Paciência, tempo e pressão: os segredos da arrancada do Inter na Série B
Ao bater o Paysandu, no último dia 25, o Internacional chegou ao número de seis vitórias consecutivas na Série B. E a marca impressiona, ainda mais comparando o Inter a ele mesmo. Antes, a equipe havia vencido no máximo duas seguidas, e ainda apenas uma vez. E muito mudou além dos resultados.
O Colorado alterou e firmou uma estrutura tática e uma postura protagonista. Passou a marcar os rivais na pressão, sem deixar de controlar contra-ataques. Contou com a paciência da torcida, conquistada aos poucos e tudo na esteira do tempo de treinamento que o técnico Guto Ferreira tanto pedia.
Confira cinco pontos-chave da arrancada do Inter:
Marcação no campo do adversário, mas com cautela
O Inter tenta, desde o início do ano, estabelecer-se como protagonista em todos os jogos. Isso quer dizer marcar adiantado, no campo do adversário, e ser dono das ações da partida. Rasgar, portanto, o que foi praticamente regra na temporada 2016, quando a equipe e fechava e saía no contra-ataque. Deu errado no começo. O Colorado sofreu uma série de gols em jogadas rápidas. O adversário tomava a bola a partir de um erro e em pouco tempo se via cara a cara com a meta vermelha. Não mais. Depois de organizar o time aos poucos, Guto Ferreira conseguiu estabelecer a 'pressão responsável' em que o Inter marca adiantado, sim, mas com resguardo defensivo e coberturas no campo todo.
Paciência conquistada aos poucos
De nada adiantaria uma nova postura tática ou mesmo ideia de time como movimentação coletiva não fosse a tranquilidade para realizar isso. E a paciência, que antes fez tanta falta ao passo que protestos ocorriam repetidamente em resultados negativos, chegando ao ápice com violência contra policiais, vandalismo no Beira-Rio e até furtos à loja oficial do clube, finalmente veio. O 'voto de confiança' ocorreu diante de Oeste e Goiás. Como o time foi bem, foi estendido para as partidas a seguir. E agora nem mesmo quando vem a derrota - como na última quarta do time reserva na Primeira Liga - os xingamentos tomam conta.
A súplica de Guto Ferreira: tempo de treinamento
A cada infortúnio logo de sua chegada ao Inter, Guto Ferreira repetia aos microfones que era preciso ter tempo. Para trabalhar, para resgatar a confiança do grupo, para estabelecer critérios de atuação, para conhecer melhor os jogadores. E isso aconteceu. Desde o momento que passou a ter uma partida por semana para realizar, o Inter cresceu bastante. As ideias do treinador foram repassadas aos jogadores detalhadamente, repetidas à exaustão no campo do CT Parque Gigante, e o time passou a ir melhor.
Um centroavante 'de carteirinha' chegou
Carência no elenco do Inter, um centroavante era figura central da movimentação proposta pelo comando técnico. O 4-1-4-1 precisava de alguém lá na frente que segurasse a bola para o avanço conjunto do quarteto da penúltima linha, que auxilia na criação de jogadas. Precisava ser um jogador de porte físico, poder de embate, integrado ao contexto e capacitado técnicamente para tal. Chegou Leandro Damião. Desde a estreia contra o Goiás, o camisa 22 só viu a equipe vencer.
Oportunidades aproveitadas e reforços no elenco
A construção do time se deu, por fim, com o reaproveitamento de jogadores que aparentemente estavam 'arquivados'. Em vez de ir ao mercado e gastar desnecessariamente, o Inter olhou para o próprio grupo e deu chances (bem aproveitadas) para atletas já disponíveis. Foi assim com Claudio Winck, resgatado do time Sub-23 no fim de junho, cuja reestreia aconteceu contra o Criciúma. E o mesmo vale para Klaus, que deixou o fim da fila entre os zagueiros, assumiu a parceria com Cuesta e atualmente é um dos destaques do setor. Tem três gols pela equipe principal e será comprado ao fim do ano, já que seus direitos pertencem ao Juventude.
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