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Faixa de campeão custa R$ 10 antes de final. Depois, vale até 10 vezes mais

Luiza Oliveira/UOL
Imagem: Luiza Oliveira/UOL

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

17/10/2018 20h17

O Corinthians busca seu quarto título da Copa do Brasil contra o Cruzeiro, e já é possível adquirir a faixa de campeão do time alvinegro antes mesmo do apito inicial. Mas o vendedor responsável pelo item avisa que o preço pode subir até 10 vezes se a equipe conquistar a taça nesta quarta-feira (17).

"Olha a faixa, olha a faixa! Na saída é mais caro, hein", gritou o vendedor Luciano Gonçalves da Silva nas proximidades do metrô Artur Alvim. "Estou avisando para depois não chorar", completou, segurando com firmeza as 100 faixas que levava nas mãos.

As peças são confeccionadas manualmente e, de um lado, levam a inscrição "S. C. Corinthians, tetracampeão da Copa do Brasil 2018"; ao virá-la, há uma foto dos jogadores. Como ele diz ter outras três mil faixas no carro, o ritmo das vendas não é uma preocupação. 

"A expectativa é vender bastante, porque esse título é importante. [O Corinthians] Não está disputando o Brasileiro, e está apostando tudo aqui. Vai dar tudo em campo, é o jogo do ano. Até o presidente vai jogar", brincou.

O vendedor é corintiano e conta que faz aniversário no dia 4 de julho, data em que o Corinthians foi campeão da Libertadores em 2012. No entanto, Luciano tem boas recordações do rival Palmeiras.

"Torcedor, independentemente do time, é coração. No título do Palmeiras [Luciano especifica o Brasileiro de 2016], estava todo mundo pedindo faixa e tinha acabado. Achamos 10 no carro e vendemos a até 100 reais", comentou.

Ele também tem 300 faixas de campeão dedicadas ao Cruzeiro, que venceu a partida de ida, no Mineirão, por 1 a 0. O Corinthians precisa reverter o resultado em casa para sair com o título.

Ambulantes sobre apuros na final: "Polícia bate e oprime"

A final reúne expectativa de torcedores de Corinthians e Cruzeiro, mas deixa os ambulantes sempre atentos a qualquer sinal de problemas. "Eles querem que a gente pare de trabalhar para roubar e ser preso", disse um vendedor ao UOL.

As barraquinhas são projetadas para facilitar uma fuga, já que rapidamente podem ser transformadas em sacolas, e costumam ser posicionadas pelos vendedores no meio das calçadas. Ao menor sinal de policiais, eles correm para a avenida mais próxima e se misturam.

Márcio Roberto tenta vender capas de chuva por 5 reais - se chover na região, o preço sobe -, mas já teve quase 300 reais em mercadoria apreendidos pelas autoridades no passado. "Eles não deixam a gente trabalhar", lamentou.

"Todo mundo aqui é pai de família. Eu tenho dois filhos para criar e ainda tem um no forno. Acabaram de pegar minha mercadoria toda, só sobraram duas capas. E eles batem, oprimem, botam medo. Batem com cassetete, se bobear até com coronhada"

O churrasquinho de pernil de Alexandre Cesar custa R$ 5 para os torcedores, mas pode sair caro para ele próprio. "É um olho no peixe e outro no gato. O policial chega, e na hora que chega tem de correr. Manda pegar nós (sic)", contou.

"Tem de ficar ligeiro. Daqui a pouco, o pessoal está roubando porque não nos deixam trabalhar honestamente", lamentou Reginaldo, que vende cocada nos arredores da Arena Corinthians nesta noite de decisão.

A GCM (Guarda Civil Metropolitana) trabalha para autuar ambulantes e apreender mercadoria. Cerca de 10 viaturas e 37 homens estão presentes na região da partida entre Corinthians e Cruzeiro, número considerado normal para o tipo de evento.

A informação é de que 1.000 latas de diferentes bebidas são apreendidas normalmente. "Hoje está mais difícil a fiscalização porque eles usam maneiras mais sorrateiras, usam sacolas para esconder a mercadoria", comentou Everson, inspetor da GCM (leia mais sobre as sacolas acima).