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Inter acredita que teria 'mais facilidade' se estivesse na Série A. Entenda

D"Alessandro explicou por que acha que o Inter se daria melhor contra rivais da Série A - Ricardo Duarte/Internacional
D'Alessandro explicou por que acha que o Inter se daria melhor contra rivais da Série A Imagem: Ricardo Duarte/Internacional

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

19/10/2017 04h00

Soa óbvio afirmar que a Série A é mais difícil que a Série B, mas para o Inter tal análise não é tão simples assim. Na temporada em que disputa a segunda divisão pela primeira vez em sua história, o Colorado acredita que estaria tendo maior facilidade caso disputasse a competição da qual sempre fez parte.

As razões para crer em maior facilidade caso estivesse na Série A moram principalmente nos adversários. Como principal clube da segunda divisão, o Internacional encontra rivais preferencialmente fechados. Seja no Beira-Rio ou em qualquer estádio em que atue, o time de Porto Alegre sofre para abrir as defesas adversárias.

Recuados, os rivais esperam um descuido que muitas vezes acontece por falta de paciência. Tentando de toda forma arrombar a porta trancada das metas oponentes, o Colorado acaba deixando espaços que rapidamente são preenchidos em contra-ataques.

Além disso, o Inter considera muito complicado atuar em partidas com características específicas da Série B, ou seja, disputas físicas superando a técnica e tornando o erro mais frequente que o acerto. Exemplo claro disso foi a dificuldade encontrada no empate em 0 a 0 com o Boa Esporte, nesta terça-feira.

Reside também no comportamento da torcida a crença de que atuar na Série A seria mais simples. Como é o maior clube dos que disputam a competição, tanto em projeção quanto em conquistas ou poder financeiro, os aficionados consideram que o Internacional deveria superar qualquer adversidade sem maiores problemas. E quando percebem que isso não está acontecendo pressionam bastante, como no início da competição.

Uma vez na Série A, o Colorado teria rivais da mesma grandeza, poderia por vezes atuar na defensiva e explorar jogadores de velocidade no contra-ataque, como Pottker, Sasha e Nico López. Poderia ter em D'Alessandro um jogador mais livre e menos procurado por faltas e provocações, talvez visse sobrar espaço para avanços de Claudio Winck e Uendel.

Tanto o técnico Guto Ferreira quanto o capitão D'Alessandro usaram tom semelhante para explicar esta situação. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte em julho, o comandante foi o primeiro a falar.

"Se a gente tivesse conseguindo desenvolver, independentemente do adversário, a qualidade que temos feito, eu não sei exatamente em que lugar estaríamos, mas eu acho que não estaríamos na segunda página da tabela, não. Estaria na primeira página. Em qual posição não sei te dizer, é muito difícil. Mas o Inter é um time qualificado. Não estaríamos fazendo feio, não. Mas é difícil quantificar o parâmetro, essas suposições acabam agindo de forma negativa... Eu prefiro a prática efetiva", disse o treinador.

"Eu assisti jogos muito bons e jogos muito ruins na Série A. Falando de futebol. Os times estão oscilando muito. Não sei onde colocaria o Inter, mas tenho certeza que teríamos feito bons jogos. Teríamos tido mais espaço para jogar, os times na Série A jogam de igual por igual, te deixam espaço, tu tens mais espaço para contra-atacar. Não iríamos propor sempre o jogo, com os jogadores velozes que temos, de repente alguns jogos jogaríamos no contra-ataque, deixaríamos o adversário vir para ocupar o espaço. Seria diferente. Acredito que não estaríamos no Z-4. Acredito que estaríamos no meio da tabela ou um pouco mais acima", afirmou D'Ale.

Nos jogos contra times de Série A que teve nesta temporada, o Inter mostrou bom desempenho. Empatou com Grêmio no Gauchão, empatou duas vezes e eliminou o Corinthians da Copa do Brasil, bateu o Fluminense e perdeu para o Atlético-MG na Primeira Liga e venceu uma e perdeu outra para o Palmeiras, também na Copa do Brasil.

Com 58 pontos, líder da Série B, o Inter está próximo de confirmar o retorno à Série A. Está oito pontos na frente do primeiro fora da zona de acesso. E apenas em 2018 poderá provar se a tese de que os jogos na elite seriam menos complicados é ou não verdadeira.