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Jean Carlos e a busca do Coritiba por recuperar o respeito na Série B

Jean Carlos ganhou chances no time titular com Tcheco no comando técnico - Assessoria de Imprensa Jean Carlos
Jean Carlos ganhou chances no time titular com Tcheco no comando técnico Imagem: Assessoria de Imprensa Jean Carlos

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

03/09/2018 05h22

O Coritiba quer respeito. Décimo colocado da Série B após 24 jogos, a seis pontos do G4, a recuperação do Coxa passa, na opinião do meia Jean Carlos, pela recuperação da imagem da equipe como o grande clube da Segunda Divisão nacional em 2018. “Na minha opinião, os times tinham perdido um pouco do respeito pelo Coritiba. E isso a gente vai conquistar de novo”, projetou o jogador em conversa com o UOL Esporte.

Ele esteve em campo na derrota para o Oeste dentro do Couto Pereira, que completava o sexto jogo seguido sem vitórias. E, a despeito da derrota, ganhou a confiança do técnico Tcheco para voltar a campo em Pelotas contra o Brasil, na vitória por 1 a 0 que encerrou esse jejum na rodada seguinte. Tudo após uma conversa com Matheus Costa, auxiliar do treinador coxa-branca.

“No primeiro dia que ele (Tcheco) assumiu, ele me chamou depois de um treino lá e disse que eu não ia começar, que por uma questão tática ele ia com um time diferente. E nesse primeiro jogo eu falei pra ele, ‘Não, Tcheco, tudo bem, tranquilo. Eu com vontade de jogar, se precisar pode contar comigo.’ E infelizmente a gente perdeu aquele jogo, contra o Atlético-GO. E depois a gente perdeu de novo, contra o Oeste. E no final do jogo, no vestiário, estava aquela pressão toda, torcida, e a gente cabisbaixo pela derrota... e eu chamei o Matheus e disse: “Cara, pode contar comigo. Eu quero jogar. Pode falar pro Tcheco que é pra ele me colocar para jogar que eu com muita vontade de jogar e eu sei que eu posso ajudar.” Foram essas palavras que eu disse ao Matheus e ele deve ter conversado com o Tcheco, que graças a Deus confiou em mim. E aí fomos pro jogo e fizemos um grande jogo taticamente e vencemos. E conseguimos esses três pontos que nos dá confiança para jogar em casa e conseguir mais uma vitória. A gente acredita que pode subir”, comentou. A conversa foi trazida à público por Tcheco em uma entrevista coletiva.

Jejum de vitórias abalou confiança dos jogadores

Foi um período difícil, que colocou o Coxa em xeque em sua missão de subir para a Série A. E que Jean Carlos espera ter sido encerrado no Rio Grande do Sul. “Sinceramente, a gente trabalha muito. A gente vem treinando forte. Porque a gente jogava, a gente tentava, a bola não entrava e a gente tomava os gols, e pressão e estava muito complicado. Mas falta de trabalho não era. Quem está no clube sabe o tanto que a gente se dedica. A gente estava tomando uns gols muito cedo e depois não conseguia reverter. Mas agora a gente teve uma conversa ali, comissão e jogadores, sobre a nossa atitude já para esse jogo. E eu tenho certeza disso, os times vão voltar a respeitar a gente principalmente dentro de casa, que não pode perder ponto ali. A gente pode conseguir essas vitórias e voltar para a Série A.”

Em 2017, Jean Carlos esteve no Goiás, outra camisa tradicional que tinha a missão de subir e que acabou não conseguindo. Do ano passado, Jean lembra de uma desorganização que resultou numa série de trocas de técnicos, e que ele garante não ver no atual Coritiba. “Estava uma bagunça lá no Goiás, que não acontece aqui no Coxa. Trocou de treinador seis vezes. Eu fiz gol na final do Goiano, chegou treinador que não gostava de mim, já não jogava (Sérgio Soares substituiu Sílvio Criciúma depois do título estadual). Não é a mesma coisa aqui, na questão de diretoria aqui tudo é muito organizado. Claro que os resultados geram desconfianças, saem pessoas, entram pessoas, mas não é a mesma coisa que aconteceu no Goiás. Aqui é tudo em dia, a gente não entendia o que estava acontecendo. Todo mundo trabalha, é todo mundo honesto, e as vitórias não vinham”, analisou, garantindo empenho, “A dedicação não falta. O que temos que colocar na cabeça, e já colocamos contra o Brasil, é acreditar. E a gente tá acreditando muito, a gente vai acreditar até o último jogo e se Deus quiser a gente vai conseguir esse acesso.”

Apesar de descartar as semelhanças com o Goiás de 2017, Jean sabe que as trocas no comando técnico do Coritiba – de Sandro Forner para Eduardo Baptista, e deste para Tcheco – também expõem uma instabilidade interna. “Trocar de técnico também é complicado, mas é assim, futebol é desse jeito, está sujeito a isso. Mas pra ser bem sincero eu espero que a gente consiga as vitórias nos próximos jogos porque o Tcheco merece, cara. É um cara que se for ver não precisa disso, é vencedor, já está bem sucedido. Não precisa dessa pressão mas quis continuar. Poderia ter saído e nesse jogo ele quis continuar, quis confiar na gente e a gente vai fazer de tudo para retribuir. Ele passou confiança para a gente, resgatou jogadores que estavam desacreditados, então com certeza a gente vai fazer de tudo para conseguir as vitórias nos próximos jogos. A gente vai jogar pela gente e por ele.”

São seis pontos de distância para o Avaí, uma conta que precisa começar a ser diminuída já na 25ª rodada, quando o Coritiba recebe o lanterna Boa Esporte em casa. “A gente fala que não é bom fazer (contas), mas sempre faz, não adianta. Tem que ir jogo a jogo, mas não tem como não pensar. Mas a gente está confiante. O pensamento agora é procurar reerguer, voltar a confiança no time e na torcida. O Wilson falou agora nesse último jogo: ‘nosso jogo do acesso é agora, contra o Boa’”, contou.

Nessa linha, transformar as críticas da torcida em apoio é a tarefa mais imediata. “A gente não tem que passar recado pra ninguém. Tem que mostrar jogo a jogo. O momento é de desconfiança: todo mundo não acredita na gente. A gente tem a confiança dos familiares, que é muito importante. Mas é jogo a jogo a melhor maneira de trazer a confiança de todo mundo. Quanto menos falar, e mais fazer, é melhor.”