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Por que a Série B foi mais difícil do que o esperado para o Inter

O Inter de Leandro Damião voltou à Série A ao empatar com Oeste na terça - Ricardo Duarte/Inter
O Inter de Leandro Damião voltou à Série A ao empatar com Oeste na terça Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

15/11/2017 05h00

A Série B ainda não acabou, mas o Inter está garantido na Série A do ano que vem. Subiu ao empatar sem gols com o Oeste na última terça. Mas a expectativa de que isso acontecesse de forma tranquila foi frustrada. Pressão da torcida, ansiedade, fracassos e mudanças de planos pautaram a passagem inédita do Inter pelo torneio.

Expectativa x realidade

A Série B começou para o Inter com uma doce expectativa. Depois de perder o Campeonato Gaúcho na final, o time vermelho abriu a competição contra o Londrina. E de cara aplicou 3 a 0 jogando fora de casa. Poderia muito bem ter deixado o Estádio do Café com placar ainda mais largo. A torcida, então, encheu-se de esperança. A Série B não era o monstro que se pintava antes do começo dela. Ledo engano. Logo nos jogos seguintes, tropeços em sequência, inclusive em casa, geraram muita reclamação. Protestos tão fortes quanto a expectativa de realidade criada a partir do primeiro bom resultado.

Reformulação no time

A reformulação mais forte do Inter foi feita no começo do ano, é verdade. Mas ela não parou na reconstrução do grupo e na saída de boa parte do elenco que participou da campanha do rebaixamento em 2016. Peças importantes foram agregadas ao coletivo no decorrer da Série B e isso dificultou bastante a construção de uma unidade forte. Jogadores como William Pottker e Leandro Damião, por exemplo, chegaram depois do início do torneio.

Do time da estreia em relação ao que termina o ano considerado ideal, apenas quatro remanescentes: Cuesta, D'Alessandro, Dourado e Uendel.

Troca no comando

Se o time mudou muito, acompanhou o comando técnico. Antonio Carlos Zago comandou por três rodadas. Guto Ferreira assumiu na quarta e mudou toda movimentação da equipe. Corrigiu falhas, mas não todas.

Claudicante, o Inter enfileirou vitórias, mas também teve derrotas marcantes. A queda de rendimento no fim do torneio acabou com a demissão de Guto e o interino Odair Hellmann encerrará a competição.

Rivais, 'Copa do Mundo' e gramados

A dificuldade mais óbvia que se apresentou para o Inter foram os adversários. Era sabido que os times oponentes jogariam sempre fechados e apostando no contra-ataque. Seria chover no molhado dizer que todos fariam 'Copa do Mundo' contra o Inter.

Ou mesmo sublinhar que gramados ruins esperavam o time gaúcho. Foi exatamente o que aconteceu e como se estivesse surpreso com tal cenário, o Inter repetidamente elencou estes fatores como razões para quedas.

Pressão da torcida

Motivada pela expectativa criada no começo da competição, pela grandeza do Internacional ou pelo investimento feito na temporada, exponencialmente maior do que os rivais, a torcida do Inter também tem parcela de culpa nas dificuldades encontradas.

Os gaúchos, em casa, conviveram com vaias, protesto e vandalismo. Mesmo que tenha uma das melhores médias de público da Série B, o Inter não reatou com os aficionados neste ano. Pelo contrário, no último sábado, quando não venceu o Vila Nova-GO e perdeu a liderança do torneio para o América-MG - que foi o primeiro a conquistar o acesso matemático à Série A - a rotina de arremesso de garrafas e pedras contra o Beira-Rio e os policiais que fazem sua defesa repetiu-se. Empurrados pela falta de paciência nas cadeiras, os jogadores muitas vezes apressaram jogadas e erraram lances que, talvez, mais calmos não errariam.

Incertezas até o último momento

O Inter viveu incertezas que foram além do campo. Foram técnicas, táticas e psicológicas. Até mesmo no último jogo, após muitas alterações de comando, de perfil, de objetivo, o Colorado conseguiu acesso em um jogo longe do ideal. Sequer venceu o Oeste, esteve ameaçado em alguns momentos, e acabou voltando à elite sem brilho.