Erro no cartório e gols viram marca do artilheiro Uochiton no futebol de várzea de SP

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

  • Milton M. Flores / UOL

    Jogador do Ajax (amarelo) tenta a finta em cima de adversário do Coroado (vermelho)

    Jogador do Ajax (amarelo) tenta a finta em cima de adversário do Coroado (vermelho)

Quando a Copa Kaiser começou, relatos de um atacante talentoso que estava chegando ao Ajax, da Vila Rica, pipocavam pelas rodinhas de amigos nos campos de terra de São Paulo. Quando a reportagem do UOL Esporte ouviu a conversa, logo se interessou. O nome do jogador em questão, porém, confundiu um pouco. "Washington?", foi a primeira pergunta. "Não parceiro, é Uochiton. Com U, sem o W".

  • Milton Flores/Copa Kaiser

    Uochiton arranca em um jogo da Copa Kaiser: mesmo sem jogar por dois meses, ele segue entre os principais artilheiros do torneio, com seis gols

Foi assim que o atacante se apresentou. Uochiton Baraúna, 29 anos, jogador profissional da várzea. É engraçado, mas é a mais pura verdade. "Eu vivo do futebol de várzea mesmo. Durante a semana eu me cuido. Nos fins de semana, ganho para jogar", conta o atleta que defende seis times a cada temporada. "Sem contar os convites para amistosos", completa.

E o nome? Bom, esse foi fruto de um erro no cartório de Cafarnaum, no interior da Bahia, na região do Morro do Chapéu. "Quando minha mãe foi me registrar, falou o nome para o escrivão. Era para ser Washington, mas minha mãe não sabia direito como escrever. O escrivão jurou que assim era o correto. E ficou Uochiton", diz. "Agora, eu já me acostumei".

Quem também se acostumou foram os torcedores. Ao nome inusitado e aos gols. Em 2010, quando jogava pelo Sedex (que hoje virou SDX por briga jurídica com os Correios), ele fez 16 gols e levou a equipe até a final – que o Sedex perdeu para o Pioneer, da Vila Guacuri. Na temporada seguinte, foram oito gols, em campanha que foi só até a quinta etapa.

Agora, com o Ajax, ele já balançou as redes seis vezes, incluindo um belo gol de falta no último domingo, na vitória sobre o Tricolor Tradefer, do Jardim Penha, por 2 a 1. E olha que o jogador ficou dois meses afastado dos campos. "Quando eu estava jogando a semifinal de Diadema, pelo Eldorado, eu dividi com o goleiro, o zagueiro caiu em cima e fraturei a clavícula. Voltei a jogar há pouco tempo", lembra o atacante.

O Ajax da Vila Rica, chamado de Corinthians da várzea, é o mesmo que conta com o volante Gilmar Fubá. Campeão mundial pelo Corinthians original, ele está disputando a Copa Kaiser pela primeira vez e, nas últimas partidas, vem sendo poupado pela diretoria.

Copa Kaiser de futebol amador
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