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Com time misto, Vasco recebe time dirigido por "Alex Ferguson da serra"

Gérson Andreotti está no sexto ano comandando o Friburguense, adversário do Vasco  - Divulgação / Site da Ferj
Gérson Andreotti está no sexto ano comandando o Friburguense, adversário do Vasco Imagem: Divulgação / Site da Ferj

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

25/02/2016 06h00

O futebol brasileiro tem um histórico de pouca paciência com seus treinadores. E é na Região Serrana do Rio de Janeiro que se encontra um dos raros exemplos de continuidade de um trabalho. Com 62 anos, Gérson Andreotti comanda pelo sexto ano consecutivo o Friburguense, equipe que visita o Vasco nesta quinta-feira, às 19h, em São Januário, pelo Campeonato Carioca.

Ex-volante de Fluminense, América (RJ) e Atlético-PR, o treinador iniciou sua trajetória como técnico no Frizão em 2011. Em 2013, disputou o Estadual e, no segundo semestre, deu uma breve saída para o Macaé somente para a disputa do Brasileiro da Série D, retornando ao clube da serra ao término da competição no mesmo ano.

Experiente, ele ressalta que em outras equipes também teve um trabalho a longo prazo:

" Eu tive essa felicidade. No Brasiliense fiquei de 2001 a 2003 e de 2007 a 2008. No Paulista de Jundiaí, trabalhei por três anos e agora estou batendo todos os meus recordes (risos). Fico muito feliz. É importante a continuidade do treinador”, destaca.

Embora tenha ciência da longevidade de seu trabalho à frente do Friburguense, Andreotti nunca parou para fazer um levantamento em comparação aos demais treinadores que permaneceram por muito tempo em um clube.

O recorde no Brasil, ao que parece, jamais será batido. Pertence a Amadeu Teixeira, que dirigiu o América (AM) de 1955 a 2008, somando incríveis 53 anos no comando da equipe amazonense.

No futebol do exterior, o caso recente mais conhecido é de Alex Ferguson, que treinou o Manchester United (ING) por 26 anos (de 1986 até 2013). Comparado ao escocês, Gérson acha graça:

“(Risos)...É verdade, ele ficou bastante tempo à frente do Manchester”.

Na opinião de Andreotti, mais que a questão financeira, o importante é que se coloque confiança no trabalho do treinador de futebol.

“Até aparecem clubes para eu ir, o próprio Macaé queria que eu continuasse, mas essa troca de energia, de confiança, tanto da diretoria quanto dos jogadores, fazem eu ficar. Independente de valor. Quando se cria uma identidade boa, não tem porque sair só pelo financeiro. O que vale a pena é o trabalho. É dar continuidade”, avaliou.

Com boa campanha no Campeonato Carioca, o Friburguense tem a chance de entrar na zona de classificação do Grupo B caso vença o Vasco nesta quinta-feira. E o treinador ressalta que uma boa colocação na competição pode garantir um segundo semestre para o clube.

“Este jogo coloca para nós uma situação que, a gente ganhando, teremos dois jogos em casa. Tendo a felicidade de fazer o resultado, nós daremos um passo muito grande para a classificação. Podemos buscar uma vaga para a Série D ou para a Copa do Brasil. Mas sabemos que será uma tarefa muito difícil”, ressalta.

Já classificado para a segunda fase e com 100% de aproveitamento, o Vasco entrará em campo com uma equipe mista. Sem Nenê, suspenso, o técnico Jorginho poupará seus principais jogadores e deverá dar oportunidade para jovens oriundos da base e atletas que vem compondo o banco de reservas frequentemente.

Frizão tem jogador de 44 anos que está há 20 no clube
E engana-se quem pensa que o histórico de manutenção do Friburguense está somente em seu treinador. Na equipe há casos de longevidade ainda maior, como o zagueiro Cadão, de 44 anos, que está há 20 no clube. Três anos mais novo, o lateral direito Sérgio Gomes está há 17, e o atacante Ziquinha, de 35, vai para o 18º Estadual pelo Frizão.

“Dei a boa sorte de encontrar um diretor de futebol que pensa em continuidade, identidade, como o José Siqueira. Além de mim, tem o Cadão, o Sérgio Gomes... Ele consegue, no pensamento dele, ter um grupo identificado com o clube. Eu também adoro isso porque penso que o futebol é assim, não estar trocando nem de jogador e nem de treinador. Nosso tempo áureo no futebol era quando se mantinham os jogadores. Você sabia as escalações e hoje você não sabe”, disse.

VASCO X FRIBURGUENSE
Local: São Januário, Rio de Janeiro (RJ)
Hora: 19h (horário de Brasília)
Árbitro: Leandro Newley Ferreira
Auxiliares: Daniel de Oliveira Alves e Thiago Rosa de Oliveira

Vasco
Martín Silva, Madson, Luan, Rodrigo e Henrique; Andrey, Bruno Gallo, Pikachu, Mateus Pet e Eder Luis; Thalles
Técnico: Jorginho

Friburguense
Afonso, Ronaldo, Bruno Leal, Diego Guerra e Flavinho; Pierre, Vitinho, Gleison e Jorge Luiz; Maycon e Rômulo
Técnico: Gérson Andreotti