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"Top 10 de Xerém", Toró revê Flu e aconselha nova geração: "Queimei etapas"

Cria do Fluminense e hoje no Goiás, Toró reencontra o seu ex-clube  - Divulgação/Goiás
Cria do Fluminense e hoje no Goiás, Toró reencontra o seu ex-clube Imagem: Divulgação/Goiás

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/04/2017 04h00

Aos 13 anos, o jovem Rafael Ferreira Francisco chegou ao futebol de salão do Fluminense. Nas Laranjeiras, a quantidade absurda de gols lhe rendeu o apelido de Toró.

Um ano depois, deixou os ginásios e foi integrado ao campo. Apesar da mudança de piso, a capacidade de armar e concluir jogadas continuaram impressionando os técnicos, que enxergavam no meia de 1,69m um dos maiores talentos surgidos no Fluminense em todos os tempos. Passados 18 anos, Toró reencontra o Tricolor, clube de onde saiu para atuar no rival Flamengo. Atualmente no Goiás, o artilheiro que virou volante deve iniciar no banco de reservas o jogo desta quinta, às 21h30, no Serra Dourada, pela Copa do Brasil.

Pelo lado tricolor, jovens como Douglas, Wendel, Léo e Pedro tentam encarnar a esperança que um dia já atendeu pelo nome de Toró. O jogador relembra da expectativa criada sobre si e aponta os caminhos para que carreiras promissoras se concretizem. Dos tempos de Laranjeiras até a sua saída para a Gávea, ele diz não guardar nenhum arrependimento de sua decisão. Mas ele reconhece que um fato incomoda.

“Fui muito muito feliz no Fluminense, mas houve uma situação contratual melhor e minha mudança deu certo. Queria ter feito carreira lá, mas o Flamengo apareceu no meu caminho, tinha aquilo da família toda ser rubro-negra.  A questão é que não saí tão pronto, então meus primeiros jogos no Flamengo foram um pior que o outro. Eu queimei etapas, o jovem tem de entender que tem todo um processo. Queria ter trabalhado mais com o Abel, meu único arrependimento foi o de não ter seguido meu trabalho com ele. Diria para esses jovens no Fluminense seguirem acreditando no Abelão. A gente bobeia em alguns momentos”, disse Toró.

O atual técnico tricolor foi o responsável pela promoção do jogador, que era apontado como o “novo Carlos Alberto”, ao time de cima. A convivência foi curta, e o jovem jogou apenas cinco vezes no profissional antes de seguir seu caminho. No Rubro-negro, sofreu pelo fato de ainda não ser um jogador com a formação mais completa, o que eliminou suas chances de disputar um lugar em sua posição de origem. A pedido de Ney Franco, jogou como volante e nunca mais mudou de lugar em campo.

André Medeiros trabalha nas divisões de base do Fluminense desde a época que o time de Toró, Arouca e Diego Souza assombrava os adversários. Até hoje, é responsável pela formação de talentos por lá. Neste tempo, trabalhou com nomes como Marcelo e Thiago Silva. Para ele, Toró está no “Top 10” de Xerém em todos os tempos.

“A expectativa sobre ele era muito grande, ainda mais sendo o fenômeno que era. O Fluminense tinha um projeto para ele, mas foi vantajoso financeiramente. Ele não virou o jogador que se imaginava, a mudança de posição fez com que ele deixasse de ser um camisa 10, mas ele está no 'Top 10' das revelações de Xerém. Houve uma quebra no processo, investir em um projeto é primordial", relatou Medeiros, hoje também responsável pelo projeto "Guerreirinhos", que integra alunos das escolinhas às divisões de base do clube.

GOIÁS X FLUMINENSE

Data e hora: 13/4/2017, às 21h30 (horário de Brasília)

Local: Serra Dourada, em Goiânia (GO)

Goiás: Marcelo Rangel, Hélder (Tony), Fábio Sanches, Everton Sena e Patrick; Victor Bolt, Pedro Bambu e Léo Sena; Aylon (Carlos Eduardo), Léo Gamalho e Tiago Luís. Técnico: Sílvio Criciúma.

Fluminense: Diego Cavalieri, Lucas, Renato Chaves, Henrique e Léo; Douglas, Orejuela e Sornoza; Richarlison, Henrique Dourado e Wellington. Técnico: Abel Braga.