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Malandragem e meta pessoal: Pedro Rocha diz o que mudou para evoluir

Pedro Rocha tem 11 gols na temporada e se tornou vital ao sistema ofensivo - Silvio Ávila/EFE
Pedro Rocha tem 11 gols na temporada e se tornou vital ao sistema ofensivo Imagem: Silvio Ávila/EFE

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

22/08/2017 04h00

Pedro Rocha não é só um talismã do Grêmio na Copa do Brasil. Ao longo do ano, o herói na final diante do Atlético-MG se tornou vital para o sistema ofensivo do time gaúcho. E depois de encostar nos números que conseguiu em todo ano de 2016 ele diz que a diferença é a experiência. Mais ‘malandro’, o camisa 32 é uma das armas do Tricolor.

A velocidade e o posicionamento dele ajudaram o Grêmio a se tornar mais letal no ataque. Ironia do destino. Até pouco tempo atrás, o jogador era criticado pelos gols perdidos. Agora, é ovacionado pela taxa de participação nas jogadas ofensivas.

Em entrevista ao UOL Esporte, Pedro Rocha conta que traçou uma meta simples na virada do ano: ter mais gols na comparação com a temporada anterior. O objetivo está muito perto de ser alcançado. Em 2016 foram 12 gols e falta apenas um para igualar a marca com sete meses de competição neste ano.

“O meu planejamento sempre é fazer mais gols do que no ano anterior. Me cobro bastante nesse sentido”, disse. “Sem dúvida esse é um dos melhores momentos da minha carreira”.

Pedro Rocha comemora gol do Grêmio contra o Godoy Cruz - Silvio Ávila/EFE - Silvio Ávila/EFE
Imagem: Silvio Ávila/EFE

A seca de gols no Campeonato Gaúcho e início da Libertadores foi compensada com assistências. Ao todo, Pedro Rocha acumula 11 passes para gol e é o maior garçom do elenco comandado por Renato Gaúcho. O elemento novo no cenário para explicar o status? Confiança e experiência.

“Quanto mais joga, mais se fica cascudo como a gente fala no futebol. Quanto mais joga, mais pega malandragem. Do ano passado para cá tenho aprendido muito. E confiança de um para com o outro. (Todo mundo) Sempre dando moral, apoio. O meu desempenho tem disso, do nosso coletivo forte”, comentou Pedro Rocha.

Pedro Rocha comemora gol do Grêmio contra o Atlético-PR, pela Copa do Brasil - Lucas Uebel/Grêmio - Lucas Uebel/Grêmio
Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

O que não estava exatamente nos planos era o nível de desempenho do time. Com uma vocação para atacar, o Grêmio se tornou aclamado por jogar um ‘futebol bonito’. A ideia era ser competitivo e o estilo se forjou no meio do caminho.

“A gente sabia que o ano ia ser cheio, com muita coisa importante. A gente projetava chegar vivo em todas as competições. A gente não imaginava que ia ser tão bonito o nosso jeito de jogar, mas estamos bem”, admitiu o camisa 32. “O Renato fala que jogar bonito não é o principal. Temos que ganhar, ter três pontos. Fazer futebol bonito, vistoso como todos falam, ajuda. Mas não adianta jogar bonito e não ganhar. Ele cobra a gente para seguir com humildade”, acrescentou.

Um dos diferenciais de Pedro Rocha para se afirmar no Grêmio, antes como opção e agora como titular, é a dedicação para analisar os adversários. O meia-atacante, que era centroavante nas categorias de base, consome informação produzida pelo clube no setor da análise de desempenho. Estatísticas, vídeos, relatórios. Tudo.

Pedro Rocha domina a bola em partida entre Grêmio e Novo Hamburgo - Lucas Uebel/Grêmio - Lucas Uebel/Grêmio
Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

“A gente tem um pessoal do clube, a análise de desempenho do Grêmio, eles passam os dados e eu procuro sempre ver o que eles mandam. Eu procuro ver vídeo de lateral, zagueiro, que cai no meu lado. Procuro anotar os pontos fortes e fracos”, contou.

Além de olhar os dados gerados pelo CDD (Centro Digital de Dados), Pedro Rocha tem outra hora na agenda para estudar. É quando frequenta o curso de educação física por meio de convênio do Grêmio com uma faculdade da região metropolitana de Porto Alegre. Atualmente o jogador faz duas disciplinas e estima que tenha cumprido 10% do curso de graduação.

“Eu faço duas disciplinas por conta dos jogos, concentrações, mas faço. É um sonho ter um curso superior”, revelou. “Escolhi educação física por ser ligado ao futebol. Depois que eu parar de jogar, não sei o que vou fazer, mas deve ser na área do futebol. Do esporte. E essa formação vai me ajudar”, completou.

Antes (bem antes) de parar, Pedro Rocha tem mais um jogo para ficar perto da meta pessoal atual. Na quarta-feira o Grêmio enfrenta o Cruzeiro, em Belo Horizonte, no segundo jogo da semifinal da Copa do Brasil. Um empate garante o Tricolor na decisão. E se tiver gol, o meia-atacante já sabe porque marcou: pela malandragem, estudo e objetivo que traçou.