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D'Alessandro pede atitude diferente para Inter sair de 'estado de alerta'

Ricardo Rimoli/AGIF
Imagem: Ricardo Rimoli/AGIF

Jeremias Wernek

Do UOL, em Viamão (RS)

06/07/2017 13h39

Uma atitude diferente do time e vitória a qualquer custo. Para D’Alessandro, essa é a meta do Internacional contra o Criciúma, em jogo da 13ª rodada da Série B. Nesta quinta-feira (6), o argentino resumiu o momento do Colorado como ‘em alerta’ e citou fatores a serem superados como mandante.

D’Alessandro ainda afirmou que foi uma das vozes em favor de novo período longe do CT e descartou salto alto e falta de comprometimento do elenco.

“Não tenho a receita (para ganhar), mas se mudar um pouco a atitude, não que esteja faltando, mas mudar a atitude... Sem se abalar no primeiro passe errado. Ter um time forte, com oito podendo carregar três que estejam mal. Estar mal faz parte, é do jogo. O difícil é três carregarem sete, mas o contrário dá. Nós temos qualidade, nós temos um time forte. Mas não basta só falar, é preciso fazer”, disse o meia.

Em mais de um momento ao longo da entrevista coletiva, D’Alessandro citou obstáculos quando os jogos pela segunda divisão são no Beira-Rio. A postura do adversário e a reação do Inter diante dessa estratégia foram lembradas.

“Nós tínhamos bem claro que cada jogo teria uma final de Copa do Mundo para eles. Mas tem que ser para nós também. Não que não tenha sido, mas pecamos muito. Em se desproteger, achar que o jogo estava ganho... Contra ABC, Juventude. Muitas vezes é preciso jogar como time pequeno, entre aspas, se fechar e esperar. Ver o que ele vai fazer. Isso não está acontecendo no Beira-Rio e tem sido um fator decisivo. O adversário fica muito trás, na retranca”, comentou.

A derrota para o Boa Esporte, no sábado passado, desencadeou novos protestos da torcida logo após o apito final. E levou o Inter a novo período de treinos em um ecoresort na região metropolitana de Viamão. D’Alessandro afirmou ter sido um dos defensores da ideia e reforçou o que se viu em campo nas atividades: a busca por um jogo mais forte no campo adversário. De imposição.

“Estamos tentando trabalhar uma base de força, uma base física, onde a gente tenha sustentação para passar por cima dos adversários. Não só técnica e tática, mas com força. Estamos precisando que o adversário sinta essa força. Não é falta de vontade, mas precisamos trabalhar algumas coisas. Incluir coisas no nosso trabalho que vão dar resultado positivo. Cabe a nós não prolongar mais essa fase de ganhar um, perder outro. Temos que ganhar em casa, ter um bom rendimento e fazer o torcedor sair feliz do Beira-Rio”, afirmou o camisa 10.

Confira outras respostas de D’Alessandro:

TRABALHO COM COACHING E PSICÓLOGO NO CLUBE

Eu não quero comparar, mas vou acabar comparando. O emocional faz parte, óbvio. Acredito, pelos meus anos de carreira, que tudo passa pela cabeça do atleta. Estamos trabalhando de uma maneira muito boa. Mas cada um tem que ter sua parte psicológica lá. A gente pode botar coaching, ele não é nosso e sim do treinador. Ele está aqui há um mês e meio. Ele não veio pelo resultado negativo, veio junto com o treinador. Ele faz parte do processo e quando alguém precisar, ele pode ajudar. Só que a parte individual é mais importante. O que a gente acredita, o que cada um tem de fazer para revert a situação. Temos uma situação que devemos priorizar, é a coletiva, mas só vamos melhorar quando o individual do atleta estiver melhor. Quando nossa cabeça mande, quando o atleta não duvide. Não tenha medo. Não perca a confiança. Mas isso é muito difícil, nem todos são iguais. E eu entendo o torcedor quando vaia, mas repito: isso não vai adiantar nada durante o jogo. A mim não faz diferença, eu já estou no final da minha carreira, mas para o cara que entra e tem 166 ou 17 anos... Abala. O Mossoró entrou, errou e sentiu. Na próxima, vai tentar o passe para o lado. Isso aí a gente tem que trabalhar. Eu, como líder do grupo, o Danilo, Danilo Fernandes, Edenílson, Lomba. Somos mais experientes, alguns jogaram a Série B. Não vamos fazer terra arrasada pelos resultados agora. Eu tento fazer minha parte, entrar na cabeça dos atletas e puxar para frente. Não vai ser um resultado negativo que vai fazer tudo ser ruim. Não está tudo ruim, mas temos que reconhecer... E minha opinião é a seguinte: se a gente tivesse conseguido todas as vitórias em casa e perdido fora, não estariam fazendo esse bolo todo. Mas o Inter precisa ganhar em casa. Os pontos que poderíamos ter a mais, vamos ter que buscar fora. Tem uma serie de fatores diferentes que enfrentamos em casa e fora e isso está fazendo diferença. Temos que buscar uma maneira para que esses fatores não atrapalhem e faça isso dentro e em casa.

Tem o aspecto individual e o coletivo. No individual, eu nunca precisei disso isso. Não por saber tudo ou estar sempre bem. Não, muitas vezes fico abalo e triste. Passei por momentos ruins na carreira, mas cada um tem sua maneira de ser. Meu caráter é chegar em casa e chutar uma cadeira ou falar. Eu chego em casa, de repente ligo para meu pai ou mãe. Até hoje procuro avaliação do meu pai, ele me marcou o caminho. No individual eu nunca procurei. Mas é uma ferramenta cada vez mais útil no futebol. Para o coletivo é importante. Eu fiz parte de muitas equipes que tiveram essa ferramenta e foi produtivo, foi bom. Mas no individual, eu prefiro ficar na minha e brigar comigo mesmo.

NOTA PARA O TRABALHO DE GUTO FERREIRA

Eu não faço avaliação de treinador. Não tenho como e nem dar pontuação, pelo amor de Deus. Posso fazer avaliação do grupo, estamos devendo. Isso sim. Vocês já deram várias pontuações ao time e ao treinador. Esse trabalho é de vocês. O que eu acho é que... Falar que precisamos de tempo já gerou críticas, mas sempre se precisa tempo. Tivemos duas semanas para trabalhar, o trabalho do Guto vem sendo feito. Da maneira como ele gosta, do jeito como ele quer. E depois é com a gente, no campo. Temos que tentar reproduzir no campo o que ele quer, o que gosta. A gente precisa melhorar em muitas coisas, mas acredito que vamos melhorar. Tivemos lesões, gente fora. O elenco é forte, mas sempre se sente falta de jogadores experientes, que tenham passado por jogadores assim.

AVALIAÇÃO DA SEMANA DE TREINOS NO HOTEL

A gente veio para cá por tranquilidade. Eu mesmo achei melhor treinar aqui, não pela piscina de água quente. Mas pela tranquilidade que precisávamos após o jogo. E quando precisa acertar algo, acontece algo no treino que só nós podemos resolver. Cobrança, discussão. Isso faz parte. Se vamos precisar mais à frente, não sei. Mas agora precisamos... Até para blindar o grupo e não ficar expostos no nosso CT. Eu imaginava que tivesse repercussão negativa e manifestação do torcedor. Não estamos fugindo, mas evitando coisas que podemos evitar. A avaliação sempre é boa, sempre. O treinamento, no meio do coletivo, tivemos que melhorar e melhoramos. Acertamos. E o treinamento melhorou muito. Essas coisas que nós precisamos para de uma vez conseguir o caminho que a gente precisa. Um caminho para ter tranquilidade. A vitória sábado é muito importante, temos dois jogos fora. E fora estamos nos dando muito bem. E volto a repetir.

ANO DIFERENTE DO PROJETADO

Eu nunca imaginei que seria fácil... Futebol não tem jogo jogado. Futebol não existe adversário fácil. Se alguém achava que o Inter, por ser time grande, jogaria com pé nas costas... Não fomos nós. Nós tínhamos bem claro que cada jogo teria uma final de Copa do Mundo para eles. Mas tem que ser para nós também. Não que não tenha sido, mas pecamos muito. Em se desproteger, achar que o jogo estava ganho... Contra ABC, Juventude. Muitas vezes é preciso jogar como time pequeno, entre aspas, se fechar e esperar. Ver o que ele vai fazer. Isso não está acontecendo no Beira-Rio e tem sido um fator decisivo. O adversário fica muito trás, na retranca. Não é justificativa, já aconteceu muitos anos atrás. Eu sou da época que o adversário ficava atrás, mas nós tocávamos três ou quatro em qualquer time. Temos que retomar isso, junto com o torcedor. Qual é a solução? Não tenho a receita, mas se mudar um pouco a atitude, não que esteja faltando, mas mudar. Sem se abalar no primeiro passe errado. Ter um time forte, com oito podendo carregar três que estejam mal. É difícil três carregarem sete, mas o contrário dá. E acharmos... Nós temos qualidade, nós temos um time forte. Mas não basta só falar, é preciso fazer. E temos ferramentas para pressionar o adversário, botar o adversário em pressão sem conseguir sair, sem ter controle do jogo. Onde o torcedor venha e faça pressão.

AUSÊNCIA NO TREINO DESTA QUINTA-FEIRA

Eu treinei a parte de força, faço sempre reforço muscular. Fiz terça e fiz agora. Depois do treino puxado de ontem, achamos melhor ficar só no treino de força. Confirmado ninguém está, o time ainda não foi dado. Confirmado só amanhã e é o treinador quem diz.

SUBESTIMAR ADVERSÁRIOS E JOGOS NA SÉRIE B

A gente nunca subestimou, seria falta de respeito achar que a gente ganharia só por ter a camisa do Inter. Ou por no papel, de repetente, ter um time melhor. Isso não existe mais, é preciso mostrar e fazer por merecer. Existem situações que precisamos controlar. No decorrer do jogo isso atrapalha, faz com que a gente não consiga fazer individualmente o que cada um sabe fazer na sua função. Nós pedimos ao torcedor, mas não vou pedir mais paciência a ele. É difícil. Mas vou pedir apoio nos 90 minutos. Vaia e cobrança, se o resultado não vier, vão acontecer. Isso existe e seria injusto pedir que não exista. Mas no jogo, peço para eles apoiarem. Vamos tentar fazer de tudo para que essa fase não se prolongue mais. E vamos buscar ganhar, primeiro de tudo, e com vitória se trabalha mais tranquilo. Se consegue adquirir mais confiança individualmente, coletivamente. E assim, seguir adiante. E nos dois jogos fora, conquistar uma vitória. Se forem duas, melhor. Mas temos que ganhar. Temos que conseguir a vitória e depois vamos arrumar melhor ganhando e com mais confiança. A gente quer jogar melhor, jogando melhor se está mais perto de ganhar. Mas no sábado temos que ganhar.

COMPROMETIMENTO DO GRUPO

Todo mundo está comprometido. Quem não estava, quero separar varias situações de jogadores que saíram. Que fique claro, tiveram várias. Mas quem não quis ficar para jogar a Série B, saiu. Em diferentes situações. Uns sentiram que precisavam sair por situação individual e outros decidiram sair por decisão pessoal. Mas os que estão aqui, estão comprometidos 100%. Estão querendo olhar a situação. Se eu olhar a tabela, o torcedor imaginava que estaríamos no G-4 ou em primeiro. Com folga. A gente achava que estaria no G-4, mas sem achar que seria tão fácil como projetam os torcedores. O que nos cobramos são uns quatro ou cinco pontos a mais para estar no G-4. Hoje estamos a cinco pontos do líder e a dois pontos do terceiro. Não é conformismo, sabemos que estamos devendo. Que temos que entrar no G-4 e não sair de vez. Mas todo mundo aqui está comprometido. Todo mundo quer superar o momento em casa, fora é diferente. Fora estamos fazendo jogos inteligentes, bons, mas dentro de casa não. E vamos atrás disso. E tem que ser agora, agora. Não adianta jogar bem e não ganhar. Temos que ganhar sábado. Tem que ser sábado.