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São Paulo supera expulsão, resiste com técnica e empata na Argentina

Tricolor joga bem mesmo após ficar com um a menos e segura Rosario na Argentina - MARCELO MANERA/AFP
Tricolor joga bem mesmo após ficar com um a menos e segura Rosario na Argentina Imagem: MARCELO MANERA/AFP

Do UOL, em São Paulo (SP)

12/04/2018 23h25

Foi preciso suar, manter o foco durante 90 minutos, superar uma expulsão questionável e aguentar a pressão de um estádio lotado para que o São Paulo saísse com um empate por 0 a 0 contra o Rosario Central na noite desta quinta-feira. A estreia na Copa Sul-Americana teve todos os elementos que ajudam a criar a mística dos torneios do continente e o Tricolor se mostrou valente e organizado no Gigante de Arroyito.

Assista aos melhores momentos da partida.

O técnico Diego Aguirre estreou seu esquema com três zagueiros, mas não teve paz. Precisou trocar Reinaldo por Lucas Fernandes ainda na primeira etapa por lesão do lateral. Liziero passou para a esquerda e Lucas Fernandes entrou. Depois, veio a expulsão de Rodrigo Caio, em lance com Marco Rubén, que revoltou os paulistas. 

No segundo tempo, mesmo com um jogador a menos, o São Paulo foi o time que melhor jogou futebol. A trave parou Nenê para assustar os argentinos, que revidavam em cruzamentos afobados para a área - incluindo um gol anulado por falta em Sidão. No fim das contas, e de tanta tensão em Rosário, o Tricolor segurou o empate e agora joga por qualquer vitória no Morumbi, em 9 de maio, para avançar para a segunda fase. Novo empate sem gols levará a decisão para os pênaltis, enquanto empates com gols classificam os argentinos.

Os melhores

A jornada do São Paulo na Argentina foi bastante regular. Não houve, além da breve atuação de Reinaldo e da expulsão de Rodrigo, quem estivesse em noite ruim. Mas os símbolos de uma partida segura foram Arboleda, sério, concentrado e impecável na marcação, e Nenê, responsável por manter a posse no ataque e ainda levar perigo ao goleiro Ledesma. Liziero e Militão foram outros destaques.

Os piores

O volante Louvera poderia ser a arma que faltava ao Rosario para colocar a bola no chão e se aproveitar de um São Paulo com dez jogadores em campo. O problema é que a atuação do argentino foi desastrosa. Passes errados, omissão e marcação ruim no duelo com Nenê. Pelo lado tricolor, Reinaldo teve início de jogo ruim e ainda saiu machucado antes dos 20 minutos do primeiro tempo. 

Reclamação de pênalti

A noite de questionamos à arbitragem de Victor Hugo Carrillo começou com indignação do Rosario. Em cobrança de falta na área do São Paulo, a bola espirrou, quicou no gramado e subiu no braço esquerdo de Rodrigo Caio. Os argentinos reclamaram desesperadamente por pênalti, mas o árbitro ignorou e o próprio Rodrigo afastou o perigo.

Reinaldo sofre nova lesão

No dia 4 de março, Reinaldo fazia boa partida contra o Linense, inclusive marcando um golaço, quando sofreu pequeno estiramento no músculo adutor esquerdo. Foram quatro partidas de ausência do lateral-esquerdo, que voltou ao time e tinha nova sequência como titular. Até que, na partida desta quinta, mais uma vez Reinaldo sentiu incômodo na região da virilha e precisou ser substituído aos 18 minutos do primeiro tempo. Aguirre lançou Lucas Fernandes e deslocou Liziero para a ala, mantendo o esquema com 3-5-2.

Crescimento tricolor

Apesar da mudança, o São Paulo não se perdeu em campo. O que se viu, na verdade, foi uma ascensão dos paulistas no Gigante de Arroyito: cada vez mais posse de bola, mais jogadores no ataque e mais dificuldades para o Rosario marcar. Na melhor das descidas ofensivas, Régis e Militão tabelaram, até Nenê entrar na área pela direita e bater para boa defesa de Ledesma. 

Expulsão polêmica

O problema é que esse crescimento do Tricolor foi interrompido por um lance que fez a arbitragem voltar ao centro das atenções. Rodrigo Caio subiu na intermediária defensiva para disputar com Marco Rubén e o argentino caiu com ferimento no rosto. Carrillo marcou falta e, ao ver o sangramento do centroavante do Rosario, decidiu expulsar Rodrigo. Os são-paulinos se revoltaram e o preparador físico de Aguirre, Fernando Piñatares, também foi expulso pelo árbitro.

Tensão no segundo tempo

A volta do intervalo mostrou que o clima da etapa final seria difícil de administrar para a arbitragem. Victor Hugo Carrillo entrou em campo escoltado por Aguirre e Petros, reclamando de forma acintosa. Com a bola rolando, os são-paulinos tentavam valorizar cada falta para amarelar os rivais argentinos, que por sua vez se irritavam e discutiam com o árbitro. Empurrões e xingamentos se tornaram frequentes e o Tricolor pareceu entender melhor a mudança de clima. 

Técnica prevalece

O Rosario tentava se aproveitar da expulsão de Rodrigo Caio, mas sem nenhum capricho com a bola. As investidas argentinas se resumiam em avanços pelas laterais e cruzamentos desesperados. Assim, Arboleda e Militão se consagravam. E o São Paulo, que podia se intimidar, passou a sair com qualidade para contra-atacar. Nenê chamou a responsabilidade, Liziero e Régis levavam vantagem pelos lados e o placar só não foi aberto porque Ledesma espalmou e contou com a trave para evitar golaço de Nenê.

Susto e mais bronca com o juiz

Aos 27 minutos, a torcida do Rosario Central comemorou gol de seu capitão Marco Rubén. Mas rapidamente o árbitro apontou falta de Zampedri em Sidão, que subia para agarrar cruzamento quando foi empurrado. Os argentinos ameaçaram uma reclamação mais forte, mas logo se contiveram. E Rubén, no minuto seguinte, foi substituído por Herrera - sim, aquele, com passagens por Grêmio, Corinthians e Botafogo.

Gritos racistas

Os torcedores do São Paulo que compareceram ao Gigante de Arroyito ficaram atrás do gol que foi defendido por Sidão no primeiro tempo. E durante o intervalo começaram a ouvir gritos racistas dos argentinos que estavam em setor acima. "Banana" e "macaco" foram algumas das palavras proferidas, como registrou o SporTV.

Mais um vermelho

A pressão tricolor por mais rigor do árbitro com os argentinos acabou surtindo efeito nos minutos finais. Carrizo, que já tinha cartão amarelo por falta em Petros, parou Militão com falta dura após drible da vaca e foi punido de novo, resultando em expulsão. O jogador reclamou muito com o quarto árbitro e saiu desolado de campo. No lance seguinte, Pereyra quase marcou para o Rosario em chute de fora da área.

FICHA TÉCNICA:
ROSARIO CENTRAL 0X0 SÃO PAULO

Local: Gigante de Arroyito, em Rosário, na Argentina
Data/Hora: 12 de abril de 2018, às 21h30
Árbitro: Victor Hugo Carrillo (Peru)
Assistentes: Michael Orué e Stephen Atoche
Cartões amarelos: Carrizo, González, Marco Rubén, Parot e Zampedri (ROS); Régis (SAO)
Cartões vermelhos: Carrizo (ROS); Rodrigo Caio (SAO)

ROSARIO CENTRAL: Ledesma, Gómez, Tobio, Cabezas e Parot; Lovera (Pereyra), González, López, Pissano e Carrizo; Zampedri e Ruben (Herrera). Técnico: Leonardo Fernández.

SÃO PAULO: Sidão, Arboleda, Militão e Rodrigo Caio; Régis (Bruno Alves), Petros, Jucilei, Liziero e Reinaldo (Lucas Fernandes); Nenê e Tréllez (Valdivia). Técnico: Diego Aguirre.