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Europa, Cássio e parceiro como rival: Grohe abre o jogo antes de final

O goleiro Marcelo Grohe durante treino do Grêmio - LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA
O goleiro Marcelo Grohe durante treino do Grêmio Imagem: LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

04/11/2016 06h00

Se um jogador do elenco do Grêmio conhece o sentimento da torcida, este é Marcelo Grohe. Torcedor do Tricolor desde criança, formado no clube desde as escolinhas, o camisa 1 terá sua primeira final importante como titular, e quer aproveitar cada momento. Tentando conter o lado torcedor, o jogador falou à reportagem do UOL Esporte um dia depois do 0 a 0 com o Cruzeiro que garantiu a vaga na final. E não se escondeu de qualquer assunto. 

"É um momento legal e feliz, só agradeço a Deus pela chance de jogar minha primeira final nacional como titular. Já fiquei no banco na Libertadores de 2007, a Série B (de 2005) no banco, mas agora é jogando. Então agora quero poder desfrutar com responsabilidade, mas também curtir o momento com meus companheiros. Não é sempre que chegamos a uma final e estamos muito felizes até aqui por tudo que fizemos. Agora é focar na decisão para conquistar o título", disse o goleiro de 29 anos. 
 
Grohe sabe o que é torcer pelo Grêmio. Desde criança acompanha o time. Está no clube desde criança, fez toda a base e as escolinhas vestindo azul, branco e preto. Mas tenta conter a euforia no momento em que a conquista parece mais perto. 
 
"Eu estava em casa em 2001 (no último grande título do Grêmio, a Copa do Brasil), se não me engano as duas finais foram domingo, diferentemente do que é hoje. Mas tem que ter foco no lado profissional. Não posso deixar a emoção tomar conta da razão. Mas ao final do jogo, se Deus quiser formos campeões, vou comemorar em dobro", completou. 
 

Ex-colega de quarto, agora adversário: Victor

 
A final será contra o Atlético-MG e no gol um velho parceiro de Marcelo. Victor foi titular do Tricolor enquanto Grohe esperava sua chance. Dividia quarto com quem estará na meta rival nos dias 23 e 30, na decisão da Copa. 

Marcelo Grohe, Victor, Francisco Cersósimo, Busatto e Matheus, goleiros e preparador do Grêmio (11/01/2012) - Marinho Saldanha/UOL Esporte - Marinho Saldanha/UOL Esporte
Imagem: Marinho Saldanha/UOL Esporte

"Para mim é uma honra enfrentar o Victor. Dividimos quarto durante quatro anos. Aprendi muito com ele. Nos treinos e nos jogos, sempre conversávamos bastante. Tenho muito respeito por ele, é um grande amigo e um grande goleiro. Em campo cada um vai defender suas cores. Vamos enfrentar o Atlético-MG, um grande time, em um jogo decisivo e difícil. Temos que nos preparar bem fisicamente, tecnicamente, mentalmente, ter concentração e foco para chegar bem na final e conseguir o resultado", falou Marcelo, antes de revelar um bate-papo em tom de previsão ocorrido durante as quartas de final da competição. 
 
"Falei com ele (Victor) quando eles vieram jogar com o Juventude. Treinaram aqui no CT e foi antes do nosso jogo com o Palmeiras, eu estava fora por conta de uma lesão. Eu estava tratando e ele foi até ali. Conversamos e eu ainda brinquei com ele, disse: vamos nos encontrar na final. Deu certo. Chegamos juntos. E na época eram quartas de final. Eles passaram, nós passamos e ainda teve a semi. As duas equipes e vamos nos enfrentar", completou. 
 

Cobrança da torcida, possível volta de Cássio e Europa

Ao mesmo tempo que cresceu como atleta, chegou à seleção brasileira e se consolidou no mercado nacional vestindo as cores do Grêmio, Marcelo carrega também grande expectativa da torcida. Por isso sempre é alvo de cobranças. Durante um jogo, por exemplo, ouviu de um torcedor postado atrás da meta que defendia que deveria sair do gol. Não gostou e depois da partida pediu paciência publicamente. 
 
"Foi um jogo isolado, se não me engano contra o Cruzeiro. A bola estava quase na linha da grande área e ele disse, de trás do gol, que eu deveria ter saído. Naquele momento eu falei, mas não tem nada. A cobrança é grande por jogar no Grêmio, visto uma camisa que já vestiu grandes goleiros. Mas tenho uma relação muito boa com a torcida. Sempre entendi o torcedor e procuro sempre melhorar, mesmo. Não tenho qualquer vaidade quanto a isso. Procuro entender as críticas e melhorar. Não tenho qualquer dificuldade de saber que crescemos com as críticas. É assim. Tenho 29 anos e ainda muito a aprender. Infelizmente só aprendemos com erros. Então trabalharmos muito para não acontecer, mas acontecem", falou. 
 
Enquanto isso, a possibilidade da volta de Cássio, amigo pessoal de Grohe e com quem dividiu apartamento na juventude, volta a ser especulada no clube. A eventual concorrência não abala Marcelo, que também é repetidamente alvo de clubes de fora do país e tem vínculo em Porto Alegre até 2020. 
 
"Acho que esta questão cabe mais à direção e à comissão técnica. Faço meu trabalho, e quando o clube entender que é necessário outro goleiro ou achar que eu não estou correspondendo, faz parte do futebol. Enfim, não tenho nenhum problema em relação a isso. O Cássio, que você citou, é um grande goleiro e um amigo que eu tenho. Faço meu trabalho e esqueço essas coisas que não cabem a mim avaliar", opinou. 

Cássio posa com sua miniatura de massinha - Divulgação/Arte Massiais - Divulgação/Arte Massiais
Imagem: Divulgação/Arte Massiais

"Eu não perco o sono por causa disso (chance de jogar na Europa). Não sou nenhum menino para ficar me aventurando. Se um dia chegar algo bom para o clube e para mim, vou seguir minha vida. Enquanto isso, estou muito feliz no Grêmio. Estamos vivendo um momento muito legal no final do ano e deixamos tudo acontecer naturalmente. Não vou ficar me preocupando com isso. Sempre deixei tudo acontecer desta forma. Se eu ficar no Grêmio minha carreira inteira, serei realizado. Já disse isso e não é da boca para fora, é de coração. E se for para sair um dia, sairei de cabeça erguida", completou. 

Lesão pode gerar preservação?

Marcelo sofre com um problema que o acompanha desde o ano passado: a fascite plantar. As dores na sola do pé esquerdo o fizeram parar por duas semanas recentemente e já o tiraram de uma série de compromissos no ano passado. Até o início da decisão da Copa do Brasil serão três jogos do Brasileirão, mas ser preservado é algo que não está nos planos. 
 
"É uma situação que está controlada novamente. Me dói um pouco, dependendo da pisada e do movimento. Nada que possa me atrapalhar e me tirar de uma partida. É uma situação que está sob controle e estou me sentindo bem. Se puder jogar, quero jogar. Para o goleiro é sempre bom estar jogando. Perdi duas partidas agora e já fiquei maluco, querendo jogar. Se depender de mim, estou em campo sempre", finalizou com um sorriso no rosto que reflete a chance de erguer uma taça para seu clube do coração.