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Auditor colorado no STJD vira alvo de gremistas: "Não me conhecem"

Sérgio Leal Martínez (d) é auditor do STJD, julgou o Grêmio e virou alvo da torcida - Lauro Rocha - OAB/RS
Sérgio Leal Martínez (d) é auditor do STJD, julgou o Grêmio e virou alvo da torcida Imagem: Lauro Rocha - OAB/RS

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

16/11/2016 20h00

O Grêmio perdeu mando de campo para final da Copa do Brasil. Em julgamento realizado na tarde desta quinta-feira (16), a 4ª Comissão Disciplinar do STJD decidiu que o clube perdeu um jogo de mando de campo por conta da invasão de campo da filha de Renato Gaúcho, Carol Portaluppi, no duelo contra o Cruzeiro. E através das redes sociais a irritação em azul, branco e preto teve um destino: o presidente da Comissão, auditor Sérgio Leal Martinez, advogado de 75 anos e torcedor do Internacional.

Pouco depois da divulgação da pena, os torcedores do tricolor encontraram no perfil do advogado no Facebook uma foto compartilhada agradecendo a participação de D'Alessandro usando as cores do Inter (Confira abaixo). Foi o suficiente para gerar uma onda da desconfiança. 
 
Curiosamente, Martinez votou contra a perda de mando de campo, ou seja, em favor do clube. Ainda no Rio de Janeiro, ele atendeu a reportagem do UOL Esporte e comentou o ocorrido. Confira a entrevista na íntegra: 
 

Sergio Martinez, auditor do STJD em julgamento do Grêmio, tem postagens coloradas no Facebook - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

UOL: Como o senhor viu a decisão do Tribunal?
Sérgio Martinez: Por maior, a Comissão decidiu da forma que se noticia. Quer dizer que é uma decisão de um Tribunal competente e que decidiu desta forma. Certo ou errado, há possibilidade de recurso para instância superior revisar a decisão. Não posso dizer se é certo ou errado, porque para a Comissão foi a decisão certa. Frise-se que eu fui voto vencido, não acompanhei a maioria, eu queria pena pecuniária, pagamento de multa, porque entendi que não há a gravidade que a procuradoria e os demais auditores entenderam ter. Mas tenho que me render à maioria
 
UOL: Através das redes sociais, os torcedores gremistas estão reclamando muito do senhor ser torcedor do Internacional e ter participado do julgamento...
Sérgio Martinez: Eu vivo em Porto Alegre, sou advogado há quase 50 anos, todos sabem da minha predileção clubística. Não posso responder por isso. Mas eu nunca, e por 40 anos fui auditor do TJD da Federação Gaúcha de Futebol, e agora no STJD, coloquei o Internacional acima de uma decisão ou pretendi punir o Grêmio. Isso são pessoas que não me conhecem, não sabem quem eu sou. Não posso resolver seus problemas. Aliás, todos da Justiça Desportiva têm clube. Porque gostam de futebol. Não gostando, não iriam participar da vida do Tribunal. Não posso, num colegiado de cinco membros, fazer com que os demais votem como eu votei. 
 
UOL: O senhor pensou em se dizer impedido de participar do julgamento?
Sérgio Martinez: Não existe isso. O Grêmio poderia, se quisesse, levantar a suspeição. O Grêmio não fez isso. Nunca fez, aliás. Participei de milhares de julgamentos do Grêmio, nunca levantaram a suspeita. Sempre tive a mais alta cota com o departamento jurídico do Grêmio. Mas a torcida é a torcida, o que eu vou fazer? Presto um serviço para o futebol brasileiro gratuitamente. Saio do meu escritório para vir ao Rio de Janeiro uma vez a cada 15 dias, perco dinheiro ainda... É porque gosto. Não tem outro motivo. O que não me interessa é aparecer, é mídia. Não posso fazer nada. O que eu tinha que fazer no julgamento eu fiz. Não condenei o Grêmio porque não estava convicto da culpabilidade do clube. Agora, a condição de torcedor do Inter prejudicou o Grêmio? Não. 
 

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