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Gol, pênaltis e vestiário: gringos lideram recuperação e título do Botafogo

Gatito comemora com preparador após título do Botafogo - Botafogo FR/Divulgação - Botafogo FR/Divulgação
Imagem: Botafogo FR/Divulgação

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

09/04/2018 04h00

Tudo levava a crer que o domingo não seria de alegrias para o Botafogo. Mesmo com um jogador a mais, o time pressionava, mas o gol na final do Campeonato Carioca contra o Vasco não saía. Até que o argentino Carli, depois de muita briga e bate-rebate, chuta de bico e decreta o 1 a 0 que leva a decisão para os pênaltis. Aí o brilho foi de outro gringo: Gatito Fernández, paraguaio que defendeu duas cobranças e garantiu a taça.

A história dos minutos finais da final do Campeonato Carioca serve como retrato da campanha botafoguense no torneio – inclusive com os dois “atores estrangeiros” como protagonistas.

Tudo levava a crer que o Campeonato Carioca não seria de alegrias para o Botafogo. A campanha na Taça Guanabara foi sofrível. Com duas vitórias e três empates, a equipe ficou em segundo na fase de grupos, atrás do Boavista, até ser derrotada facilmente pelo Flamengo por 3 a 1 na semifinal – jogo que culminou na demissão de Felipe Conceição, já desgastado também pela vexatória eliminação diante da Aparecidense na Copa do Brasil.

A Taça Rio também foi aos trancos e barrancos. A classificação à semifinal só veio na última rodada, superando a Portuguesa no saldo. Na semi, vitória sobre o Vasco, mas na decisão derrota contundente por 3 a 0 para o Fluminense.

Diante da campanha pífia, o Botafogo chegou à semifinal do Estadual como azarão diante do Flamengo, que tinha a vantagem do empate. Mas venceu por 1 a 0 – e quem caiu desta vez foi o treinador rubro-negro, Paulo Cesar Carpegiani.

Jogadores do Botafogo comemoram gol de Carli contra o Vasco - Dhavid Normando/Futura Press/Estadão Conteúdo - Dhavid Normando/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Dhavid Normando/Futura Press/Estadão Conteúdo

A partida marcou também o retorno de Carli depois de nove jogos afastado do time titular. O jogador teve atuação segura no clássico e foi enaltecido pelos companheiros – não só pelo desempenho em campo, mas pela postura que teve depois que perdeu a vaga. Um dos líderes do vestiário, o argentino é muito respeitado principalmente pelos mais jovens.

Veio a final do Carioca e Carli, atuando improvisado como centroavante nos minutos finais, já no desespero, faz o chorado gol de bico que leva a decisão para as penalidades. "A gente merecia muito, queríamos muito. Representa uma coisa muito boa, esse grupo é muito fechado", celebrou o zagueiro, bastante emocionado. “Sem dúvidas foi o gol mais importante da carreira, vinha sonhando com isso durante a semana. Eu sabia que nos pênaltis o Gatito iria corresponder".

Gatito, por sinal, o outro personagem da recuperação botafoguense. Mesmo diante da sombra do ídolo Jefferson, que teve boa atuação contra o Flamengo na semi, o paraguaio, a exemplo da Libertadores 2017, consagrou-se nas penalidades, defendendo as cobranças de Werley e Henrique – o Botafogo venceu por 4 a 3.

"Foi muito especial, queríamos muito. Ainda tive a felicidade de receber a ligação do meu pai no campo. Ele fica no Paraguai, mas sofre com a gente, a família. E sempre de longe. Trouxe minha mãe, mas ele estava longe. E me ligou ainda no campo. Esse grupo estava focado, merecia muito", comemorou o goleiro.

Gatito e Carli agora são uma das armas do Botafogo para mostrar que o título carioca não foi fato isolado na temporada. O time tem poucos dias para comemorar antes das estreias na Copa Sul-Americana, quinta-feira, diante do Audax Italiano no Chile, e no Brasileirão, na próxima segunda-feira (16), diante do Palmeiras, no Engenhão.