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Francês tenta vender clubes nos EUA para bombar 'A Liga dos Talentos'

Dirigente tenta convencer americanos a comprar clubes da liga em que jogam Neymar e Mbappé - Stephane Mahe/Reuters
Dirigente tenta convencer americanos a comprar clubes da liga em que jogam Neymar e Mbappé Imagem: Stephane Mahe/Reuters

Do UOL, em São Paulo

03/11/2018 04h00

O futebol francês está à venda. É assim que muitos analistas podem resumir as negociações envolvendo o campeonato nacional desde que Didier Quillot, de 59 anos, tornou-se chefe-executivo da liga. Com o objetivo de fazer a competição de Neymar, Mbappé, Cavani e cia se valorizar mundialmente, o empresário aposta alto no mercado norte-americano.

A primeira meta de Quillot é convencer grupos dos Estados Unidos a comprarem clubes franceses e investirem no futebol local. Seu exemplo é o norte-americano Frank McCourt, ex-proprietário do time de beisebol Los Angeles Dodgers e atual dono do Olympique de Marselha.

Para isso, segundo o “The New York Times”, Quillot viajou seis vezes aos Estados Unidos só neste ano para fazer reuniões com banqueiros, donos de franquias esportivas e grandes empresários. Ele leva consigo uma apresentação de 32 páginas mostrando números que tentam sustentar o potencial mercadológico do Francês.

O crescimento do público nos estádios e os valores gastos pelos clubes do país em contratações são os principais argumentos. O “rótulo” do campeonato também tenta ser atraente: “A Liga dos Talentos”.

Tal nome se justifica pela capacidade do futebol francês em revelar talentos para o futebol. Na atual edição da Liga dos Campeões, mais de 70 jogadores foram formados nas categorias de base do país. Na última Copa do Mundo, foram 52.

O Mundial da Rússia, inclusive, é um trunfo de Quillot em sua argumentação. O título da França colocou o país em destaque e comprovou seu potencial formador. O problema é que muitos jogadores vão embora ainda jovens para ligas com maior poder financeiro. Tanto é que, na final da Copa, o atacante Mbappé, do PSG, era o único titular da França que defendia um clube local.

Com mais dinheiro, resume Quillot, todos esses talentos podem ficar na França e turbinar a “Liga dos Talentos”. No mercado nacional, o executivo já conseguiu valorizar os direitos de transmissão, fechando acordo superior a 1 bilhão de euros (cerca de R$ 4 bilhões) anuais até 2024.

Mas fora da França as negociações estão mais complicadas. Ainda há receio sobre o Francês. Por isso, além do dinheiro, Quillot também quer a expertise dos norte-americanos no marketing esportivo para valorizar seu produto internacionalmente.

“Nossa tarefa número um é buscar investidores. A número dois é melhorar o valor dos direitos de transmissão fora da França”, contou ele ao “The New York Times”.

Mas os Estados Unidos não são o único alvo de Quillot. Atualmente, o único escritório fixo internacional do Francês está na China. Não à toa, a última Supercopa da França foi disputada em Shenzhen, atraindo mais de 40 mil pessoas para ver a goleada do PSG por 4 a 0 sobre o Monaco. O objetivo no mercado asiático está mais nos consumidores do que nos investidores, mas a máxima ainda pode ser usada: o Francês está à venda.