeça está ruim e você vem treinar, na hora do campo, ninguém quer saber o que está se passando na sua vida. Querem saber do resultado. Então a terapia ajuda exatamente nisso, a deixar de lado as coisas, entender, levar as coisas de uma maneira diferente. A terapia para mim foi fantástica.

UOL Esporte: Seu nome está muito cotado para ser convocado para a seleção brasileira. Você se vê concorrendo com Casemiro como primeiro volante, a exemplo do que você trabalhou com Tite no Corinthians? Ou trabalha na linha de frente?
Bruno Henrique:
A seleção vai ser uma consequência. Fico feliz de o Tite ter me citado, porque é um reconhecimento do trabalho, apesar de não ter sido convocado ainda. Mas eu não penso no lugar que vou jogar. Sou um jogador que jogo nas duas posições. No Palmeiras já joguei bastante de primeiro volante, fazendo mais essa contenção, onde hoje tem Thiago Santos e Felipe Melo. E também de segundo volante. Então são posições que não tenho problema nenhum de atuar. Em qualquer uma dessas posições eu jogaria tranquilo.

UOL Esporte: Muita gente está falando que o Felipão vai dar chance aos que ainda não jogaram tanto. Mas você é o capitão, imagino que vá querer jogar para levantar a taça. 
Bruno Henrique:
Eu imagino que vá jogar quem ele achar que está melhor. Então, se eu puder jogar, quero. Todos vão querer. É o jogo de festa, especial. Vamos comemorar o título, o estádio cheio. Não sei quem ele vai colocar para jogar, mas tomara que ele me escolha, porque quero jogar todas. Quero levantar esse troféu.

UOL Esporte: A pressão no Palmeiras é tão grande por títulos que já chamaram o Brasileirão até de consolo. Como é lidar com essa cobrança?
Bruno Henrique:
A torcida está muito contente. Ganhar a Libertadores não é fácil, é muito difícil, muito duro. Mas a gente está feliz, e a torcida está muito feliz com o planejamento. Com tudo o que a gente fez durante o ano, de poder brigar em todas as competições, brigar por título. É extremamente importante. Então, claro que a gente quer a Libertadores, mas o ano que vem a gente vai entrar forte. Assim como entramos neste ano também. 

UOL Esporte: O episódio de briga na final tira um pouco o brilho da Libertadores?
Bruno Henrique:
É um campeonato que te dá oportunidade de jogar o Mundial. É muito grande. Mas a organização da maneira que é e coisas que acontecem, isso mancha um pouco a história da Libertadores. São várias coisas que acontecem que não deveriam acontecer. Não sei qual é o planejamento da Conmebol para fortalecer, porque é fantástico. É um campeonato muito legal de se disputar. Ter essa cena aí é lamentável. É algo que a gente espera que se resolva, não aconteça nunca mais, quando tiver um jogo desse tamanho que seja muito mais organizado. Que aconteça o futebol que todo mundo quer ver.