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Sem medalhões, Flu tenta subverter lógica recente pelo título carioca

Promessas da base, Leo e Wendel treinam no Fluminense - Lucas Merçon/Fluminense F.C
Promessas da base, Leo e Wendel treinam no Fluminense Imagem: Lucas Merçon/Fluminense F.C

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

06/05/2017 04h00

Foram anos de fartura até que a Unimed tirasse o time de campo. Em 15 anos, a parceria rendeu dois Brasileiros, uma Copa do Brasil, três Cariocas e uma lista de astros que inclui nomes como Fred, Deco, Conca e Thiago Neves.

Passado o tempo de vacas gordas, o Fluminense caiu na real e encontrou dentro de casa a receita para seguir competitivo. Sem o mesmo poder de fogo de antes, a base foi a solução encontrada. É com fé nas crias de Xerém que o Tricolor tenta levantar uma taça e subverter a lógica dos últimos anos. Apesar de ter conquistado a Primeira Liga em 2016, o elenco tricolor ainda tinha jogadores do quilate de Fred, Diego Souza e Cícero.

“O Fluminense passou anos de sua história com uma grande patrocinadora que ajudou com ídolos e conquistas, mas essa não era a nossa realidade. Hoje, com a disparidade de cotas de TV, seguimos um caminho diferente. O jogador jovem sabe que precisa vencer para crescer, não vamos contratar ninguém para compor elenco”, disse Marcelo Teixeira, gerente geral de futebol tricolor.

Dentro desta filosofia, o espaço foi facilitado para que Scarpa, Wendel, Douglas e Léo conseguissem se firmar entre os titulares. Para que a filosofia fosse levada às últimas consequências, o comando do futebol foi entregue a Abel Braga e Alexandre Torres, ambos identificados com o clube das Laranjeiras.

Durante o tempo em que a patrocinadora teve voz ativa dentro do futebol, o espaço aos jovens de Xerém foi sempre dificultada por contratações de “fechar aeroporto”, algo que dificilmente vai acontecer neste ano. Ao contrário, o mais possível é que o Flu tenha de se desfazer de alguém para equilibrar as finanças, e Richarlison surge como a bola da vez para seguir para um clube europeu ainda em 2017.

“O cenário ideal seria termos esse trabalho de hoje com a condição de ter contratado jogadores que o clube tinha com a parceira, mas não se pensou nisso lá atrás. Essa filosofia começou mais ou menos quando a Unimed estava saindo do clube. Começamos a desenvolver atletas para quando não pudéssemos mais contratar grandes estrelas. Mas teria sido fantástico”, analisou Teixeira.

Na ponta da formação de atletas, Teixeira conta com um xará no trabalho de desenvolvimento das promessas. Funcionário tricolor desde 2004, Marcelo Veiga, coordenador técnico das divisões de base do Fluminense, enxerga que há um processo em curso, e não mais apenas tentativas sem objetivo.

“Há uma linha de pensamento nos últimos cinco anos. Nesse período houve uma evolução gigante na base. Existiam pensamentos, mas soltos. Agora, as coisas estão sendo conectadas, começou a se pensar muito em como começar a competir estrategicamente no mercado”, completou Veiga.

Na véspera da grande decisão do Campeonato Carioca, o Fluminense faz a última atividade antes de encarar o rival Flamengo. A partir das 11h, o técnico Abel faz os ajustes finais em busca do título carioca e a consolidação de um novo tempo nas Laranjeiras.