Topo

Leonardos e valentes: garotos de Corinthians e Flamengo crescem e brilham

Léo Duarte e Léo Santos são rivais na semifinal da Copa do Brasil  - Montagem sobre fotos de Thiago Ribeiro/AGIF e Daniel Vorley/AGIF
Léo Duarte e Léo Santos são rivais na semifinal da Copa do Brasil Imagem: Montagem sobre fotos de Thiago Ribeiro/AGIF e Daniel Vorley/AGIF

Dassler Marques e Vinicius Castro

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro

25/09/2018 04h00

Ser zagueiro jovem não é tarefa simples, quem dirá nos dois clubes de maior torcida do Brasil. Leonardo Rodrigues dos Santos, corintiano, 19 anos, e Leonardo Campos Duarte da Silva, flamenguista, 22 anos, ultrapassaram esta barreira. Na semifinal da Copa do Brasil desta quarta-feira (26), a Arena Corinthians recebe os defensores que têm passado pela fronteira de promessa à realidade.

Xarás, eles foram dois dos principais zagueiros da Copa São Paulo de 2016. O Flamengo de Léo Duarte ficou com o título sobre o Corinthians de Léo Santos em pleno Pacaembu, em vitória nos pênaltis após reação a um placar adverso de 2 a 0. Naquele dia, com apenas 16 anos, o precoce Léo corintiano certamente lamentou estar suspenso e não jogar a decisão perdida. Dois anos depois, eles se reencontram em outra copa com caráter nacional, agora adulta.

De origem germânica, o nome Leonhard é formado pelos elementos levon, que significa "leão", e hardu, algo como "valente e corajoso". Virtudes aplicáveis aos jovens que tentarão levar suas equipes até a decisão da Copa do Brasil.

Léo Santos driblou falhas e ficou mais versátil para ganhar chance

Léo Santos  - Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians - Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians
Imagem: Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians

Dois anos mais jovem que Duarte, o Léo corintiano experimenta um sabor semelhante do colega em sua temporada mais importante nesse início de carreira. Promovido logo após a fatídica Copinha 2016, ele passou por um longo vestibular com Tite, Fábio Carille, Oswaldo e Cristóvão: foram quatro jogos oficiais, sendo só dois como titular, em duas temporadas e meia como profissional. Não o suficiente para desistir do que esperava alcançar.

"Eu tenho me sentido muito bem. Consegui a sequência que sempre esperei. Cada jogo é uma luta e tenho que mostrar a razão para me darem a oportunidade. Tenho que retribuir a confiança que o Jair, a comissão e os jogadores me dão. Vamos entrar no jogo para encarar de igual para igual, buscando a vitória com a força de nossa torcida", discursou Léo Santos no último domingo.

A promoção dele à equipe titular é algo que pode ser atribuído à breve passagem de Osmar Loss como treinador principal. Léo Santos foi promovido a reserva imediato com a venda de Balbuena para o West Ham e ganhou a condição de titular quando Pedro Henrique se lesionou. O fato de ser batido pelo palmeirense Deyverson e pelo paraguaio Barrios, do Colo-Colo, em dois gols determinantes em jogos grandes, não foram suficientes para mudar sua condição.

Titular de Jair Ventura nas quatro partidas em que comandou o Corinthians desde a chegada, Léo Santos é figura respeitada no clube não apenas pela condição física, estatura aliada a uma rapidez razoável e ótima técnica. A postura madura desde a chegada aos profissionais, e que chama a atenção de pessoas como o gerente de futebol Alessandro Nunes, também contribuem para ser tão bem avaliado e ter sido trabalhado ao longo de tanto tempo. Quando o contrato com o clube se encaminhava para o final e o agente Mino Raiola apontava para uma saída sem custos, Léo rompeu, mudou de empresário e assinou.

Antes da Copa do Mundo, o Corinthians discutia internamente a possibilidade de um empréstimo para Léo Santos, que precisava de rodagem e convivia com constantes solicitações de outros clubes. O Vitória, por exemplo, tentou levar o garoto em três momentos dessa temporada. Loss não apenas quis sua permanência, como abriu um leque maior ao fazer dele opção para volante e lateral direito. Nesta quarta, ele completará presença em 14 dos 20 jogos desde o Mundial. E tentará cumprir a missão de crescer como projetado.

Léo Duarte venceu ídolo, reforço caro e descrença para ser titular

Léo Duarte - Luciano Belford/AGIF - Luciano Belford/AGIF
Imagem: Luciano Belford/AGIF

Léo Duarte começou 2018 absolutamente distante da titularidade no Flamengo após dois anos no banco e com poucos minutos. O jovem, de 22 anos, era apenas a quarta opção do setor em um elenco que ainda conta com Réver, Rhodolfo, adquirdo por R$ 4 milhões, o ídolo Juan e ainda o também novato Thuler. Por coincidências do destino, ele assumiu o posto no começo de maio e não mais perdeu a posição.

Naquele momento, os defensores mais velhos esbarraram nas lesões em sequência e ficaram afastados por alguns jogos. Léo Duarte entrou no time e deu conta do recado. A cobrança da torcida por um jogador veloz na defesa era constante, pois estava nítida a desvantagem da zaga nas disputas contra os atacantes mais rápidos. E foi justamente neste aspecto que o camisa 43 se destacou.

Ao ganhar a maioria dos combates contra os adversários e mostrar presença nas jogadas em velocidade, o natural de Mococa, pequena cidade que fica a 3h30 da capital paulista, caiu como uma luva no time de Maurício Barbieri.

A partir daquele momento, Léo Duarte não deu brecha para os possíveis retornos de Rhodolfo e Juan. Ele se transformou em titular incontestável ao lado do capitão Réver. Com 53 jogos vestindo vermelho e preto e um gol marcado, o zagueiro chega prestigiado ao "jogo do ano" no Flamengo.

Ele comemora com frequência a evolução, mas com a maturidade que a bola ensinou, sabe que um erro é capaz de colocar tudo a perder. Vale lembrar que recentemente o clube renovou o contrato do zagueiro até dezembro de 2022.

"É o meu melhor ano desde que subi ao profissional. A pressão existe no Flamengo, mas acho que os jogadores jovens são o futuro do clube. A torcida apoia bastante quem veio da base também. Existe uma adaptação complicada ao profissional, mas creio que as coisas estão evoluindo. No momento, Réver e eu jogamos. Sabemos que o trabalho precisa ser feito para evitar o mínimo de erro. No futebol, uma bola às vezes é o suficiente", comentou.