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Demissão de Deivid deixa Cruzeiro com má imagem na busca por novo técnico

Bruno Vicintin, vice-presidente de futebol do Cruzeiro - Washington Alves/Light Press/Cruzeiro
Bruno Vicintin, vice-presidente de futebol do Cruzeiro Imagem: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

10/05/2016 06h00

A demissão de Deivid após duas derrotas somente em 2016 ainda reflete no Cruzeiro. O clima de instabilidade criado por conta da saída do treinador é o principal motivo para as recusas das primeiras opções da agremiação. A cúpula já tentou Jorginho, Marcelo Oliveira, Reinaldo Rueda e Ricardo Gomes.

Em 18 partidas à frente da equipe, o ex-centroavante obteve um aproveitamento expressivo: 70,37% (11 vitórias, cinco empates e duas derrotas). Os números, porém, não sustentaram o seu emprego. Ele foi demitido da Toca da Raposa II após eliminações no Campeonato Mineiro e na Primeira Liga.

A saída do treinador com apenas dois tropeços arranhou a imagem da diretoria em relação aos técnicos que estão à disposição no mercado. A instabilidade do ex-comandante da equipe afasta quem poderia receber até salários maiores e um contrato de 18 meses, até o término do mandato de Gilvan de Pinho Tavares.

JORGINHO

Técnico Jorginho observa a vitória do Vasco sobre o Botafogo - Paulo Fernandes/Vasco - Paulo Fernandes/Vasco
Imagem: Paulo Fernandes/Vasco

A primeira opção do Cruzeiro foi Jorginho, atualmente no Vasco. Uma semana após optar pela saída de Deivid, a diretoria chegou a viajar ao Rio de Janeiro para conversar com o treinador e Zinho, seu auxiliar. A intenção era trazer a dupla para Belo Horizonte. Entretanto, após conversa com Eurico Miranda, o ex-lateral direito da seleção brasileira optou pela manutenção do trabalho em São Januário.

O comandante vascaíno receberia aproximadamente R$ 400 mil mensais para se mudar para a capital mineira – e o contrato se encerraria apenas em dezembro de 2017. Nem todo o dinheiro oferecido pela agremiação e o atrativo de disputar a Série A do Campeonato Brasileiro foram suficientes para seduzi-lo.

MARCELO OLIVEIRA

Marcelo Oliveira, em última entrevista coletiva no Cruzeiro - Washington Alves/Light Press/Cruzeiro - Washington Alves/Light Press/Cruzeiro
Imagem: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

Após receber a recusa de Jorginho, o Cruzeiro buscou a contratação de Marcelo Oliveira. Bicampeão brasileiro na Toca da Raposa II, o treinador está desempregado desde a saída do Palmeiras. No entanto, demorou a ser procurado pelo vice-presidente de futebol Bruno Vicintin, sobretudo devido à resistência do mandatário Gilvan de Pinho.

O retardamento acarretou em nova negativa. O técnico, segundo comunicado divulgado à imprensa na semana passada, já está apalavrado com um clube do exterior. Ele não informou o seu destino, mas disse que aceitaria uma oferta, caso fosse procurado anteriormente.

"Desde que o Deivid deixou o comando do time, eu já imaginava que meu nome poderia ser cogitado pela diretoria do clube para assumir novamente o cargo de técnico da equipe. Vi que alguns veículos realizaram enquetes para avaliar a opinião da torcida e que meu nome aparecia em todas, o que me deixa profundamente feliz. No entanto, passaram-se os dias e quando, de fato, o Cruzeiro entrou em contato comigo, eu já havia recebido uma sondagem de outro clube e assumido um compromisso verbal de que avaliaria as condições que me foram apresentadas", disse.

"Sendo assim, naquele momento, eu não mais estava disponível para abrir outra negociação. Por isso, eu não recusei a proposta do Cruzeiro; na verdade, não pude aceitar", acrescentou

REINALDO RUEDA

Reinaldo Rueda, técnico colombiano - AFP PHOTO / RODRIGO BUENDIA - AFP PHOTO / RODRIGO BUENDIA
Imagem: AFP PHOTO / RODRIGO BUENDIA

Após a recusa de um dos técnicos mais vitoriosos de sua história, o Cruzeiro apontou a mira para o colombiano Reinaldo Rueda. A situação com o técnico era mais clara. Só seria possível assumir o time brasileiro em caso de eliminação do Atlético Nacional, da Colômbia, nas oitavas de final da Copa Libertadores da América. Como a equipe de Medellín venceu o Huracán, da Argentina, e conseguiu se classificar para as quartas do torneio, o comandante descartou a possibilidade de se mudar para o Brasil.

RICARDO GOMES

O técnico Ricardo Gomes, do Botafogo - Vitor Silva/SSPress/Botafogo - Vitor Silva/SSPress/Botafogo
Imagem: Vitor Silva/SSPress/Botafogo

As três primeiras negativas fizeram com que as cúpulas voltassem a sonhar com Ricardo Gomes, que está no Botafogo desde julho do ano passado. A confiança era grande na Toca da Raposa II, sobretudo devido aos termos da proposta – salário de R$ 350 mil e contrato até dezembro de 2017. Todavia, isso não foi o suficiente para tirá-lo de General Severiano.

O treinador comunicou ao presidente Carlos Eduardo Pereira que permanecerá no Rio de Janeiro na noite desta segunda-feira (9), frustrando os planos do Cruzeiro de anunciá-lo nesta terça (10), após o jogo contra o Londrina, pela Copa do Brasil.

BRINCADEIRA DO ÍBIS
A situação (quatro negativas em duas semanas) é tão inusitada que até o Íbis Sport Clube fez uma brincadeira em seu perfil no Twitter: “Querido Cruzeiro, o nosso treinador não vai sair daqui, por favor, deixe-nos em paz e tente contratar outro”, escreveu.

Brincadeiras a parte, enquanto não encontra um comandante, o auxiliar técnico Geraldo Delamore tem a incumbência de comandar a equipe. Ele, inclusive, é quem estará na beira do gramado em mais uma partida da Copa do Brasil, às 21h30 (de Brasília) desta terça-feira.